980 prisioneiros palestinos pela libertação de Guilad Schalit
Este foi o número divulgado hoje em Israel pelo Bagatz (Tribunal Superior de Justiça de Israel), diante das negociações pela libertação do soldado sequestrado há 3 anos pelo Hamas. Não entendi qual foi o sentido, a intenção, de divulgar este número publicamente. (Não se falou em nomes) Enfim... que saibam o que estão fazendo.
Boa semana a todos.
domingo, 29 de novembro de 2009
Nahum de Gamzu e a importância dos detalhes
Esta pesquisa está rendendo... mas é bem legal.
Aqui vai outra história do Talmud que lembra Rabi Nahum de Gamzu como mestre de seu aluno mais famoso (inclusive mais do que ele mesmo), Rabi Akiva.
A tradição talmúdica retrata Akiva como super detalhista. Ele levava em conta não só o conteúdo das palavras e ensinamentos, mas a forma de cada letra nos mínimos detalhes. Rabi Ishmael é seu contraponto, por assim dizer: buscava compreender o todo sem se ater aos detalhes. E vejam: um sabe que tem o que aprender com outro e, apesar de suas diferenças, caminham juntos. Mas vamos à história:
Conta-se que, enquanto caminhavam juntos, Rabi Ishmael perguntou a Rabi Akiva:
"Akiva, meu caro, você que desfrutou por 22 anos dos ensinamentos de Nahum, o Homem de Gam Zu, explique-me uma coisa: Nahum interpretava todo את (et) que há na Torá. Segundo ele, cada palavrinha destas, que aparentemente não acrescenta nada, na verdade sempre vem somar alguma coisa. Eu gostaria de saber: em et hashamaim veet haárets ("o céu e a terra”, Bereshit/Gênesis 1:1) como ele interpreta os et?"
Rabi Akiva respondeu: "Ishmael, é o seguinte: se estivesse escrito na Torá - Bereshit bará Elohim haShamaim veHaárets (No início criou Deus, o Céu; e [Deus], a Terra)’ eu poderia pensar: 'Hashamaim (Céu) é o nome do Sagrado, Bendito Seja', assim como Haárets (Terra) também. Mas como está escrito Bereshit bará Elohim et hashamaim veet haárets, entende-se que estas são criações, ou seja, o céu é o céu mesmo e a terra é a terra mesmo. Por isso há aqui a necessidade das palavras et: para diferenciar o Criador de Suas criações.
(versão: Uri Lam, baseado no Talmud, Chaguigá 12a)
Esta pesquisa está rendendo... mas é bem legal.
Aqui vai outra história do Talmud que lembra Rabi Nahum de Gamzu como mestre de seu aluno mais famoso (inclusive mais do que ele mesmo), Rabi Akiva.
A tradição talmúdica retrata Akiva como super detalhista. Ele levava em conta não só o conteúdo das palavras e ensinamentos, mas a forma de cada letra nos mínimos detalhes. Rabi Ishmael é seu contraponto, por assim dizer: buscava compreender o todo sem se ater aos detalhes. E vejam: um sabe que tem o que aprender com outro e, apesar de suas diferenças, caminham juntos. Mas vamos à história:
Conta-se que, enquanto caminhavam juntos, Rabi Ishmael perguntou a Rabi Akiva:
"Akiva, meu caro, você que desfrutou por 22 anos dos ensinamentos de Nahum, o Homem de Gam Zu, explique-me uma coisa: Nahum interpretava todo את (et) que há na Torá. Segundo ele, cada palavrinha destas, que aparentemente não acrescenta nada, na verdade sempre vem somar alguma coisa. Eu gostaria de saber: em et hashamaim veet haárets ("o céu e a terra”, Bereshit/Gênesis 1:1) como ele interpreta os et?"
Rabi Akiva respondeu: "Ishmael, é o seguinte: se estivesse escrito na Torá - Bereshit bará Elohim haShamaim veHaárets (No início criou Deus, o Céu; e [Deus], a Terra)’ eu poderia pensar: 'Hashamaim (Céu) é o nome do Sagrado, Bendito Seja', assim como Haárets (Terra) também. Mas como está escrito Bereshit bará Elohim et hashamaim veet haárets, entende-se que estas são criações, ou seja, o céu é o céu mesmo e a terra é a terra mesmo. Por isso há aqui a necessidade das palavras et: para diferenciar o Criador de Suas criações.
(versão: Uri Lam, baseado no Talmud, Chaguigá 12a)
No Kotel, páginas do sidur com Oração pela Paz do Estado de Israel são arrancadas
Há diversos sidurim à disposição dos visitantes e daqueles que vêm rezar junto ao Kotel. Bom, diversos não, só os de orientação ortodoxa. Bem, também nem tanto: só os de orientação ortodoxa não-sionista.
Diversos sidurim conhecidos como Rinat Israel (no Brasil é talvez o mais conhecido: é o Sidur Completo, Ed. Sefer) que contêm orações criadas após a independência de Israel em 1948, tiveram as páginas relativas a estas orações arrancadas do livro de rezas. Não se sabe exatamente quem as arrancou, mas a comunidade haredi (ultraortodoxa) não vê o Rinat Israel com bons olhos, por ser "um sidur sionista".
Senhores haredim, onde fica o Kotel? Quem o libertou para que se possa rezar lá? Quem protege seus frequentadores?
O "rabino do Kotel" Shmuel Rabinowitz condenou este ato de violência. Pena não tê-lo prevenido com o auxílio dos "guardiões da modéstia", porque é muita falta de vergonha arrancar páginas de um sidur, ou não?
Há diversos sidurim à disposição dos visitantes e daqueles que vêm rezar junto ao Kotel. Bom, diversos não, só os de orientação ortodoxa. Bem, também nem tanto: só os de orientação ortodoxa não-sionista.
Diversos sidurim conhecidos como Rinat Israel (no Brasil é talvez o mais conhecido: é o Sidur Completo, Ed. Sefer) que contêm orações criadas após a independência de Israel em 1948, tiveram as páginas relativas a estas orações arrancadas do livro de rezas. Não se sabe exatamente quem as arrancou, mas a comunidade haredi (ultraortodoxa) não vê o Rinat Israel com bons olhos, por ser "um sidur sionista".
Senhores haredim, onde fica o Kotel? Quem o libertou para que se possa rezar lá? Quem protege seus frequentadores?
O "rabino do Kotel" Shmuel Rabinowitz condenou este ato de violência. Pena não tê-lo prevenido com o auxílio dos "guardiões da modéstia", porque é muita falta de vergonha arrancar páginas de um sidur, ou não?
Eliahu Hanavi e a Tefilá
Rabi Iossi contou: “Certa vez eu estava caminhando pela estrada e entrei em uma das ruínas de Jerusalém para rezar. Veio Eliahu zachur latov (o profeta Elias, lembrado para o bem), protegeu-me à entrada e me esperou até eu terminar a minha tefilá. Assim que terminei a reza ele me cumprimentou: “Seja bem vindo, Rabi (meu mestre)!”
“Sou muito grato e desejo o mesmo, Rabi e Mori (meu mestre e orientador)!”
“Para que você entrou nesta ruína?”
“Para rezar”, respondi.
“Você poderia ter rezado no caminho.”
“Mas no caminho eu seria interrompido pelos demais viajantes.”
“Você poderia ter feito uma reza mais curta.”
Na mesma hora aprendi dele três coisas:
1) aprendi que não se entra em um ruína (para rezar);
2) aprendi que pode se rezar durante a viagem; e
3) aprendi que durante a viagem posso rezar uma tefilá mais curta.
(Talmud Bavli, Tratado Brachot 3a - trad.: Uri Lam)
Rabi Iossi contou: “Certa vez eu estava caminhando pela estrada e entrei em uma das ruínas de Jerusalém para rezar. Veio Eliahu zachur latov (o profeta Elias, lembrado para o bem), protegeu-me à entrada e me esperou até eu terminar a minha tefilá. Assim que terminei a reza ele me cumprimentou: “Seja bem vindo, Rabi (meu mestre)!”
“Sou muito grato e desejo o mesmo, Rabi e Mori (meu mestre e orientador)!”
“Para que você entrou nesta ruína?”
“Para rezar”, respondi.
“Você poderia ter rezado no caminho.”
“Mas no caminho eu seria interrompido pelos demais viajantes.”
“Você poderia ter feito uma reza mais curta.”
Na mesma hora aprendi dele três coisas:
1) aprendi que não se entra em um ruína (para rezar);
2) aprendi que pode se rezar durante a viagem; e
3) aprendi que durante a viagem posso rezar uma tefilá mais curta.
(Talmud Bavli, Tratado Brachot 3a - trad.: Uri Lam)
sábado, 28 de novembro de 2009
2 MIL PESSOAS NAS RUAS POR UMA JERUSALÉM LIVRE
Cerca de 2 mil pessoas - chilonim (judeus não praticantes ou não identificados com nenhuma linha religiosa), conservadores, reformistas, ortodoxos modernos, datiim leumim (ortodoxos sionistas), crianças, velhos, jovens, estudantes, trabalhadores, homens e mulheres - ou seja, um setor respeitável da população de Jerusalém marchou hoje à noite contra a coerção religiosa que parte da comunidade haredi (ultraortodoxa) busca impor em diversos setores e locais da vida da cidade, de regras cada vez mais restritivas para se ir rezar no Kotel (Muro das Lamentações) a protestos violentos durante o Shabat para impedir que empregados (judeus não-praticantes e não-judeus) mantenham a fábrica da Intel funcionando.
No final não pude ir, por uma daquelas dores de cabeça de enlouquecer. O mínimo então a fazer é divulgar e comemorar: Jerusalém acordou.
Os proprietários das lojas do centro que estavam na rota da passeata também participaram apoiando, aplaudindo e cantando canções de Chanuca, que disseram ser o exemplo de busca dos judeus pela liberdade de religião.
Um porta-voz do prefeito Nir Barkat disse que o prefeito não estava presente no evento, apesar de ser convidado, porque já tinha outro compromisso agendado. Barkat participava de um evento na Grande Sinagoga (muito próximo à Praça Paris, local de início da manifestação) que marcava o aniversário de um ano de sua gestão. Aliás, os jornais de fim de semana comentavam o fato de Barkat, ao buscar "governar para todos", vinha buscando agradar uns e outros - pelo jeito, não estou certo se está agradando ninguém, pelo menos no que tange aos conflitos de valores entre ultraortodoxos e o restante da população da cidade.
O protesto criticou o tratamento "soft" de manifestantes ultraortodoxos pela polícia na sequência de violentos tumultos que eles vêm causando na cidade, seja em relação aos estacionamentos próximos à Cidade Velha durante o Shabat, seja agora atacando a sede da conhecida empresa de alta tecnologia da Intel, chamando a polícia de nazistas e antisemitas, invadindo e quebrando vidros do edifício da empresa, e por aí vai.
A passeata também se solidarizou com uma jovem estudante de medicina presa na semana passada por vestir um talit e segurar um Sefer Torá perto do Kotel, durante as rezas do novo mês judaico juntamente com outras 40 ativistas do "Mulheres no Kotel".
Depois de dois posts sobre "Gam Zu Letová", só posso cumprimentar a todos os que participaram e apoiaram, por assumirem a responsabilidade pela cidade onde vivem. Lechaim, Ierushalaim!
Cerca de 2 mil pessoas - chilonim (judeus não praticantes ou não identificados com nenhuma linha religiosa), conservadores, reformistas, ortodoxos modernos, datiim leumim (ortodoxos sionistas), crianças, velhos, jovens, estudantes, trabalhadores, homens e mulheres - ou seja, um setor respeitável da população de Jerusalém marchou hoje à noite contra a coerção religiosa que parte da comunidade haredi (ultraortodoxa) busca impor em diversos setores e locais da vida da cidade, de regras cada vez mais restritivas para se ir rezar no Kotel (Muro das Lamentações) a protestos violentos durante o Shabat para impedir que empregados (judeus não-praticantes e não-judeus) mantenham a fábrica da Intel funcionando.
No final não pude ir, por uma daquelas dores de cabeça de enlouquecer. O mínimo então a fazer é divulgar e comemorar: Jerusalém acordou.
Os proprietários das lojas do centro que estavam na rota da passeata também participaram apoiando, aplaudindo e cantando canções de Chanuca, que disseram ser o exemplo de busca dos judeus pela liberdade de religião.
Um porta-voz do prefeito Nir Barkat disse que o prefeito não estava presente no evento, apesar de ser convidado, porque já tinha outro compromisso agendado. Barkat participava de um evento na Grande Sinagoga (muito próximo à Praça Paris, local de início da manifestação) que marcava o aniversário de um ano de sua gestão. Aliás, os jornais de fim de semana comentavam o fato de Barkat, ao buscar "governar para todos", vinha buscando agradar uns e outros - pelo jeito, não estou certo se está agradando ninguém, pelo menos no que tange aos conflitos de valores entre ultraortodoxos e o restante da população da cidade.
