terça-feira, 29 de junho de 2010

Os 50 rabinos mais influentes dos EUA
Tradução: Uri Lam
A revista norte-americana NEWSWEEK publicou a primeira lista lista por volta de abril de 2007, durante o feriado de Pessach, com a seguinte ressalva: "É uma lista subjetiva? Sim.” Agora no seu quarto ano, a lista inclui oito novos nomes e um novo rabino em primeiro lugar.
1.Yehuda Krinsky: líder do movimento Chabad-Lubavitch, Krinsky é a face contemporânea desta corrente chassídica. (2009 No. 4)
2.Eric Yoffie: representa mais de 1,5 milhão de judeus e mais de 900 sinagogas como presidente da Union for Reform Judaism (URJ). (2009 No. 8)
 3.Marvin Hier: fundador do Centro Simon Wiesenthal em Los Angeles, Hier segue em seu trabalho incansável no combate a questões como o antissemitismo, o dogmatismo e ódio. As muitas conexões de Hier com importantes líderes políticos e com figurões da indústria do entretenimento dá a ele uma plataforma internacional para falar sobre diversas questões que afetam o povo judeu. (2009 No. 2)
4.Mark Charendoff: líder no campo do futuro da filantropia judaica, Charendoff é o presidente da Jewish Funders Network, organização internacional de fundações familiares, entidades filantrópicas públicas e doadores individuais. (2009 No. 3)
5.David Saperstein: acabou de concluir seu mandato como o único rabino a servir o presidente norte americano Obama na Casa Branca na pasta de crenças religiosas e parcerias afins, Saperstein continua a atuar como uma grande influência em Washington em seu papel como diretor do  Religious Action Center (RAC) do Judaísmo Reformista. (2009 No. 1)
6.Schmuley Boteach: Autodenominado “O Rabino da América”, Boteach continua a compartilhar seus ponto de vista sobre casamento, relações familiars e relacionamento com o mundo, com presence regular no  popular The Oprah Winfrey Show, conselheiro de diversas celebridades em seus momentos de crise e com a pulbicação de seu novo livro, “The Michael Jackson Tapes”. (2009 No. 7)
7.Irwin Kula: escritor best-seller que atua  como co-presidente da CLAL (Centro Nacional Judaico de Ensino e Liderança – nos EUA). Conhecido nos EUA por seu comprometimento em reconstruir o perfil espiritual norte-americano. (2009 No. 10)
8.David Ellenson: sob sua liderança como presidente, o Hebrew Union College (HUC), de orientação reformista/progressista, continua a desenvolver, formar e apoiar as dinâmicas lideranças judaicas para o futuro. (2009 No. 5)
9.Robert Wexler: continua a influenciar gerações de estudantes e acadêmicos judeus como presidente da American Jewish University. (2009 No. 6)
10.Morris Allen: director de programa da Magen Tzedek, o selo de cashrut ético, Allen está mudando o modo como o mundo pensa o conceito de cashrut e os temas éticos que envolvem a questão de hechsher – a concessão do selo de “casher”. (Novo)
11.Uri D. Herscher: fundador, president e director geral do Skirball Cultural Center em Los Angeles. (2009 No. 9)
12.Norman Lamm: chancellor da Yeshiva University na cidade de Nova York. (2009 No. 14)
13.David Wolpe: considerado por muitos como o maior rabino de pulpit dos EUA e um dos grandes líderes do movimento Conservador, é rabino do Sinai Temple em Los Angeles. (2009 No. 11)
14.Yehuda Berg: conhecido como a liderança mundial do Kabbalah Centre. (2009 No. 13)
15.Joseph Telushkin: escritor best-seller e palestrante internacionalmente conhecido. (2009 No. 15)
16.Menachem Genack: diretor geral da Divisão de Cashrut da Orthodox Union, supervisiona e mantem diligentemente  as rigorosas exigências de cashrut em meio à série de recentes escândalos envolvendo produtos casher nos EUA. (2009 No. 17)
