Shtreimel em cheque na Knesset
O shtreimel, chapéu de pele tradicional usado por judeus chassídicos da Galícia, Hungria e Romênia, pode se tornar raridade. A parlamentar Ronit Tirosh do partido Kadima (de Tzipi Livni) apresentou uma proposta na Knesset em apoio aos grupos de proteção aos animais pela proibição de peles para confecção dos shtreimels vindas do Extremo Oriente e da China, dada a crueldade com que são mortos os animais.
Por sua vez, o parlamentar do partido Iahadut Hatorá (Judaísmo da Torá) Menachem Eliezer Moses considera que a proposta atinge os charedim (ultraortodoxos) que têm o costume de usar seus shtreimels no Shabat e em feriados religiosos. Segundo o parlamentar “não há dúvida de que a crueldade para com os animais é proibida pela Torá. Mas (sempre tem um “mas”) judeus usam shtreimels há gerações.” O parlamentar Chaim Amsalem, do partido Shas (do rabino Ovadia Yossef), argumentou que a lei judaica permitiria causar alguma dor aos animais no caso de haver necessidade humana, desde que sejam evitadas dores desnecessárias. Por conta desta oposição, o voto à proposta está temporariamente adiado, provavelmente para sempre.
Só uma reflexão sem julgar o mérito da proposta. Por um lado comemos carne por uma necessidade humana – embora grupos que defendam a alimentação vegetariana estejam crescendo no meio judaico e entendam que a carne pode ser tranquilamente evitada sem prejuízos para a boa alimentação. Há que se pensar também se há outro motivo justo e ético para se matar animais, uma vez que hoje em dia há como substituir estas peles por outras sintéticas, como se fez com os casacos de pele e aquelas coisas horrorosas que não sei o nome, feitas de pele de raposa (embora eu tenha visto, espantado, dezenas destas peles sendo vendidas em bancas de camelôs na Polônia, durante a viagem da Marcha da Vida). Costumes são importantes, claro, e não acho que quem considere o uso do shtreimel importante continue usando. Mas que se possa pensar em alternativas aos bichos para a sua confecção.
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