O protesto criticou o tratamento "soft" de manifestantes ultraortodoxos pela polícia na sequência de violentos tumultos que eles vêm causando na cidade, seja em relação aos estacionamentos próximos à Cidade Velha durante o Shabat, seja agora atacando a sede da conhecida empresa de alta tecnologia da Intel, chamando a polícia de nazistas e antisemitas, invadindo e quebrando vidros do edifício da empresa, e por aí vai.
A passeata também se solidarizou com uma jovem estudante de medicina presa na semana passada por vestir um talit e segurar um Sefer Torá perto do Kotel, durante as rezas do novo mês judaico juntamente com outras 40 ativistas do "Mulheres no Kotel".
Depois de dois posts sobre "Gam Zu Letová", só posso cumprimentar a todos os que participaram e apoiaram, por assumirem a responsabilidade pela cidade onde vivem. Lechaim, Ierushalaim!
Gam Zu Letová
É muito comum já lermos certas histórias com olhar preconcebido. Já sabemos a resposta, sem nem nos questionarmos. Por exemplo: ao escutarmos a expressão gam zu letová, "também isso é para o bem", podemos pensar: "Bom, Deus sabe o que faz"; "Quem sabe isso impediu que me acontecesse algo pior?"; "Eu tinha que passar por isso para saber como lidar em determinadas situações quando elas surgirem novamente; "tudo bem, vale como capará (expiação)."; e tantas outras.
Por um lado, Gam zu letová pode indicar uma posição de conformismo. Por outro, pode expressar um otimismo a prova de qualquer desgraça. Olhando desde um prisma psicológico, o extremo destas duas perspectivas pode apontar para um estado de depressão (ok, poderia ser pior, o que é que eu posso fazer...) ou para um estado de mania, um otimismo injustificado (está tudo bem, nada aconteceu! Vamos aguardar o final da história; se as coisas ainda não estão bem é porque ainda não chegamos ao final).
Eu sugiro uma terceira possibilidade, a partir da fala do próprio Nahum de Gamzu na história anterior (do postado abaixo): "É minha a responsabilidade pelo que acontece comigo.", para o que nos acontece de bom ou de mau. O relato abaixo pode dar mais alguma indicação disso. boa leitura e uma ótima semana!
O Homem de Gam Zu
Uri Lam (inspirado no Talmud, Taanit 21a)
Por que o rabino era conhecido como Nahum de Gamzu? Porque para tudo o que lhe acontecia ele dizia: “Gam zu letová, também isso é para o bem”. Por isso ficou conhecido como “O Homem de Gam Zu”.
Certa vez os judeus desejaram enviar um presente à corte do Imperador. “Quem vai?”, discutiram. Não demorou muito e a decisão estava tomada: “Vai o Nahum, o Homem de Gam Zu. Ele sabe como lidar com estas situações."
Pelo jeito aqueles judeus não haviam decidido enviar um presente ao imperador romano porque o amavam e respeitavam ou porque ele era bom com eles. É bem provável que fosse um modo de manter boas relações com o governo e assim tentar garantir um pouco de tranquilidade na vida diária, sem perseguições ou ataques vindos do nada. Mas eles sabiam também que qualquer erro poderia ser fatal, daí ser necessário pensar muito bem quem enviar para falar com o Imperador.
E lá foi Nahum, o Homem de Gam Zu, carregando uma bolsa cheia de pérolas e pedras preciosas como presente para o Imperador.
A viagem era longa, e à noite Nahum resolveu descansar. Parou em uma hospedaria na beira da estrada e ocupou um quarto. Durante a madrugada os donos do local se levantaram, pegaram a bolsa de Nahum, retiraram todas as pérolas e pedras preciosas e a encheram com entulho de terra e palha. No diante seguinte, ao se dar conta do que ocorrera, Nahum disse para si mesmo: “Gam zu letová.” Partiu e seguiu viagem.
Ao chegar ao palácio do Imperador, abriram a sua bolsa e só encontraram aquele monte de entulho. O Imperador ficou uma vara. Prestes a mandar matar, o César exclamou: “Estes judeus estão zombando de mim!”
E Nahum disse para si mesmo: “Gam zu letová!”
Foi então que Eliahu Hanavi (o profeta Elias, que nos contos rabínicos aparece diversas vezes para salvar a pele de judeus em apuros) disfarçado de conselheiro real, dirigiu-se ao Imperador e argumentou: “Meu senhor, talvez este seja o mesmo pó de Abrahão, o patriarca dos judeus. O senhor sabe, quando se via cercado de inimigos, Abrahão lançava este pó para o alto e ele se transformava em espadas, e quando jogava a palha para o alto, esta tomava a forma de setas, conforme está escrito: ‘Serão suas espadas como pó, e suas setas como a palha que o vento leva.’ (Isaías 41:2) O senhor certamente conhece a história daquela nação que ninguém conseguia conquistar? Pois é. Os judeus usaram este pó e a conquistaram.”
Convencidos do poder daquele entulho milagroso, os guardas do palácio foram até a sala do tesouro real, despejaram ali todo aquele pó e palha, encheram novamente a bolsa de Nahum com pérolas e pedras preciosas e o mandaram de volta para casa, coberto de honrarias.
Quando durante a viagem de volta Nahum se instalou novamente na mesma hospedaria, os proprietários perguntaram, surpresos: “O que você levou para o Imperador para receber tantas honrarias?”
Nahum respondeu: “O que levei daqui entreguei ali.”
Os funcionários então puseram a hospedaria abaixo, juntaram todo o entulho e levaram ao palácio real, imaginando quanta riqueza aquilo deveria valer. Ao chegarem, disseram ao Imperador: “O pó que os judeus trouxeram para cá é nosso.”
Na primeira batalha que houve o exército do Imperador testou o pó, mas ele não surtiu nenhum efeito. E os donos da hospedaria foram levados à morte.
É muito comum já lermos certas histórias com olhar preconcebido. Já sabemos a resposta, sem nem nos questionarmos. Por exemplo: ao escutarmos a expressão gam zu letová, "também isso é para o bem", podemos pensar: "Bom, Deus sabe o que faz"; "Quem sabe isso impediu que me acontecesse algo pior?"; "Eu tinha que passar por isso para saber como lidar em determinadas situações quando elas surgirem novamente; "tudo bem, vale como capará (expiação)."; e tantas outras.
Por um lado, Gam zu letová pode indicar uma posição de conformismo. Por outro, pode expressar um otimismo a prova de qualquer desgraça. Olhando desde um prisma psicológico, o extremo destas duas perspectivas pode apontar para um estado de depressão (ok, poderia ser pior, o que é que eu posso fazer...) ou para um estado de mania, um otimismo injustificado (está tudo bem, nada aconteceu! Vamos aguardar o final da história; se as coisas ainda não estão bem é porque ainda não chegamos ao final).
Eu sugiro uma terceira possibilidade, a partir da fala do próprio Nahum de Gamzu na história anterior (do postado abaixo): "É minha a responsabilidade pelo que acontece comigo.", para o que nos acontece de bom ou de mau. O relato abaixo pode dar mais alguma indicação disso. boa leitura e uma ótima semana!
O Homem de Gam Zu
Uri Lam (inspirado no Talmud, Taanit 21a)
Por que o rabino era conhecido como Nahum de Gamzu? Porque para tudo o que lhe acontecia ele dizia: “Gam zu letová, também isso é para o bem”. Por isso ficou conhecido como “O Homem de Gam Zu”.
Certa vez os judeus desejaram enviar um presente à corte do Imperador. “Quem vai?”, discutiram. Não demorou muito e a decisão estava tomada: “Vai o Nahum, o Homem de Gam Zu. Ele sabe como lidar com estas situações."
Pelo jeito aqueles judeus não haviam decidido enviar um presente ao imperador romano porque o amavam e respeitavam ou porque ele era bom com eles. É bem provável que fosse um modo de manter boas relações com o governo e assim tentar garantir um pouco de tranquilidade na vida diária, sem perseguições ou ataques vindos do nada. Mas eles sabiam também que qualquer erro poderia ser fatal, daí ser necessário pensar muito bem quem enviar para falar com o Imperador.
E lá foi Nahum, o Homem de Gam Zu, carregando uma bolsa cheia de pérolas e pedras preciosas como presente para o Imperador.
A viagem era longa, e à noite Nahum resolveu descansar. Parou em uma hospedaria na beira da estrada e ocupou um quarto. Durante a madrugada os donos do local se levantaram, pegaram a bolsa de Nahum, retiraram todas as pérolas e pedras preciosas e a encheram com entulho de terra e palha. No diante seguinte, ao se dar conta do que ocorrera, Nahum disse para si mesmo: “Gam zu letová.” Partiu e seguiu viagem.
Ao chegar ao palácio do Imperador, abriram a sua bolsa e só encontraram aquele monte de entulho. O Imperador ficou uma vara. Prestes a mandar matar, o César exclamou: “Estes judeus estão zombando de mim!”
E Nahum disse para si mesmo: “Gam zu letová!”
Foi então que Eliahu Hanavi (o profeta Elias, que nos contos rabínicos aparece diversas vezes para salvar a pele de judeus em apuros) disfarçado de conselheiro real, dirigiu-se ao Imperador e argumentou: “Meu senhor, talvez este seja o mesmo pó de Abrahão, o patriarca dos judeus. O senhor sabe, quando se via cercado de inimigos, Abrahão lançava este pó para o alto e ele se transformava em espadas, e quando jogava a palha para o alto, esta tomava a forma de setas, conforme está escrito: ‘Serão suas espadas como pó, e suas setas como a palha que o vento leva.’ (Isaías 41:2) O senhor certamente conhece a história daquela nação que ninguém conseguia conquistar? Pois é. Os judeus usaram este pó e a conquistaram.”
Convencidos do poder daquele entulho milagroso, os guardas do palácio foram até a sala do tesouro real, despejaram ali todo aquele pó e palha, encheram novamente a bolsa de Nahum com pérolas e pedras preciosas e o mandaram de volta para casa, coberto de honrarias.
Quando durante a viagem de volta Nahum se instalou novamente na mesma hospedaria, os proprietários perguntaram, surpresos: “O que você levou para o Imperador para receber tantas honrarias?”
Nahum respondeu: “O que levei daqui entreguei ali.”
Os funcionários então puseram a hospedaria abaixo, juntaram todo o entulho e levaram ao palácio real, imaginando quanta riqueza aquilo deveria valer. Ao chegarem, disseram ao Imperador: “O pó que os judeus trouxeram para cá é nosso.”
Na primeira batalha que houve o exército do Imperador testou o pó, mas ele não surtiu nenhum efeito. E os donos da hospedaria foram levados à morte.
Gam Zu Letová
O Talmud está cheio de histórias surpreendentes. Esta semana lemos, no curso de Livui Ruchani (Acompanhamento Espiritual) com a professora Ruchama Weiss, alguns relatos sobre aquele que foi nada menos do que um dos mestres de Rabi Akiva, um dos maiores sábios judeus de todos os tempos. E quem era este homem que tanto ensinou a quem tanto tem prá nos ensinar?
Senta, que lá vem história.
A incrível história de Nahum de Gamzu
Uri Lam (inspirado no Talmud, Taanit 21a)
Conta-se que Nahum, famoso rabino de Gamzu (Guimzo, na Judéia), era cego dos dois olhos, suas mãos e pés haviam sido amputados e o que restava de seu corpo estava coberto de feridas. Nahum vivia em uma casa caindo aos pedaços. Os pés de sua cama apoiavam-se dentro de bacias cheias d'água para evitar que as formigas subissem nele.
O Talmud está cheio de histórias surpreendentes. Esta semana lemos, no curso de Livui Ruchani (Acompanhamento Espiritual) com a professora Ruchama Weiss, alguns relatos sobre aquele que foi nada menos do que um dos mestres de Rabi Akiva, um dos maiores sábios judeus de todos os tempos. E quem era este homem que tanto ensinou a quem tanto tem prá nos ensinar?
Senta, que lá vem história.
A incrível história de Nahum de Gamzu
Uri Lam (inspirado no Talmud, Taanit 21a)
Conta-se que Nahum, famoso rabino de Gamzu (Guimzo, na Judéia), era cego dos dois olhos, suas mãos e pés haviam sido amputados e o que restava de seu corpo estava coberto de feridas. Nahum vivia em uma casa caindo aos pedaços. Os pés de sua cama apoiavam-se dentro de bacias cheias d'água para evitar que as formigas subissem nele.
Certa vez seus alunos decidiram que era chegado o momento de retirar o rabino daquela casa. Primeiro removeriam Nahum em sua cama, depois veriam como retirar o resto dos móveis e pertences. Mas o mestre os orientou de modo diferente: “Meus filhos, retirem primeiro todas as coisas e só então removam a minha cama. Enquanto eu estiver aqui a casa não irá desmoronar.”
E assim foi feito. Primeiro os alunos retiraram todos os objetos da casa e só depois removeram o rabino em sua cama. No instante seguinte a casa desmoronou.
Ainda refazendo-se do esforço e do susto, os alunos se voltaram para o mestre e questionaram: “Rabi, por que tudo isso aconteceu logo com você, um tsadik completo?”
E ele respondeu: “Eu sou o responsável e ninguém mais.”