17.Ellen Weinberg Dreyfus: president da CCAR (Central Conference of American Rabbis), representa cerca de 2 mil rabinos reformistas e progressistas. (2009 No. 18)
18.Avi Weis: um dos líderes do movimento conhecido como Modern Orthodox, comanda o Hebrew Institute de Riverdale, Nova York. Recentemente provocou polêmica na comunidade ortodoxa com sua controversa decisão de conceder à sua estudante, Sara Hurwitz, o título de Rabá (Rabina). (2009 No. 38)
19.Jeffrey Wohlberg: presidente da Rabbinical Assembly, a associação internacional dos rabinos Conservadores. (2009 No. 19)
20.Steve Gutow: presidente e diretor geral do Jewish Council for Public Affairs, a agência de gerenciamento e relações públicas da comunidade judaica norte-americana. (2009 No. 20)
21.Yehiel Eckstein: fundador e president da International Fellowship of Christians and Jews, é reconhecido como uma liderança judaica mundial na relação com cristãos evangélicos. (Novo)
22. J.Rolando Matalon: Rabino Senior da Congregação B’nai Jeshurun (BJ) na cidade de Nova York, congregação com mais de 1.800 famílias associadas. (2009 No. 16)
23.Dan Ehrenkrantz: como presidente do Reconstructionist Rabbinical College, é reoconhecido como um dos maiores especialistas em temas ligados ao movimento judaico Reconstrucionista na história do judaísmo norte-americano. (Novo)
24.Haskel Lookstein: é o principal rabino da Ramaz School em Nova York e rabino da Congregação Kehilath Jeshurun. (2009 No. 22)
25.Sharon Kleinbaum: Rabina Sênior da Congregação Beth Simchat Torah, a maior sinagoga do mundo para judeus GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros). (2009 No. 25)
26.Jack Moline: líder espiritual da Congregação Gauds Achim em Alexandria, Vancouver, é  também o novo diretor de política pública da Rabbinical Assembly, do movimento do judaísmo Conservador. (Novo)
27.Steven Wernick: foi indicado como o novo vice-presidente executive e director geral da United Synagogue of Conservative Judaism. (Novo)
28.Art Green: decano da Escola Rabínica do Hebrew College, é reconhecido internacionalmente como um autoridade  em pensamento e espiritualidade judaica. (2009 No. 27)
29.Peter J. Rubinstein: Rabino Sênior da Central Synagogue de Nova York, congregação com mais de 1.700 famílias. (2009 No. 12)
30.M. Bruce Lustig: Rabino Sênior da maior sinagoga de Washington, a Washington Hebrew Congregation, com mais  de 3 mil membros. (2009 No. 26)
31.Sharon Brous: Fundadora da comunidade espiritual progressista de Los Angeles IKAR, Brous tem recebido atenção e aclamação internacional por sua liderança e impacto na comunidade judaica. (2009 No. 31)
32.Michael Siegel: Rabino Sênior da Congregação Anshe Emet em Chicago, também conhecido nos EUA como co-diretor geral da Comissão Heksher Tzedek, que cuida do selo de cashrut ético. (Novo)
33.Abraham Cooper: Decano associado do Centro Simon Weisenthal e do seu Museu da Tolerância, é conhecido internacionalmente como um ativista pelos direitos humanos e pelos direitos judaicos. (2009 No. 29)
34.Arthur Schneier: conhecido como o primeiro rabino a receber o Papa em sua Park East Synagogue em Nova York, também é o fundador e president da Appeal of Conscience Foundation. (2009 No. 36)
35.Ephraim Buchwald: fundador do National Jewish Outreach Program (Programa Nacional de Alcance Judaico, nos EUA), que combate casamentos inter-religiosos e assimilação. (2009 Ranking No. 35)