Perplexos, os jovens se reuniram ao redor da cama do rabino para escutar como foi que tudo aconteceu.
E assim foi feito. Primeiro os alunos retiraram todos os objetos da casa e só depois removeram o rabino em sua cama. No instante seguinte a casa desmoronou.
Ainda refazendo-se do esforço e do susto, os alunos se voltaram para o mestre e questionaram: “Rabi, por que tudo isso aconteceu logo com você, um tsadik completo?”
E ele respondeu: “Eu sou o responsável e ninguém mais.”
Perplexos, os jovens se reuniram ao redor da cama do rabino para escutar como foi que tudo aconteceu.
Certa vez eu estava viajando pela estrada em direção à casa do meu sogro. Eu levava comigo uma carga distribuída em três burros: o primeiro com comida, o segundo com bebida e o terceiro com todo tipo de guloseimas. Foi quando um pobre homem me parou na estrada e me disse: “Rabino, dê-me algo para comer.”
Eu respondi a ele: “Espere um pouquinho, vou descarregar o burro.”
Mas eu mal havia terminado de descarregar algo para lhe dar de comer, quando olhei para o lado e vi o homem caído no chão, morto. Ai de mim, ele havia morrido de fome e eu não fiz nada para impedir!
Sem nem mesmo perceber, coloquei-me ao seu lado e, olhando bem para ele, passei a exclamar: “Que os meus olhos, que não tiveram piedade diante dos teus olhos, fiquem cegos!” Na mesma hora deixei de enxergar.
Desorientado, passei a apalpar ao meu redor e acabei me deparando com a mão do homem morto. Segurei-a com força e exclamei novamente: “Que minhas mãos, que não tiveram piedade das tuas mãos, sejam cortadas!” Na mesma hora deixei de ter minhas mãos.
Levantei-me com dificuldade e, no primeiro passo senti quando meus pés tocaram nas pernas do pobre homem. Mais uma vez me dirigi a ele e gritei: “Que minhas pernas, que não tiveram piedade das tuas pernas, também sejam amputadas!” No instante seguinte lá estava eu, caído no chão, sem ter mais como me mexer.
Mas a cabeça ainda funcionava a todo vapor. Eu não conseguia me concentrar, não conseguia relaxar, e só me tranqüilizei quando gritei pela última vez: “Que o meu corpo inteiro fique coberto de feridas.”
Como eu disse, meus filhos, sou eu o responsável. Fui eu quem trouxe isso para cima de mim.
Os alunos olhavam-se entre si, perplexos. O silêncio era ensurdecedor. Eles não sabiam o que dizer, mas não conseguiam ficar simplesmente quietos. Cada um ao seu tempo, passaram a lamentar: “Ai de nós, rabino, por vermos você neste estado...”
E Nahum de Gamzu respondeu: “Ai de mim se vocês não me vissem nesse estado...”
Eu respondi a ele: “Espere um pouquinho, vou descarregar o burro.”
Mas eu mal havia terminado de descarregar algo para lhe dar de comer, quando olhei para o lado e vi o homem caído no chão, morto. Ai de mim, ele havia morrido de fome e eu não fiz nada para impedir!
Sem nem mesmo perceber, coloquei-me ao seu lado e, olhando bem para ele, passei a exclamar: “Que os meus olhos, que não tiveram piedade diante dos teus olhos, fiquem cegos!” Na mesma hora deixei de enxergar.
Desorientado, passei a apalpar ao meu redor e acabei me deparando com a mão do homem morto. Segurei-a com força e exclamei novamente: “Que minhas mãos, que não tiveram piedade das tuas mãos, sejam cortadas!” Na mesma hora deixei de ter minhas mãos.
Levantei-me com dificuldade e, no primeiro passo senti quando meus pés tocaram nas pernas do pobre homem. Mais uma vez me dirigi a ele e gritei: “Que minhas pernas, que não tiveram piedade das tuas pernas, também sejam amputadas!” No instante seguinte lá estava eu, caído no chão, sem ter mais como me mexer.
Mas a cabeça ainda funcionava a todo vapor. Eu não conseguia me concentrar, não conseguia relaxar, e só me tranqüilizei quando gritei pela última vez: “Que o meu corpo inteiro fique coberto de feridas.”
Como eu disse, meus filhos, sou eu o responsável. Fui eu quem trouxe isso para cima de mim.
Os alunos olhavam-se entre si, perplexos. O silêncio era ensurdecedor. Eles não sabiam o que dizer, mas não conseguiam ficar simplesmente quietos. Cada um ao seu tempo, passaram a lamentar: “Ai de nós, rabino, por vermos você neste estado...”
E Nahum de Gamzu respondeu: “Ai de mim se vocês não me vissem nesse estado...”
Assim ensinei aos meus filhos sionistas a história da Palestina
Sayed Kashua (jornalista, escritor, cronista e publicitário árabe-israelense muçulmano)
original em hebraico: Haaretz
Tradução: Uri Lam
“Pai”, disse o meu pequeno na manhã de sábado, ao abrir a porta e entrar no escritório.
“O que, querido? Estou no meio do...”, tentei afastá-lo de mim.
“Sim pai, vocês me farão uma festa de aniversário?”
“Claro que sim. Mas eu pedi a você que quando falasse comigo, fale somente em árabe, tudo bem querido?”
“Tudo bem”, disse ele, em hebraico. “Então, posso convidar quem eu quero?”
“Pode.”
“Então, eu pensei sobre isso e não quero convidar nenhuma das crianças árabes da sala de aula.” Deus, ele os chamou de árabes, o meu menino, com sotaque ashkenazi.
“O que???” Tirei meus olhos do computador e olhei para o menino de 4 anos que odeia os árabes na minha frente: “Quem você acha que você é, seu bestinha? Você é uma criança árabe”, joguei na sua cara, o que o fez rir como se eu tivesse soltado uma boa piada.
“Do que você está rindo?” Eu brigava com ele e sua expressão mudou. “Eu sou um árabe, você é árabe, sua mãe é árabe e sua irmã é árabe.” Ele começou a chorar e correu para a mãe: “Mamãe, mamãe”, ele apertava os olhos como se sua avó tivesse nascido em Kfar Shmariáhu.
Eu saquei este menino há muito tempo, via como ele sorria quando escutava a mim ou à sua mãe falar hebraico com sotaque. Na semana passada ele se sentou entre nós dois tentando nos ensinar como se diz o “Resh” (“R”) na garganta e como devemos pronunciar corretamente as palavras. “Você fala como os árabes”, dizia Baruch Marzel para a família Kashua.
“O que você quer do garoto?” Minha mulher jogou a culpa sobre meus ombros, “você se muda para um bairro por causa dos filhos, manda ele para uma escola mista (de judeus e árabes), todo dia ele fica grudado no Canal Hop (de TV a cabo de programação infantil israelense) porque não temos uma Al Jazeera Kids. O que você queria?”
“Que odeie árabes?” Eu estava irritadíssimo. “Veja, a sua irmã fez exatamente a mesma rota, por que ela não odeia os árabes?” Olhei para a garota que balançou a cabeça confirmando minhas palavras. “Certo. Eu acho que se chegarmos a um entendimento com eles, será possível viver com eles em paz.”
“Como é que é?????” Gritei do fundo da minha garganta, e dois filhos correram para o colo da mãe, olhando para mim com um olhar fixo como se diante deles estivesse um árabe com seu bigode. Segurei minha cabeça e a sacudi com firmeza. O que eu fiz para mim mesmo, tudo culpa minha! Destruí minha família com as duas mãos, eu só queria que meus filhos tivessem um pouco de verde ao redor, uma biblioteca e uma piscina perto de casa, centros comunitários à mão, e por acaso ganhei dois esquerdistas dispostos a concessões dolorosas. Mas ainda está em tempo, tentei me recompor, ainda dá prá consertar, e tem que ser já. “Vamos, quero todo mundo vestido”, anunciei naquele mesmo sábado, “vamos passear”.
“Viva!!!!” Gritou o pequeno sionista feliz da vida, e começou a cantar: “Quem quer viajar pela Terra de Israel?”
“Para onde vamos?”, perguntou minha esposa em direção ao carro. “Para Ein Kerem”, respondi, “eu preciso ensinar a eles um pouco da verdadeira narrativa”, e balancei a cabeça, “eu disse narrativa? Ensinar-lhes um pouco de história, alguns fatos prá contrabalançar o veneno que eles absorvem.”
De fato eu sou contra todo frasco de veneno nacionalista que misturam no leite das crianças, mas os meus filhos não me deram escolha. Não há dúvidas de que eles são expostos à maioria dos mitos de Israel, e para amenizar um pouco o dano preciso lhes dizer a verdade como eu a entendo. Devo ser rígido e ir um pouco além das minhas crenças. E daí se eu desprezo toda espécie de nacionalismo? Ribonô shel Olam (Soberano do Universo), meus filhos odeiam árabes!
Passeei com as crianças pelas ruas de Ein Kerem. Apontei para as casas e lhe contei a história da Palestina. Eu disse a eles sobre o imperialismo, sobre o congresso sionista na Basiléia, sobre os inocentes camponeses palestinos, repeti duas vezes o fato de que a maioria dos palestinos nem sequer sabia quem era Hitler, expliquei a eles que ele foi brutal e terrível e que mesmo que tenha sido fotografado com um ou dois árabes, isso não era prova alguma de que ele era um árabe. Continuei da 2ª Guerra Mundial direto para o Mandato britânico, voltei para a Declaração Balfour, saltei para 1948, a ocupação, a deportação e os refugiados. Meus filhos me deixavam a impressão de que estavam escutando cada palavra, digerindo, entendendo a realidade e identificando-se com ela. Eu lhes contei sobre seu avô que foi morto na guerra e eles deixaram cair uma lágrima, compartilharam da tristeza da avó, que perdeu seu marido e sua terra.
“Estão vendo, crianças?” Eu mostrava as provas e ficava na frente da minha família em posição de guia turístico diante do centro da vila, “aqui ficava a mesquita da aldeia. Como vocês vêem, a cúpula ainda existe, assim como torre do muazin (de onde se chama para as orações islâmicas). E ali em cima vocês podem ver a igreja.”
“Pai”, me chamou o menino.
“Sim, querido”, respondi baixinho, sabendo agora que havia contado a eles umas tantas verdades dolorosas sobre a identidade palestina, “Se você tiver alguma pergunta, a hora é esta.”
“Sim, eu tenho”, disse ele, apontando para a rua, “é verdade que lá em cima tem sorvete?”
“Diga-me”, meu rosto queimando de raiva, o que exigiu a intervenção de minha mulher que se colocou à minha frente, impedindo-me de chegar ao meu filho. “Você enlouqueceu?” Ela sussurrou para mim, enquanto virava a cabeça com um sorriso para acalmar o filho.
“Mas você ouviu o que ele falou?”, eu disse, “conto a ele sobre a Nakba e ele quer sorvete. Eles não têm um pingo de sensibilidade para o sofrimento do povo palestino.”
“Devagar, devagar”, disse minha esposa, “justo agora eles começam a entender.”
“Você acha?” perguntei, e mais tranqüilo pelas evidências de que o que havia contado aos meus filhos estava surtindo efeito.
“Sim, querido”, respondi depois de respirar fundo, “tem sorvete, e dizem que é um dos melhores da cidade. Mas primeiro vou contar sobre o massacre de Deir Yassin. Depois disso eu compro prá vocês o que vocês quiserem.”
Sayed Kashua (jornalista, escritor, cronista e publicitário árabe-israelense muçulmano)
original em hebraico: Haaretz
Tradução: Uri Lam
“Pai”, disse o meu pequeno na manhã de sábado, ao abrir a porta e entrar no escritório.
“O que, querido? Estou no meio do...”, tentei afastá-lo de mim.
“Sim pai, vocês me farão uma festa de aniversário?”
“Claro que sim. Mas eu pedi a você que quando falasse comigo, fale somente em árabe, tudo bem querido?”
“Tudo bem”, disse ele, em hebraico. “Então, posso convidar quem eu quero?”
“Pode.”
“Então, eu pensei sobre isso e não quero convidar nenhuma das crianças árabes da sala de aula.” Deus, ele os chamou de árabes, o meu menino, com sotaque ashkenazi.
“O que???” Tirei meus olhos do computador e olhei para o menino de 4 anos que odeia os árabes na minha frente: “Quem você acha que você é, seu bestinha? Você é uma criança árabe”, joguei na sua cara, o que o fez rir como se eu tivesse soltado uma boa piada.
“Do que você está rindo?” Eu brigava com ele e sua expressão mudou. “Eu sou um árabe, você é árabe, sua mãe é árabe e sua irmã é árabe.” Ele começou a chorar e correu para a mãe: “Mamãe, mamãe”, ele apertava os olhos como se sua avó tivesse nascido em Kfar Shmariáhu.
Eu saquei este menino há muito tempo, via como ele sorria quando escutava a mim ou à sua mãe falar hebraico com sotaque. Na semana passada ele se sentou entre nós dois tentando nos ensinar como se diz o “Resh” (“R”) na garganta e como devemos pronunciar corretamente as palavras. “Você fala como os árabes”, dizia Baruch Marzel para a família Kashua.
“O que você quer do garoto?” Minha mulher jogou a culpa sobre meus ombros, “você se muda para um bairro por causa dos filhos, manda ele para uma escola mista (de judeus e árabes), todo dia ele fica grudado no Canal Hop (de TV a cabo de programação infantil israelense) porque não temos uma Al Jazeera Kids. O que você queria?”
“Que odeie árabes?” Eu estava irritadíssimo. “Veja, a sua irmã fez exatamente a mesma rota, por que ela não odeia os árabes?” Olhei para a garota que balançou a cabeça confirmando minhas palavras. “Certo. Eu acho que se chegarmos a um entendimento com eles, será possível viver com eles em paz.”
“Como é que é?????” Gritei do fundo da minha garganta, e dois filhos correram para o colo da mãe, olhando para mim com um olhar fixo como se diante deles estivesse um árabe com seu bigode. Segurei minha cabeça e a sacudi com firmeza. O que eu fiz para mim mesmo, tudo culpa minha! Destruí minha família com as duas mãos, eu só queria que meus filhos tivessem um pouco de verde ao redor, uma biblioteca e uma piscina perto de casa, centros comunitários à mão, e por acaso ganhei dois esquerdistas dispostos a concessões dolorosas. Mas ainda está em tempo, tentei me recompor, ainda dá prá consertar, e tem que ser já. “Vamos, quero todo mundo vestido”, anunciei naquele mesmo sábado, “vamos passear”.
“Viva!!!!” Gritou o pequeno sionista feliz da vida, e começou a cantar: “Quem quer viajar pela Terra de Israel?”
“Para onde vamos?”, perguntou minha esposa em direção ao carro. “Para Ein Kerem”, respondi, “eu preciso ensinar a eles um pouco da verdadeira narrativa”, e balancei a cabeça, “eu disse narrativa? Ensinar-lhes um pouco de história, alguns fatos prá contrabalançar o veneno que eles absorvem.”
De fato eu sou contra todo frasco de veneno nacionalista que misturam no leite das crianças, mas os meus filhos não me deram escolha. Não há dúvidas de que eles são expostos à maioria dos mitos de Israel, e para amenizar um pouco o dano preciso lhes dizer a verdade como eu a entendo. Devo ser rígido e ir um pouco além das minhas crenças. E daí se eu desprezo toda espécie de nacionalismo? Ribonô shel Olam (Soberano do Universo), meus filhos odeiam árabes!
Passeei com as crianças pelas ruas de Ein Kerem. Apontei para as casas e lhe contei a história da Palestina. Eu disse a eles sobre o imperialismo, sobre o congresso sionista na Basiléia, sobre os inocentes camponeses palestinos, repeti duas vezes o fato de que a maioria dos palestinos nem sequer sabia quem era Hitler, expliquei a eles que ele foi brutal e terrível e que mesmo que tenha sido fotografado com um ou dois árabes, isso não era prova alguma de que ele era um árabe. Continuei da 2ª Guerra Mundial direto para o Mandato britânico, voltei para a Declaração Balfour, saltei para 1948, a ocupação, a deportação e os refugiados. Meus filhos me deixavam a impressão de que estavam escutando cada palavra, digerindo, entendendo a realidade e identificando-se com ela. Eu lhes contei sobre seu avô que foi morto na guerra e eles deixaram cair uma lágrima, compartilharam da tristeza da avó, que perdeu seu marido e sua terra.
“Estão vendo, crianças?” Eu mostrava as provas e ficava na frente da minha família em posição de guia turístico diante do centro da vila, “aqui ficava a mesquita da aldeia. Como vocês vêem, a cúpula ainda existe, assim como torre do muazin (de onde se chama para as orações islâmicas). E ali em cima vocês podem ver a igreja.”
“Pai”, me chamou o menino.
“Sim, querido”, respondi baixinho, sabendo agora que havia contado a eles umas tantas verdades dolorosas sobre a identidade palestina, “Se você tiver alguma pergunta, a hora é esta.”
“Sim, eu tenho”, disse ele, apontando para a rua, “é verdade que lá em cima tem sorvete?”
“Diga-me”, meu rosto queimando de raiva, o que exigiu a intervenção de minha mulher que se colocou à minha frente, impedindo-me de chegar ao meu filho. “Você enlouqueceu?” Ela sussurrou para mim, enquanto virava a cabeça com um sorriso para acalmar o filho.
“Mas você ouviu o que ele falou?”, eu disse, “conto a ele sobre a Nakba e ele quer sorvete. Eles não têm um pingo de sensibilidade para o sofrimento do povo palestino.”
“Devagar, devagar”, disse minha esposa, “justo agora eles começam a entender.”
“Você acha?” perguntei, e mais tranqüilo pelas evidências de que o que havia contado aos meus filhos estava surtindo efeito.
“Sim, querido”, respondi depois de respirar fundo, “tem sorvete, e dizem que é um dos melhores da cidade. Mas primeiro vou contar sobre o massacre de Deir Yassin. Depois disso eu compro prá vocês o que vocês quiserem.”
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Sai Dibuk!!!
Segundo notícia publicada no jornal Maariv, o rabino David Batzri, tido como um grande cabalista, realizou na última quarta feira pela primeira vez um ritual de expulsão de dibuk a distância, em videoconferência de Israel diretamente para onde? Brasil-il-il!
Um site ortodoxo publicou que, devido ao processo incomum, a expulsão do espírito durou horas, durante as quais o rabino e dez alunos seus repetiam sem cessar versículos bíblicos e fórmulas cabalísticas. Até que finalmente às 11 da noite o dibuk deixou o corpo do brasileiro. Diga-se de passagem, em um país onde a expulsão de encostos e de espíritos malignos é transmitida ao vivo pela TV em programas de igrejas pentecostais, e coisa comum entre diversas crenças do sincretismo religioso brasileiro, não se estranha que o ritual tenha sido justamente realizado com um brasileiro.
Segundo a tradição judaica o dibuk seria algo como o espírito de um morto que assume o corpo de uma pessoa viva. Esta perde a consciência, passa a falar coisas estranhas em outro tom e às vezes em outra lingua. Na Europa oriental em certos meios judaicos desenvolveu-se todo um ritual baseado em práticas e fórmulas cabalísticas a fim de tirar o dibuk de dentro do coitado ou coitada que o carrega - para a alegria de escritores como Isaac Bashevis Singer e seus leitores.
Shabat shalom, e sem dibuk:-)
Segundo notícia publicada no jornal Maariv, o rabino David Batzri, tido como um grande cabalista, realizou na última quarta feira pela primeira vez um ritual de expulsão de dibuk a distância, em videoconferência de Israel diretamente para onde? Brasil-il-il!
Um site ortodoxo publicou que, devido ao processo incomum, a expulsão do espírito durou horas, durante as quais o rabino e dez alunos seus repetiam sem cessar versículos bíblicos e fórmulas cabalísticas. Até que finalmente às 11 da noite o dibuk deixou o corpo do brasileiro. Diga-se de passagem, em um país onde a expulsão de encostos e de espíritos malignos é transmitida ao vivo pela TV em programas de igrejas pentecostais, e coisa comum entre diversas crenças do sincretismo religioso brasileiro, não se estranha que o ritual tenha sido justamente realizado com um brasileiro.
Segundo a tradição judaica o dibuk seria algo como o espírito de um morto que assume o corpo de uma pessoa viva. Esta perde a consciência, passa a falar coisas estranhas em outro tom e às vezes em outra lingua. Na Europa oriental em certos meios judaicos desenvolveu-se todo um ritual baseado em práticas e fórmulas cabalísticas a fim de tirar o dibuk de dentro do coitado ou coitada que o carrega - para a alegria de escritores como Isaac Bashevis Singer e seus leitores.
Shabat shalom, e sem dibuk:-)

Ajuda: Israelense desaparecido na Amazônia
Se alguém ligado à comunidade judaica de Manaus, ou em geral, se alguém souber de algo, por favor colabore para que seja encontrado o jovem Omri Lahad (foto ao lado), de 23 anos, morador da cidade de Rosh Pina em Israel.
Ele viajava pela Amazônia com amigos e não dá notícias há um mês. Ontem os jornais israelenses noticiaram que desapareceu na região entre o Peru e a Colômbia.
Qualquer notícia escreva (preferencialmente em inglês ou hebraico) para o e-mail: findomrilahad@gmail.com
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Uma colega do curso rabínico nos presenteou com um poema durante o curso de Tefilá.
Shabat shalom.
Maariv
de Eyal Mégued
Tradução: Uri Lam
Passei ao lado de uma velha sinagoga no bairro Montefiore,
na tefilá de Maariv
e escutei dizerem desde lá: Baruch Atá Ad’nai. *
Segui adiante e o Opel avançou
entre uma profusão de flores
de pétalas bem vermelhas e redondas
a vivacidade de seus tons me maravilhava
como se reavivassem a luz já vencida do dia
E me escutei dizer dentro de mim:
Baruch Atá Ad’nai - e tornei a repetir
Baruch Atá Ad’nai.
* Fórmula inicial da maior parte das bençãos judaicas.
Significa "Bendito Sejas, Eterno..."
Segui adiante e o Opel avançou
entre uma profusão de flores
de pétalas bem vermelhas e redondas
a vivacidade de seus tons me maravilhava
como se reavivassem a luz já vencida do dia
E me escutei dizer dentro de mim:
Baruch Atá Ad’nai - e tornei a repetir
Baruch Atá Ad’nai.
* Fórmula inicial da maior parte das bençãos judaicas.
Significa "Bendito Sejas, Eterno..."
De Jacob a Israel
Uri Lam, novembro 2009
(inspirado na parashá Vaietsê)
Jacob saiu de casa para fugir de Esau -
Se meu irmão me pegar, danou-se.
Foi ser pastor de cabras e ovelhas
E na casa de Lavan, seu tio, refugiou-se.
Gente boa era Jacob, homem pacato
Vivia de cabana em cabana, e por que?
para estudar com grandes mestres, como dizem uns sabidos,
ou para despistar Esau e não morrer?
Na rota de fuga buscou água – tudo seco.
Olhou para o alto, buscando nuvens ou um milagre
Mas encontrou os olhos de Rachel.
Aí tudo mudou. Tinha poço, tinha água
Era como estar no céu.
Por ela trabalhou sete anos
Uri Lam, novembro 2009
(inspirado na parashá Vaietsê)
Jacob saiu de casa para fugir de Esau -
Se meu irmão me pegar, danou-se.
Foi ser pastor de cabras e ovelhas
E na casa de Lavan, seu tio, refugiou-se.
Gente boa era Jacob, homem pacato
Vivia de cabana em cabana, e por que?
para estudar com grandes mestres, como dizem uns sabidos,
ou para despistar Esau e não morrer?
Na rota de fuga buscou água – tudo seco.
Olhou para o alto, buscando nuvens ou um milagre
Mas encontrou os olhos de Rachel.
Aí tudo mudou. Tinha poço, tinha água
Era como estar no céu.
Por ela trabalhou sete anos
Correndo atrás da bicharada
Enquanto no morro sentada, Rachel olhava e ria.
Todas as manhãs Jacob dizia -
Rachel, mais uns dias e serás minha!
Mas ai dele... a vida não funciona assim.
Algumas horas depois da quebra do copo
Acordou e viu Lea ao lado, adormecida.
Silêncio... confusão... foi quando gritou -
Lavan seu vigarista, não foi prá esta que ergui a vista!
Com o branco dos dentes amarelado,
O que disse Lavan deixou Jacob abismado -
Ela é Lea, sua nova mulher.
A mais velha é sempre a escolhida
Se quiser ou não quiser.
Uma semana depois,
Jacob refez seus planos
Casou-se também com Rachel, mas em troca
trabalhou outros sete anos.
"Que vida boa tinham os primeiros judeus,
podiam ter duas mulheres", disse-me certa vez
um aluno de bar mitsva.
"Queria ter nascido naquele tempo, que demais!"
"Ouça o fim da história", eu disse,
"Quem sabe você mude de idéia. Dizem que
aquela era uma família muito estranha:
Lea amava Jacob que amava Rachel
que não amava Jacob que não amava Lea.
Mesmo assim tiveram 13 filhos!"
"Como?"
"Comendo!"
O menino me olha como dizendo "cretino", e continuo -
Alguns, é fato, foram de Bilá e Tsilpá, que nada tinham com o pato
barrigas de aluguel.
Resultado: uma mulher e doze homens
Os 13 filhos de Israel. Hoje somos
Os 13 milhões do povo de Israel.
Enquanto no morro sentada, Rachel olhava e ria.
Todas as manhãs Jacob dizia -
Rachel, mais uns dias e serás minha!
Mas ai dele... a vida não funciona assim.
Algumas horas depois da quebra do copo
Acordou e viu Lea ao lado, adormecida.
Silêncio... confusão... foi quando gritou -
Lavan seu vigarista, não foi prá esta que ergui a vista!
Com o branco dos dentes amarelado,
O que disse Lavan deixou Jacob abismado -
Ela é Lea, sua nova mulher.
A mais velha é sempre a escolhida
Se quiser ou não quiser.
Uma semana depois,
Jacob refez seus planos
Casou-se também com Rachel, mas em troca
trabalhou outros sete anos.
"Que vida boa tinham os primeiros judeus,
podiam ter duas mulheres", disse-me certa vez
um aluno de bar mitsva.
"Queria ter nascido naquele tempo, que demais!"
"Ouça o fim da história", eu disse,
"Quem sabe você mude de idéia. Dizem que
aquela era uma família muito estranha:
Lea amava Jacob que amava Rachel
que não amava Jacob que não amava Lea.
Mesmo assim tiveram 13 filhos!"
"Como?"
"Comendo!"
O menino me olha como dizendo "cretino", e continuo -
Alguns, é fato, foram de Bilá e Tsilpá, que nada tinham com o pato
barrigas de aluguel.
Resultado: uma mulher e doze homens
Os 13 filhos de Israel. Hoje somos
Os 13 milhões do povo de Israel.
Passeata: Por uma Jerusalém Livre, Pluralista e Tolerante
Quando: Motsaê Shabat Vaietsê, 11 de Kislev, 28/11 às 19:00h
Onde: Kikar Paris, centro de Jerusalém
"Peçam pela paz de Jerusalém - que prosperem os que te amam." (Salmos 122:6)
No último Rosh Chódesh, primeiro dia do mês de Kislev, a polícia israelense deteve para interrogatório uma das ativistas do grupo “Mulheres do Kotel”. Motivo da detenção: ela se envolveu em um Talit durante as rezas de Rosh Chódesh que as “Mulheres do Kotel” realizaram no setor feminino do Kotel Hamaaravi, o Muro das Lamentações.
No momento de sua detenção a ativista segurava um novo Sefer Torá doado às “Mulheres do Kotel” por mulheres associadas ao movimento judaico reformista na América do Norte.
Este Sefer Torá foi levado para Israel pela delegação israelense que representava o movimento reformista americano, e o serviço religioso conduzido pelas “Mulheres do Kotel” foi o primeiro evento no qual se usou o livro sagrado.
O vergonhoso acontecimento da detenção da jovem ativista vem se somar a uma desagradável cadeia de ocorrências e incidentes na Praça do Kotel nos últimos anos, na qual os visitantes se deparam com manifestações explícitas de intolerância, fanatismo religioso e violência. Estes acontecimentos não são acidentais, mas resultado direto de se tentar transformar o Muro Ocidental de um espaço nacional e religioso em um espaço administrado de acordo com os pontos de vista do judaísmo charedi (ortodoxo), através da exclusão brutal e violenta de outras comunidades judaicas.
No contexto desta situação perturbadora, gozando de direitos que extrapolam os das autoridades oficiais, atuam na Praça do Kotel as “Patrulhas da Modéstia” (Mishmarot Tsniut”); a Praça do Kotel recebeu placas de sinalização para que mulheres e homens sejam obrigados a se separar já nos portões de entrada para a praça externa do complexo.
Recentemente o “rabino do Kotel” aumentou as restrições e exigiu que a Agência Judaica realizasse as cerimônias de distribuição das novas carteiras de identidade aos olim chadashim (novos imigrantes judeus a Israel) com separação entre homens e mulheres.
O Movimento pelo Judaísmo Progressista de Israel levanta a sua bandeira dos princípios do pluralismo e da igualdade em muitas ações contra o domínio ortodoxo sobre a área que simboliza a centralidade de Jerusalém para o povo judeu como um todo. O Mercaz LePLuralism (Centro de Pluralismo, conhecido também como IRAC, Centro Israelense de Ações Religiosas) e representantes de instituições nacionais do Judaísmo Progressista vêm conduzindo nos últimos anos um esforço jurídico, público e de divulgação sobre este problema, em cooperação com as “Mulheres do Kotel” entre outras atividades.
O conflito pelo Kotel não é um tenebroso fato isolado em meio à calmaria. Nos últimos anos, especialmente nos últimos meses, vem havendo nas ruas da capital israelense diversos conflitos a respeito das características e do caráter da cidade. Em vez de reconhecer a diversidade que caracteriza Jerusalém, membros da comunidade charedi estão agindo com o objetivo de reviver as guerras durante o Shabat pela adoção de ações violentas na tentativa de impor a sua visão de mundo sobre os demais habitantes da cidade.
O Movimento pelo Judaísmo Progressista de Israel está empenhado em prosseguir com seus esforços a fim de promover a tolerância e o pluralismo na capital de Israel, Capital do Povo Judeu. Suas principais ações estão nos campos da educação e da ação comunitária, espiritual e cultural – nós nos estendemos entre comunidades religiosas e institutos de educação por toda Jerusalém. Agora também buscamos enriquecer esta ação abençoada ao nos juntarmos ao esforço público e à ação civil e democrática que luta para garantir estas características da cidade.
No próximo sábado à noite, dia 28 de novembro de 2009 haverá uma passeata no coração de Jerusalém em que estaremos juntos com diversas outras organizações associadas ao Fórum por uma Jerusalém Livre. A passeata começa às 19:00h na Kikar Paris (Praça Paris) e termina às 20:00h na Kikar Tsion, quando os representantes dos diversos grupos e movimentos farão seus discursos.
Nós convidamos os membros do movimento progressista/reformista e seus simpatizantes, os moradores de Jerusalém e todos aqueles que em Israel amam a nossa capital para que se juntem à passeata. Vamos manifestar com pernas, bocas e corações o nosso amor pela cidade e nossos temores quanto ao seu futuro. Membros da Juventude Telem (movimento juvenil judaico progressista/reformista), membros do Fórum de Jovens e Estudantes do Movimento Reformista (coordenadora: Tati Chagas, estudante de rabinato no HUC, Jerusalém) e o Mercaz lePLuralism irão conduzir a nossa participação durante a passeata e na concentração na Kikar Tsion. Venham com bandeiras de Israel e vistam as faixas que distribuiremos no local do encontro.
Os membros e simpatizantes do movimento judaico reformista/progressista estão convidados a participar da cerimônia de Havdalá a ser realizada na praça às 18h45h, antes do início da passeata, que será conduzida pelo grupo mais velho da Juventude do Movimento Progressista de Jerusalém.
“Em favor de meus irmãos e companheiros, discursarei pela paz em ti. Em favor da Casa do Eterno, nosso Deus, pedirei sempre pelo teu bem.” (Salmos 122:7-8)
Quando: Motsaê Shabat Vaietsê, 11 de Kislev, 28/11 às 19:00h
Onde: Kikar Paris, centro de Jerusalém
"Peçam pela paz de Jerusalém - que prosperem os que te amam." (Salmos 122:6)
No último Rosh Chódesh, primeiro dia do mês de Kislev, a polícia israelense deteve para interrogatório uma das ativistas do grupo “Mulheres do Kotel”. Motivo da detenção: ela se envolveu em um Talit durante as rezas de Rosh Chódesh que as “Mulheres do Kotel” realizaram no setor feminino do Kotel Hamaaravi, o Muro das Lamentações.
No momento de sua detenção a ativista segurava um novo Sefer Torá doado às “Mulheres do Kotel” por mulheres associadas ao movimento judaico reformista na América do Norte.
Este Sefer Torá foi levado para Israel pela delegação israelense que representava o movimento reformista americano, e o serviço religioso conduzido pelas “Mulheres do Kotel” foi o primeiro evento no qual se usou o livro sagrado.
O vergonhoso acontecimento da detenção da jovem ativista vem se somar a uma desagradável cadeia de ocorrências e incidentes na Praça do Kotel nos últimos anos, na qual os visitantes se deparam com manifestações explícitas de intolerância, fanatismo religioso e violência. Estes acontecimentos não são acidentais, mas resultado direto de se tentar transformar o Muro Ocidental de um espaço nacional e religioso em um espaço administrado de acordo com os pontos de vista do judaísmo charedi (ortodoxo), através da exclusão brutal e violenta de outras comunidades judaicas.
No contexto desta situação perturbadora, gozando de direitos que extrapolam os das autoridades oficiais, atuam na Praça do Kotel as “Patrulhas da Modéstia” (Mishmarot Tsniut”); a Praça do Kotel recebeu placas de sinalização para que mulheres e homens sejam obrigados a se separar já nos portões de entrada para a praça externa do complexo.
Recentemente o “rabino do Kotel” aumentou as restrições e exigiu que a Agência Judaica realizasse as cerimônias de distribuição das novas carteiras de identidade aos olim chadashim (novos imigrantes judeus a Israel) com separação entre homens e mulheres.
O Movimento pelo Judaísmo Progressista de Israel levanta a sua bandeira dos princípios do pluralismo e da igualdade em muitas ações contra o domínio ortodoxo sobre a área que simboliza a centralidade de Jerusalém para o povo judeu como um todo. O Mercaz LePLuralism (Centro de Pluralismo, conhecido também como IRAC, Centro Israelense de Ações Religiosas) e representantes de instituições nacionais do Judaísmo Progressista vêm conduzindo nos últimos anos um esforço jurídico, público e de divulgação sobre este problema, em cooperação com as “Mulheres do Kotel” entre outras atividades.
O conflito pelo Kotel não é um tenebroso fato isolado em meio à calmaria. Nos últimos anos, especialmente nos últimos meses, vem havendo nas ruas da capital israelense diversos conflitos a respeito das características e do caráter da cidade. Em vez de reconhecer a diversidade que caracteriza Jerusalém, membros da comunidade charedi estão agindo com o objetivo de reviver as guerras durante o Shabat pela adoção de ações violentas na tentativa de impor a sua visão de mundo sobre os demais habitantes da cidade.
O Movimento pelo Judaísmo Progressista de Israel está empenhado em prosseguir com seus esforços a fim de promover a tolerância e o pluralismo na capital de Israel, Capital do Povo Judeu. Suas principais ações estão nos campos da educação e da ação comunitária, espiritual e cultural – nós nos estendemos entre comunidades religiosas e institutos de educação por toda Jerusalém. Agora também buscamos enriquecer esta ação abençoada ao nos juntarmos ao esforço público e à ação civil e democrática que luta para garantir estas características da cidade.
No próximo sábado à noite, dia 28 de novembro de 2009 haverá uma passeata no coração de Jerusalém em que estaremos juntos com diversas outras organizações associadas ao Fórum por uma Jerusalém Livre. A passeata começa às 19:00h na Kikar Paris (Praça Paris) e termina às 20:00h na Kikar Tsion, quando os representantes dos diversos grupos e movimentos farão seus discursos.
Nós convidamos os membros do movimento progressista/reformista e seus simpatizantes, os moradores de Jerusalém e todos aqueles que em Israel amam a nossa capital para que se juntem à passeata. Vamos manifestar com pernas, bocas e corações o nosso amor pela cidade e nossos temores quanto ao seu futuro. Membros da Juventude Telem (movimento juvenil judaico progressista/reformista), membros do Fórum de Jovens e Estudantes do Movimento Reformista (coordenadora: Tati Chagas, estudante de rabinato no HUC, Jerusalém) e o Mercaz lePLuralism irão conduzir a nossa participação durante a passeata e na concentração na Kikar Tsion. Venham com bandeiras de Israel e vistam as faixas que distribuiremos no local do encontro.
Os membros e simpatizantes do movimento judaico reformista/progressista estão convidados a participar da cerimônia de Havdalá a ser realizada na praça às 18h45h, antes do início da passeata, que será conduzida pelo grupo mais velho da Juventude do Movimento Progressista de Jerusalém.
“Em favor de meus irmãos e companheiros, discursarei pela paz em ti. Em favor da Casa do Eterno, nosso Deus, pedirei sempre pelo teu bem.” (Salmos 122:7-8)
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Shtreimel em cheque na Knesset

O shtreimel, chapéu de pele tradicional usado por judeus chassídicos da Galícia, Hungria e Romênia, pode se tornar raridade. A parlamentar Ronit Tirosh do partido Kadima (de Tzipi Livni) apresentou uma proposta na Knesset em apoio aos grupos de proteção aos animais pela proibição de peles para confecção dos shtreimels vindas do Extremo Oriente e da China, dada a crueldade com que são mortos os animais.
Por sua vez, o parlamentar do partido Iahadut Hatorá (Judaísmo da Torá) Menachem Eliezer Moses considera que a proposta atinge os charedim (ultraortodoxos) que têm o costume de usar seus shtreimels no Shabat e em feriados religiosos. Segundo o parlamentar “não há dúvida de que a crueldade para com os animais é proibida pela Torá. Mas (sempre tem um “mas”) judeus usam shtreimels há gerações.” O parlamentar Chaim Amsalem, do partido Shas (do rabino Ovadia Yossef), argumentou que a lei judaica permitiria causar alguma dor aos animais no caso de haver necessidade humana, desde que sejam evitadas dores desnecessárias. Por conta desta oposição, o voto à proposta está temporariamente adiado, provavelmente para sempre.
Só uma reflexão sem julgar o mérito da proposta. Por um lado comemos carne por uma necessidade humana – embora grupos que defendam a alimentação vegetariana estejam crescendo no meio judaico e entendam que a carne pode ser tranquilamente evitada sem prejuízos para a boa alimentação. Há que se pensar também se há outro motivo justo e ético para se matar animais, uma vez que hoje em dia há como substituir estas peles por outras sintéticas, como se fez com os casacos de pele e aquelas coisas horrorosas que não sei o nome, feitas de pele de raposa (embora eu tenha visto, espantado, dezenas destas peles sendo vendidas em bancas de camelôs na Polônia, durante a viagem da Marcha da Vida). Costumes são importantes, claro, e não acho que quem considere o uso do shtreimel importante continue usando. Mas que se possa pensar em alternativas aos bichos para a sua confecção.
Shimon Peres no CQC / Festa infantil com sotaque brasileiro
Recebi e não aguentei, coloquei no blog. Shimon Peres entrevistado com bom humor (ok, nem sempre "politicamente correto", anda em cima da Faixa, às vezes cruza a Linha Verde (oi vei... o Marcelo Tas é profissional, eu não), mas enfim, bem legal.
E aqui no apê acima do meu...
Enquanto isso está "rolando" uma festinha de aniversário de crianças em um apartamento no meu prédio. O animador da festa tem sotaque claramente brasileiro. Fiquei curioso, tentei ver quem era pela janela, mas só vi balões coloridos e não consegui identificar a figura.
Lembra muito o Ale, chazan da CIP (e também ator), impagável quando começa a fazer bagunça, seja numa festa, seja no teatro, seja como professor de bar mitsvá. Mas enfim, aqui em cima a garotada está se divertindo. Legal também como o animador brasileiro (bom, deve ser!) sabe todas as músicas (só está tocando músicas infantis em hebraico, kol hakavod).
Relaxem e divirtam-se um pouco com Shimon Peres (ou Peretz, segundo um entrevistado - aliás o hebraico, coitado, foi maltratado...:-) e Ronaaaaldo!
Recebi e não aguentei, coloquei no blog. Shimon Peres entrevistado com bom humor (ok, nem sempre "politicamente correto", anda em cima da Faixa, às vezes cruza a Linha Verde (oi vei... o Marcelo Tas é profissional, eu não), mas enfim, bem legal.
E aqui no apê acima do meu...
Enquanto isso está "rolando" uma festinha de aniversário de crianças em um apartamento no meu prédio. O animador da festa tem sotaque claramente brasileiro. Fiquei curioso, tentei ver quem era pela janela, mas só vi balões coloridos e não consegui identificar a figura.
Lembra muito o Ale, chazan da CIP (e também ator), impagável quando começa a fazer bagunça, seja numa festa, seja no teatro, seja como professor de bar mitsvá. Mas enfim, aqui em cima a garotada está se divertindo. Legal também como o animador brasileiro (bom, deve ser!) sabe todas as músicas (só está tocando músicas infantis em hebraico, kol hakavod).
Relaxem e divirtam-se um pouco com Shimon Peres (ou Peretz, segundo um entrevistado - aliás o hebraico, coitado, foi maltratado...:-) e Ronaaaaldo!
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Guilad Schalit - "Ainda não há acordo" diz Netanyahu
O primeiro ministro israelense afirmou hoje que "ainda não há acordo, mas se houver, a responsabilidade (pelas condições do acordo) é toda do governo." Esta afirmação dá a entender que pode estar sendo, sim, costurado um acordo, mas que não caia todo nas costas somente do primeiro ministro, mas do governo como um todo.
Por um lado, há delegações do Hamas vindas de Gaza e de Damasco, na Síria, conversando com um interlocutor alemão no Egito. Israel ainda não teria respondido a todas as exigências do Hamas quanto a quem estará na lista - um dos pontos de tensão é a libertação ou não de Marwan Barghouti - depois podemos ver direito os motivos do por que é tão simbólica a libertação de Barghouti, da Fatah, que desponta como potencial sucessor de Mahmoud Abbas e forte candidato a presidente nas eleições palestinas que se aproximam. No geral há muita falação, muito diz que me diz, sobre o número de prisioneiros palestinos a serem libertados, algo entre 450 até 1200 palestinos em troca da libertação de Schalit.
Barak, ministro da defesa, diz que há a obrigação de trazer Schalit para casa por meio de qualquer modo considerado possível. Pode-se ler disso que há meios não aceitáveis, mas também que pode se buscar uma solução impensável há alguns meses.
Há claramente uma censura governamental e militar sobre o que realmente está acontecendo. Há quem exija um debate público e aberto, e quem defenda a censura às informações, pois o silêncio pode fazer avançar de fato a negociação.
Enfim, só nos resta continuar a torcer para que tudo termine bem e Schalit volte para casa.
O primeiro ministro israelense afirmou hoje que "ainda não há acordo, mas se houver, a responsabilidade (pelas condições do acordo) é toda do governo." Esta afirmação dá a entender que pode estar sendo, sim, costurado um acordo, mas que não caia todo nas costas somente do primeiro ministro, mas do governo como um todo.
Por um lado, há delegações do Hamas vindas de Gaza e de Damasco, na Síria, conversando com um interlocutor alemão no Egito. Israel ainda não teria respondido a todas as exigências do Hamas quanto a quem estará na lista - um dos pontos de tensão é a libertação ou não de Marwan Barghouti - depois podemos ver direito os motivos do por que é tão simbólica a libertação de Barghouti, da Fatah, que desponta como potencial sucessor de Mahmoud Abbas e forte candidato a presidente nas eleições palestinas que se aproximam. No geral há muita falação, muito diz que me diz, sobre o número de prisioneiros palestinos a serem libertados, algo entre 450 até 1200 palestinos em troca da libertação de Schalit.
Barak, ministro da defesa, diz que há a obrigação de trazer Schalit para casa por meio de qualquer modo considerado possível. Pode-se ler disso que há meios não aceitáveis, mas também que pode se buscar uma solução impensável há alguns meses.
Há claramente uma censura governamental e militar sobre o que realmente está acontecendo. Há quem exija um debate público e aberto, e quem defenda a censura às informações, pois o silêncio pode fazer avançar de fato a negociação.
Enfim, só nos resta continuar a torcer para que tudo termine bem e Schalit volte para casa.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Israel hoje é uma só Família Schalit
Não se fala de outra coisa em rodas de amigos, nas ruas, na TV. Será desta vez? O país parece estar com a respiração em suspenso. O jornal Haaretz divulgou que os parentes do soldado sequestrado pelo Hamas há 3 anos, Guilad Schalit, encontraram-se com alguns ministros que supostamente sabem o que está acontecendo nos bastidores do acordo com o Hamas, de troca de centenas de presos palestinos em Israel pelo jovem Guilad. A reação da família é a mesma de toda Israel: alguns estão otimistas, outros nem tanto - não é a primeira vez que o Hamas vai, e volta atrás, e depois culpa Israel pelo fracasso do acordo.
Fala-se na libertação de centenas de presos, entre ele nada menos do que 450 assassinos, que em operações terroristas mataram uma pessoa, duas, até mesmo um que matou 65 israelenses. Libertar esta gangue é complicado: precisa-se estar muito convicto de que o país será capaz de evitar novos atentados e evitar novos sequestros.
O Hamas nos últimos dias divulgou que "fez um acordo geral" com todas as facções alocadas em Gaza para que não lancem foguetes Kassam sobre Israel. A notícia, vindo de que quem veio, causou surpresa e esperança de estarmos próximos a um acordo.
Por outro lado há quem opine que a libertação de meio milhar de assassinos significa uma tragédia para Israel, e que é preferível "colocar o Hamas de joelhos e forçar a libertação de Guilad Schalit" (palavras de um parlamentar de algum partido religioso da Knesset, agora na TV) a fazer qualquer acordo com terroristas. Esquecem-se que isto também foi tentado, em janeiro passado. Israel atacou Gaza não com todas as forças, mas com boa parte delas, como todos sabemos. Os líderes do Hamas enfiaram suas cabeças debaixo do chão (literalmente, em bunkers, túneis, alguns foram "passear" no Egito, e por aí vai), deixaram o povo e as milícias terroristas rasas se estourarem, e voltaram depois cantando vitória - e Guilad continuou sequestrado.
Israel vem tomando outras medidas na direção da paz, entre elas retirar seus soldados de um vilarejo árabe na fronteira com o Líbano e entregá-la às forças de paz da ONU. A pedido da população, porém, os moradores do vilarejo manteriam carteiras de identificação israelenses e Israel manteria a ordem civil, digamos - energia elétrica, água, suprimentos, alimentos, etc. - enquanto a ONU garantiria a segurança. A situação é tão curiosa que o ministro Liberman esteve pessoal e amistosamente conversando com os moradores e acatou o pedido dos mesmos de permanecerem ligados a Israel. Portanto, sabem que não é tão ruim assim... ao contrário. E que talvez estariam em maus bocados sob um governo dominado em boa parte pelo Hizbolá, temendo talvez serem vistos como "traidores", "colaboracionistas da entidade sionista" e outros chavões. Simplesmente querem continuar vivendo em paz, trabalhar, enviar os filhos para a escola, passear - viver. E isto, sabem que têm em Israel. Curioso não é?
Bom, é prender a respiração, rezar pelo retorno de Guilad Schalit para casa, comemorar muito quando isso acontecer, se Deus quiser, na próxima semana - e depois segurar o rojão de 5 centenas de terroristas na rua novamente. Nada que Israel não esteja acostumado desde a criação do Estado em 1948.
Enquanto isso, para quem imagina este país como um apartheid, como é bom passear pela Tayelet, um parque lindo e arborizado no bairro de Talpiot, com uma das vistas mais famosas de Jerusalém - a cidade velha, com suas muralhas e o brilho dourado da cúpula da mesquita de Al-Aksa - entre turistas, cidadãos israelenses muçulmanos, judeus e cristãos. Gente correndo, velhos passeando, crianças brincando, casais de mãos dadas, em um lindo sábado de sol de outono. Não poderia ser sempre assim?
Guilad, já prá casa, estamos todos, a grande família Schalit, não vendo a hora de te dar um abraço.
Não se fala de outra coisa em rodas de amigos, nas ruas, na TV. Será desta vez? O país parece estar com a respiração em suspenso. O jornal Haaretz divulgou que os parentes do soldado sequestrado pelo Hamas há 3 anos, Guilad Schalit, encontraram-se com alguns ministros que supostamente sabem o que está acontecendo nos bastidores do acordo com o Hamas, de troca de centenas de presos palestinos em Israel pelo jovem Guilad. A reação da família é a mesma de toda Israel: alguns estão otimistas, outros nem tanto - não é a primeira vez que o Hamas vai, e volta atrás, e depois culpa Israel pelo fracasso do acordo.
Fala-se na libertação de centenas de presos, entre ele nada menos do que 450 assassinos, que em operações terroristas mataram uma pessoa, duas, até mesmo um que matou 65 israelenses. Libertar esta gangue é complicado: precisa-se estar muito convicto de que o país será capaz de evitar novos atentados e evitar novos sequestros.
O Hamas nos últimos dias divulgou que "fez um acordo geral" com todas as facções alocadas em Gaza para que não lancem foguetes Kassam sobre Israel. A notícia, vindo de que quem veio, causou surpresa e esperança de estarmos próximos a um acordo.
Por outro lado há quem opine que a libertação de meio milhar de assassinos significa uma tragédia para Israel, e que é preferível "colocar o Hamas de joelhos e forçar a libertação de Guilad Schalit" (palavras de um parlamentar de algum partido religioso da Knesset, agora na TV) a fazer qualquer acordo com terroristas. Esquecem-se que isto também foi tentado, em janeiro passado. Israel atacou Gaza não com todas as forças, mas com boa parte delas, como todos sabemos. Os líderes do Hamas enfiaram suas cabeças debaixo do chão (literalmente, em bunkers, túneis, alguns foram "passear" no Egito, e por aí vai), deixaram o povo e as milícias terroristas rasas se estourarem, e voltaram depois cantando vitória - e Guilad continuou sequestrado.
Israel vem tomando outras medidas na direção da paz, entre elas retirar seus soldados de um vilarejo árabe na fronteira com o Líbano e entregá-la às forças de paz da ONU. A pedido da população, porém, os moradores do vilarejo manteriam carteiras de identificação israelenses e Israel manteria a ordem civil, digamos - energia elétrica, água, suprimentos, alimentos, etc. - enquanto a ONU garantiria a segurança. A situação é tão curiosa que o ministro Liberman esteve pessoal e amistosamente conversando com os moradores e acatou o pedido dos mesmos de permanecerem ligados a Israel. Portanto, sabem que não é tão ruim assim... ao contrário. E que talvez estariam em maus bocados sob um governo dominado em boa parte pelo Hizbolá, temendo talvez serem vistos como "traidores", "colaboracionistas da entidade sionista" e outros chavões. Simplesmente querem continuar vivendo em paz, trabalhar, enviar os filhos para a escola, passear - viver. E isto, sabem que têm em Israel. Curioso não é?
Bom, é prender a respiração, rezar pelo retorno de Guilad Schalit para casa, comemorar muito quando isso acontecer, se Deus quiser, na próxima semana - e depois segurar o rojão de 5 centenas de terroristas na rua novamente. Nada que Israel não esteja acostumado desde a criação do Estado em 1948.
Enquanto isso, para quem imagina este país como um apartheid, como é bom passear pela Tayelet, um parque lindo e arborizado no bairro de Talpiot, com uma das vistas mais famosas de Jerusalém - a cidade velha, com suas muralhas e o brilho dourado da cúpula da mesquita de Al-Aksa - entre turistas, cidadãos israelenses muçulmanos, judeus e cristãos. Gente correndo, velhos passeando, crianças brincando, casais de mãos dadas, em um lindo sábado de sol de outono. Não poderia ser sempre assim?
Guilad, já prá casa, estamos todos, a grande família Schalit, não vendo a hora de te dar um abraço.
domingo, 22 de novembro de 2009
Comentário da Parashat Vaietsê
Folheto semanal "Congregar" da CIP, para o próximo Shabat
Uri Lam
“Quem sai na chuva é para se molhar.” Quem sair por aí, saiba que a vida lá fora não será fácil. Outros costumes, outra língua, outro mundo. O novo é imprevisível, sentimos que podemos arriscar, mas uma dia descobrimos que não podemos tudo.
Antes Jacob “vivia em tendas”. O aventureiro era seu irmão Esau. Mas havia chegado a hora de sair de casa. Ficar significava enfrentar a fúria do irmão, disposto a matá-lo por ter roubada a sua primogenitura. O “novo” era, apesar de tudo, Harán, a terra de parentes da família – nada mau, poderia ter pensado.
Foi em um ambiente pastoril que Jacob viu Raquel pela primeira vez. Já haviam lhe contado que era filha de Laván, seu tio. Foi amor à primeira vista. Como um cavalheiro, removeu a pedra da boca do poço, deu de beber ao rebanho apascentado pela jovem e, num gesto incomum, beijou-a – afinal, quem está na chuva... Clima de romantismo no ar. A amada o levou, quem sabe, à casa do futuro sogro, com quem aceitou os termos do acordo: trabalhar sete anos como pastor em troca de Raquel, a quem tanto amava, embora isto não fosse necessariamente recíproco: a Torá não diz uma única vez que Raquel amava Jacob.
A vida no campo era dura. Os dias de pastoreio não eram tão românticos como à primeira vista. O sol ardia de dia, as geadas castigavam à noite. As condições de trabalho não tinham graça: ao longo dos anos o sogro mudou seu salário por dez vezes – e pela insatisfação de Jacob, não foi para melhor. Quem chorava pela morte do bezerro não era Laván; o prejuízo era sempre de Jacob. Mas tudo valia à pena por Raquel. Até que chegou o dia do casamento. Na manhã seguinte... “Quem é esta, Lea?! E o nosso acordo? “Eu não lhe contei?”, diz o sogro, “Onde já se viu entregar a filha mais nova antes da mais velha? Este é o costume por aqui.”
Jacob não confiava mais no tio-sogro, mas não havia alternativa. Em novo acordo, aceitou trabalhar mais uma semana para casar-se com Raquel – e outros sete anos para pagar a dívida.
Estava formada a estranha família: Lea que amava Jacob que amava Raquel que não amava Jacob que não amava Lea. A irmã mais velha se iludiu pensando que conquistaria o amor de Jacob com filhos, e foi um atrás do outro. Raquel invejava tanto a irmã por isso que, imagina-se, em tom nada amoroso, exigiu de Jacob: “Dá-me filhos senão estou morta!” E Jacob retribuiu com juros: “Acaso estou por trás das decisões de Deus, que lhe impediu de ter filhos?” Em outras palavras: “Eu tenho lá culpa por você não conseguir engravidar?”
Os sábios do Talmud não gostaram nada da reação de Jacob. “Não se responde assim para quem está fragilizado”, enfiando o dedo na ferida, no que Raquel mais queria na vida, um filho. E mais: os rabinos notaram que ele disse: “Você não pode ter filhos”, como dizendo: “Eu posso, eu tenho filhos”. Conta um midrash que o próprio Deus repreendeu Jacob: “A sua esposa tão amada há anos tenta e não consegue ter filhos, e você fala com ela com tanta grosseria? Por isso no futuro os seus filhos (com Lea) terão que se acertar com o filho dela (José).” O resto da história nós conhecemos: ao venderem José como escravo e mentirem ao pai que ele morrera tragicamente, Jacob sofreu anos de luto. Já seus filhos com Lea passaram maus bocados nas mãos de José, agora braço direito do Faraó no Egito.
Quem está na chuva é para se molhar – e Jacob tomou um banho de como não se deve agir. Nas próximas semanas saberemos como ele aproveitou o aprendizado.
Folheto semanal "Congregar" da CIP, para o próximo Shabat
Uri Lam
“Quem sai na chuva é para se molhar.” Quem sair por aí, saiba que a vida lá fora não será fácil. Outros costumes, outra língua, outro mundo. O novo é imprevisível, sentimos que podemos arriscar, mas uma dia descobrimos que não podemos tudo.
Antes Jacob “vivia em tendas”. O aventureiro era seu irmão Esau. Mas havia chegado a hora de sair de casa. Ficar significava enfrentar a fúria do irmão, disposto a matá-lo por ter roubada a sua primogenitura. O “novo” era, apesar de tudo, Harán, a terra de parentes da família – nada mau, poderia ter pensado.
Foi em um ambiente pastoril que Jacob viu Raquel pela primeira vez. Já haviam lhe contado que era filha de Laván, seu tio. Foi amor à primeira vista. Como um cavalheiro, removeu a pedra da boca do poço, deu de beber ao rebanho apascentado pela jovem e, num gesto incomum, beijou-a – afinal, quem está na chuva... Clima de romantismo no ar. A amada o levou, quem sabe, à casa do futuro sogro, com quem aceitou os termos do acordo: trabalhar sete anos como pastor em troca de Raquel, a quem tanto amava, embora isto não fosse necessariamente recíproco: a Torá não diz uma única vez que Raquel amava Jacob.
A vida no campo era dura. Os dias de pastoreio não eram tão românticos como à primeira vista. O sol ardia de dia, as geadas castigavam à noite. As condições de trabalho não tinham graça: ao longo dos anos o sogro mudou seu salário por dez vezes – e pela insatisfação de Jacob, não foi para melhor. Quem chorava pela morte do bezerro não era Laván; o prejuízo era sempre de Jacob. Mas tudo valia à pena por Raquel. Até que chegou o dia do casamento. Na manhã seguinte... “Quem é esta, Lea?! E o nosso acordo? “Eu não lhe contei?”, diz o sogro, “Onde já se viu entregar a filha mais nova antes da mais velha? Este é o costume por aqui.”
Jacob não confiava mais no tio-sogro, mas não havia alternativa. Em novo acordo, aceitou trabalhar mais uma semana para casar-se com Raquel – e outros sete anos para pagar a dívida.
Estava formada a estranha família: Lea que amava Jacob que amava Raquel que não amava Jacob que não amava Lea. A irmã mais velha se iludiu pensando que conquistaria o amor de Jacob com filhos, e foi um atrás do outro. Raquel invejava tanto a irmã por isso que, imagina-se, em tom nada amoroso, exigiu de Jacob: “Dá-me filhos senão estou morta!” E Jacob retribuiu com juros: “Acaso estou por trás das decisões de Deus, que lhe impediu de ter filhos?” Em outras palavras: “Eu tenho lá culpa por você não conseguir engravidar?”
Os sábios do Talmud não gostaram nada da reação de Jacob. “Não se responde assim para quem está fragilizado”, enfiando o dedo na ferida, no que Raquel mais queria na vida, um filho. E mais: os rabinos notaram que ele disse: “Você não pode ter filhos”, como dizendo: “Eu posso, eu tenho filhos”. Conta um midrash que o próprio Deus repreendeu Jacob: “A sua esposa tão amada há anos tenta e não consegue ter filhos, e você fala com ela com tanta grosseria? Por isso no futuro os seus filhos (com Lea) terão que se acertar com o filho dela (José).” O resto da história nós conhecemos: ao venderem José como escravo e mentirem ao pai que ele morrera tragicamente, Jacob sofreu anos de luto. Já seus filhos com Lea passaram maus bocados nas mãos de José, agora braço direito do Faraó no Egito.
Quem está na chuva é para se molhar – e Jacob tomou um banho de como não se deve agir. Nas próximas semanas saberemos como ele aproveitou o aprendizado.
Quem está com a razão? Qual é a Halachá?
O caso da estudante de medicina que foi presa (e solta logo depois) porque usava talit e segurava um Sefer Torá em área próxima ao Kotel (não na área delimitada junto ao Muro das Lamentações, mas naquela área atrás, "aberta") levantou muita discussão em Israel e mesmo fora. Ao estudar um outro tema, sobre Filosofia da Halachá para o curso de Machshevet Israel (Pensamento Judaico), me deparei com o midrash abaixo.
Ele me fez recordar da famosa história do rabino que, diante de um casal em processo de separação, escutou os dois lados em separado e, no final, considerou que ambos estavam com a razão. A esposa do rabino, inconformada, questionou o marido: "Como assim, os dois têm razão, se um diz exatamente o oposto do outro?" E o rabino respondeu: "Sabe que você também tem razão?"
Midrash Tehilim (Salmos) 12
Rabi Ianai afirmou: Que não sejam consideradas as palavras da Torá como peças, pois a cada palavra do Deus Santo, Bendito Seja, a Moisés, Ele dizia: “Há 49 faces tahor (puro) e 49 faces tamê (impuro).”
(Moisés) perguntou: “Ribonô shel Olam, Soberano do Universo, até quando, para tratarmos do esclarecimento de suas palavras (da Torá)?”
(Deus) respondeu: “Até que se possa seguir a maioria. Se a maioria for a dos que impurificam, (será) tamê, impuro; se a maioria for a dos que purificam, (será) tahor, puro.”
O caso da estudante de medicina que foi presa (e solta logo depois) porque usava talit e segurava um Sefer Torá em área próxima ao Kotel (não na área delimitada junto ao Muro das Lamentações, mas naquela área atrás, "aberta") levantou muita discussão em Israel e mesmo fora. Ao estudar um outro tema, sobre Filosofia da Halachá para o curso de Machshevet Israel (Pensamento Judaico), me deparei com o midrash abaixo.
Ele me fez recordar da famosa história do rabino que, diante de um casal em processo de separação, escutou os dois lados em separado e, no final, considerou que ambos estavam com a razão. A esposa do rabino, inconformada, questionou o marido: "Como assim, os dois têm razão, se um diz exatamente o oposto do outro?" E o rabino respondeu: "Sabe que você também tem razão?"
Midrash Tehilim (Salmos) 12
Rabi Ianai afirmou: Que não sejam consideradas as palavras da Torá como peças, pois a cada palavra do Deus Santo, Bendito Seja, a Moisés, Ele dizia: “Há 49 faces tahor (puro) e 49 faces tamê (impuro).”
(Moisés) perguntou: “Ribonô shel Olam, Soberano do Universo, até quando, para tratarmos do esclarecimento de suas palavras (da Torá)?”
(Deus) respondeu: “Até que se possa seguir a maioria. Se a maioria for a dos que impurificam, (será) tamê, impuro; se a maioria for a dos que purificam, (será) tahor, puro.”
Segundo este midrash, as palavras da Torá não são como peças de um quebra-cabeças cuja combinação correta resulta em uma única solução correta, ou em uma única verdade indiscutível. De forma alguma. A Torá está aberta a diversas possibilidades de interpretação, sendo possível inclusive haver uma interpretação e o seu oposto como igualmente válidas e verdadeiras.
Os conceitos de tahor (puro) e tamê (impuro) também dependem do contexto; nem sempre o puro é o certo nem o impuro é sempre o errado. Por exemplo: conforme o Talmud, a escrita no pergaminho do Sefer Torá será válida “se impurificar a mão” ao ser tocada – aqui o tamê é o modo de atestar que a Torá é válida. Em outras palavras, o aparentemente inadequado, “impuro” ou errado pode ser a melhor opção e vice-versa. Tudo depende do contexto.
Mas Moisés, como legítimo representante dos seres humanos neste midrash, deseja uma resposta simples e direta. Ele quer saber qual é a halachá, a definição do “único modo correto de agir” que exclua todas as demais possibilidades. A resposta que Deus afirma é o princípio democrático tão judaico de que devemos conhecer todas as opções e a decisão a ser seguida será a escolhida pela maioria.
Quando isso acontecer, as demais opções permanecerão no nosso tesouro de possibilidades (neste caso, restariam simbolicamente 97 outras opções... nada mal). Nada impede que, em outra época, local e cultura, a halachá um dia determinada por certa maioria seja revista e outra das “faces da Torá” seja a escolhida pela nova maioria.
Por isso, quando alguém lhe disser, de forma definitiva e atemporal, a halachá, o modo judaico de agir em determinada situação, é X, e não se fala mais nisso - questione, leve em conta que há inúmeras outras possibilidades - inclusive o oposto de X.
Explicado por que a cada dois judeus há pelo menos três opiniões? É pouco; conforme o nosso midrash, para cada “convicção absoluta” há pelo menos outras 97 alternativas igualmente válidas.
Os conceitos de tahor (puro) e tamê (impuro) também dependem do contexto; nem sempre o puro é o certo nem o impuro é sempre o errado. Por exemplo: conforme o Talmud, a escrita no pergaminho do Sefer Torá será válida “se impurificar a mão” ao ser tocada – aqui o tamê é o modo de atestar que a Torá é válida. Em outras palavras, o aparentemente inadequado, “impuro” ou errado pode ser a melhor opção e vice-versa. Tudo depende do contexto.
Mas Moisés, como legítimo representante dos seres humanos neste midrash, deseja uma resposta simples e direta. Ele quer saber qual é a halachá, a definição do “único modo correto de agir” que exclua todas as demais possibilidades. A resposta que Deus afirma é o princípio democrático tão judaico de que devemos conhecer todas as opções e a decisão a ser seguida será a escolhida pela maioria.
Quando isso acontecer, as demais opções permanecerão no nosso tesouro de possibilidades (neste caso, restariam simbolicamente 97 outras opções... nada mal). Nada impede que, em outra época, local e cultura, a halachá um dia determinada por certa maioria seja revista e outra das “faces da Torá” seja a escolhida pela nova maioria.
Por isso, quando alguém lhe disser, de forma definitiva e atemporal, a halachá, o modo judaico de agir em determinada situação, é X, e não se fala mais nisso - questione, leve em conta que há inúmeras outras possibilidades - inclusive o oposto de X.
Explicado por que a cada dois judeus há pelo menos três opiniões? É pouco; conforme o nosso midrash, para cada “convicção absoluta” há pelo menos outras 97 alternativas igualmente válidas.
A vida seria mais simples se Deus nos desse uma única opção, mandasse e pronto. Mas a vida, graças a Deus (literalmente) é bem mais variada - e interessante - do que isso.
Boa semana!
Boa semana!
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Mulher detida no Muro das Lamentações por atitude indecente
acusação: cobrir-se com um talit e segurar um Sefer Torá.
Ela não estava junto ao Kotel ao ser presa, afirmam testemunhas.
Estava na passarela superior, quando a polícia a prendeu.
Outras 40 mulheres de talit liam na Torá na última 4a feira voltadas ao Kotel.
Milhares, talvez milhões de mulheres usam talit e lêem na Torá no mundo inteiro,
segundo o rabino Guilad Kariv.
Há 21 anos elas fazem a mesma coisa.
Todos os meses.
Agora, uma jovem foi presa.
Nem Anat Hoffman, presidente das Mulheres do Kotel,
Nem a rabina Jackie Ellenson.
Mas uma jovem estudante de medicina.
Rosh Chodesh, início de um novo ciclo.
Kislev,lua nova, comemoração feminina por natureza,
e registrada na tradição judaica.
Há 21 anos, em todo início de mês judaico,
estas mulheres se reúnem no Kotel
para rezar, estudar e ler na Torá.
Aliás, como quase todos e todas que vão ao Kotel.
O Kotel não é uma sinagoga ortodoxa,
O Kotel é propriedade de todo o Povo de Israel.
Mas na teoria a prática é outra.
E pela primeira vez uma Mulher do Kotel foi presa.
Motivos não faltam para esta p... (como diriam os sábios universitários da Uniban, em coro, homenageando com rara erudição a colega loira do vestido rosa), para esta louca, maluca, herege, cujas costas, ombros e peito estão cobertos por um talit.
trajes inadequados: cobrir-se com talit - acha que é homem agora?
falta de recato e atentado ao pudor (não, não foi na Uniban, foi no Kotel...)
atitude indecente: que pouca vergonha, uma mulher segurar Torá...
estupidez: estúpidas demais estas mulheres: agem pelo desejo egoísta de igualdade, e não em temor a Deus. Palavras do rabino Ovadia Iossef, o mais prolífico criador de pérolas como esta em Israel.
Uma mulher foi detida ontem no Kotel por atitude indecente.
Atitude indecente da polícia,
Atitude indecente do rabino do Kotel,
Atitude indecente das guardiãs do recato,
Atitude indecente de Ovadia Yossef.
Abençoe-se Quem nos criou à Sua imagem. Que baita paciência tem conosco.
acusação: cobrir-se com um talit e segurar um Sefer Torá.
Ela não estava junto ao Kotel ao ser presa, afirmam testemunhas.
Estava na passarela superior, quando a polícia a prendeu.
Outras 40 mulheres de talit liam na Torá na última 4a feira voltadas ao Kotel.
Milhares, talvez milhões de mulheres usam talit e lêem na Torá no mundo inteiro,
segundo o rabino Guilad Kariv.
Há 21 anos elas fazem a mesma coisa.
Todos os meses.
Agora, uma jovem foi presa.
Nem Anat Hoffman, presidente das Mulheres do Kotel,
Nem a rabina Jackie Ellenson.
Mas uma jovem estudante de medicina.
Rosh Chodesh, início de um novo ciclo.
Kislev,lua nova, comemoração feminina por natureza,
e registrada na tradição judaica.
Há 21 anos, em todo início de mês judaico,
estas mulheres se reúnem no Kotel
para rezar, estudar e ler na Torá.
Aliás, como quase todos e todas que vão ao Kotel.
O Kotel não é uma sinagoga ortodoxa,
O Kotel é propriedade de todo o Povo de Israel.
Mas na teoria a prática é outra.
E pela primeira vez uma Mulher do Kotel foi presa.
Motivos não faltam para esta p... (como diriam os sábios universitários da Uniban, em coro, homenageando com rara erudição a colega loira do vestido rosa), para esta louca, maluca, herege, cujas costas, ombros e peito estão cobertos por um talit.
trajes inadequados: cobrir-se com talit - acha que é homem agora?
falta de recato e atentado ao pudor (não, não foi na Uniban, foi no Kotel...)
atitude indecente: que pouca vergonha, uma mulher segurar Torá...
estupidez: estúpidas demais estas mulheres: agem pelo desejo egoísta de igualdade, e não em temor a Deus. Palavras do rabino Ovadia Iossef, o mais prolífico criador de pérolas como esta em Israel.
Uma mulher foi detida ontem no Kotel por atitude indecente.
Atitude indecente da polícia,
Atitude indecente do rabino do Kotel,
Atitude indecente das guardiãs do recato,
Atitude indecente de Ovadia Yossef.
Abençoe-se Quem nos criou à Sua imagem. Que baita paciência tem conosco.
Rabino Bloi: "Conversar com judeus reformistas ou conservadores é como participar da Parada do Orgulho Gay"
Em uma entrevista por telefone ao jornal israelense Jerusalem Post, o rabino-chefe de Ashkelon, Yossef Chaim Bloi, afirmou que não reconhecia as conversões de jovens realizadas enquanto serviam a Tzahal - o Exército de Defesa de Israel - apesar de serem estas conversões sob orientação ortodoxa. O rabino Bloi é parente de Amram Bloi, ex-líder do grupo ultraortodoxo e antisionista Naturei Karta. Sim, aqueles que vão abraçar Ahmadinejad no Irã e os líderes do Hamas em Gaza.
Segundo o rabino, para que uma conversão tenha efeito, a pessoa deve assumir um estilo de vida ortodoxo. E caso tempos depois retorne a uma vida não-ortodoxa, pode se assumir que nunca houve sincera intenção de se converter, e que a conversão simplesmente não ocorreu. Ou seja, encontrou-se um modo melhor do que anular um processo de conversão para invalidá-lo; simplesmente nega-se a realidade, nega-se que ocorreu e se faz de conta que nada houve. Algo como "Homens de Preto" e suas maquininhas que apagam a memória. Ou como o infame revisionismo histórico que nega o Holocausto.
Perguntado sobre o que pensava da ameaça do rabinato-chefe de Israel de punir rabinos que não reconhecessem as conversões ortodoxas feitas na Tzahal, ele explicou: "Eu creio que a maioria dos rabinos do Rabinato concordam comigo que não se pode aceitar um convertido que não aceite o estilo de vida ortodoxo. E de qualquer modo, estou me aposentando mesmo..." (ou seja, " o que me importa não é mesmo?")
Bloi recusou-se a participar de uma reunião na Knesset, o parlamento israelense com representantes dos movimentos judaicos Conservador e Reformista. "Eu até poderia conversar com judeus seculares", diz ele, "mas jamais estaria no mesmo espaço que um judeu reformista ou conservador para discutir sobre conversões. Seria como se estivesse participando de uma Parada do Orgulho Gay."
Para rompimento ou negação da realidade, tem remédio, tem terapia, tem tratamento. E para o preconceito e a discriminação, tem também?
Em uma entrevista por telefone ao jornal israelense Jerusalem Post, o rabino-chefe de Ashkelon, Yossef Chaim Bloi, afirmou que não reconhecia as conversões de jovens realizadas enquanto serviam a Tzahal - o Exército de Defesa de Israel - apesar de serem estas conversões sob orientação ortodoxa. O rabino Bloi é parente de Amram Bloi, ex-líder do grupo ultraortodoxo e antisionista Naturei Karta. Sim, aqueles que vão abraçar Ahmadinejad no Irã e os líderes do Hamas em Gaza.
Segundo o rabino, para que uma conversão tenha efeito, a pessoa deve assumir um estilo de vida ortodoxo. E caso tempos depois retorne a uma vida não-ortodoxa, pode se assumir que nunca houve sincera intenção de se converter, e que a conversão simplesmente não ocorreu. Ou seja, encontrou-se um modo melhor do que anular um processo de conversão para invalidá-lo; simplesmente nega-se a realidade, nega-se que ocorreu e se faz de conta que nada houve. Algo como "Homens de Preto" e suas maquininhas que apagam a memória. Ou como o infame revisionismo histórico que nega o Holocausto.
Perguntado sobre o que pensava da ameaça do rabinato-chefe de Israel de punir rabinos que não reconhecessem as conversões ortodoxas feitas na Tzahal, ele explicou: "Eu creio que a maioria dos rabinos do Rabinato concordam comigo que não se pode aceitar um convertido que não aceite o estilo de vida ortodoxo. E de qualquer modo, estou me aposentando mesmo..." (ou seja, " o que me importa não é mesmo?")
Bloi recusou-se a participar de uma reunião na Knesset, o parlamento israelense com representantes dos movimentos judaicos Conservador e Reformista. "Eu até poderia conversar com judeus seculares", diz ele, "mas jamais estaria no mesmo espaço que um judeu reformista ou conservador para discutir sobre conversões. Seria como se estivesse participando de uma Parada do Orgulho Gay."
Para rompimento ou negação da realidade, tem remédio, tem terapia, tem tratamento. E para o preconceito e a discriminação, tem também?
Falando em economizar água... o nível do Kineret
No Twitter há alguém que posta todos os dias em que nível está o lago Kineret, principal reserva de água de Israel. Vem chovendo bem nos últimos tempos, graças a Deus, mas ainda precisa chover muito mais para que o nível se estabilize.
Hoje por exemplo o nível do Kineret está, segundo "Kinbot" - a pessoa que publica no Twitter, em 214,29m, ainda 1,29m abaixo da linha vermelha, mesmo depois de tantas chuvas.
obs: algo me intrigou. Ao ver os posts do Kinbot, parece que o nível do Kineret se mantem quase estável desde dezembro de 2008, o que não é verdade. Acho que teremos que encontrar outra fonte de informação.
abraços
No Twitter há alguém que posta todos os dias em que nível está o lago Kineret, principal reserva de água de Israel. Vem chovendo bem nos últimos tempos, graças a Deus, mas ainda precisa chover muito mais para que o nível se estabilize.
Hoje por exemplo o nível do Kineret está, segundo "Kinbot" - a pessoa que publica no Twitter, em 214,29m, ainda 1,29m abaixo da linha vermelha, mesmo depois de tantas chuvas.
obs: algo me intrigou. Ao ver os posts do Kinbot, parece que o nível do Kineret se mantem quase estável desde dezembro de 2008, o que não é verdade. Acho que teremos que encontrar outra fonte de informação.
abraços
Já para o chuveiro! E ai de você se fizer xixi ali...
Na rádio CBN de São Paulo o jornalista Juca Kfouri apresenta uma seção chamada "Já Para o Chuveiro", destinada a jogadores, técnicos e gente do mundo do futebol que faça algo muito errado.
Este é o caso da jornalista Yael Darel, do Yediot Acharonot. Segundo sua matéria, "O Brasil deve aprender a economizar água com Israel para as Olimpíadas de 2016" (link em inglês aqui), a "televisão brasileira vem transmitindo nos últimos meses uma campanha pública pedindo à população para urinar durante seus banhos de chuveiro, a fim de economizar a água desperdiçada ao darem a descarga. A campanha foi um sucesso e contribuiu significativamente para os esforços de economia de água."
Mas não foi uma campanha pública, e sim um vídeo produzido pela Ong SOS Mata Atlântica. Se tivesse assistido ao menos ao filme, Yael não teria escrito o que escreveu. Por isso, já pro chuveiro, Yael! E ai de você se fizer xixi ali...
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