36.Sara Hurwitz: recebeu atenção nacional e internacional quando o rabino Avi Weiss (No. 18) concedeu a ela o título de Rabá (Rabina). Ela é considerada a primeira rabina ortodoxa ordenada nos Estados Unidos, e vem causando grande impacto nas áreas consideradas aceitáveis por mulheres ortodoxas modernas. (Novo)
37.Kerry M. Olitzky: diretor executivo do Jewish Outreach Institute, é uma das maiores lideranças rabínicas em favor de aproximação de famílias inter-religiosas e não-afiliadas nos EUA. (2009 No. 34)
38.Bradley Shavit Artson: Decano da Ziegler School of Rabbinic Studies na American Jewish University. (2009 No. 40)
39.Naomi Levy: considerada uma líder no Movimento Conservador, escritora e palestrante nacionalmente reconhecida nos EUA e fundadora e dirigente do Nashuva em Los Angeles, Programa que busca reaproximar judeus afastados. (2009 No. 39)
40.Harold Schulweis: considerado uma das principais vozes do movimento Conservador. Conhecido internacionalmente como fundador do Jewish World Watch. (2009 No. 21)
41.Marc Schneier: president e fundador da Foundation for Ethnic Understanding, que busca fortalecer as relações entre comunidades étnicas nos Estados Unidos. (2009 No. 33)
42.Zalman Schacter-Shalomi: conhecido como o fundador do movimento Jewish Renewal nos EUA. (2009 No. 45)
43.Elliot Dorff: diretor-geral do Comitê da Assembleia Rabínica para Lei e Parâmetros Judaicos, é um dos maiores líderes da equipe que trata de Halachá no Judaísmo Conservador. (2009 Ranking No. 41)
44.Bradley Hirschfield: defensor nacionalmente conhecido nos EUA pelo diálogo inter-religioso e pluralismo, é co-presidentd of CLAL. (2009 No. 42)
45.Steven Leder: Rabino Sênior do  Wilshire Boulevard Temple em Los Angeles e escritor best-seller. (volta à lista, da qual fez parte em 2008)
46.Ed Feinstein: Rabino Sênior da Congregação Valley Beth Shalom em Encino, California. (2009 No. 44)
47.David Stern: Rabino Sênior do Temple Emanu-El em Dallas, a maior congregação do Sudoeste norte-americano. (2009 No. 30)
48.Michael Paley: academic-residente e diretor do Jewish Resource Center da United Jewish Appeal (UJA) – Federação de Nova York. (2009 No. 50)
49.Jill Jacobs: especialista líder em temas de justice social judaica, rabino-residente no Jewish Funds for Justice. (2009 No. 48)
50.Mark Dratch: fundador do JSafe (Instituto Judaico de Suporte ao Ambiente Livre de Abuso), palestrante nacionalmente conhecido nos EUA e consultor em temas de violência doméstica, abuso de menores e assédio profissional na comunidade judaica. (Novo)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Congregar (CIP) Parashát Balac
A Torá do lado de fora e nós do lado de dentro? 
Uri Lam

Durante uma aula de Talmud nos foi pedido para escrever, na língua materna, o que viesse à mente sobre a frase: “A Torá do lado de fora e nós do lado de dentro”. Ao apresentar o que escrevi, em vez da ‘tradução simultânea’ para o hebraico, me foi pedido para ler... em português. Eu falava aos colegas numa língua que eles não entendiam. A sensação era perturbadora, pois por um lado me senti dono de uma informação à qual eles só teriam acesso se eu quisesse. Mas também me senti sozinho dentro de mim, com a Torá do lado de fora.
Foi quando me deparei com esta estranha passagem do Talmud: “Moisés escreveu o seu livro [a Torá] e a parashat Bilam” (Baba Batra 70b). Afinal, o relato de Bilam está dentro ou fora da Torá? Mas se nesta semana lemos na Torá que Bilam foi assediado por Balac, rei de Moav, para amaldiçoar o povo de Israel e no fim o abençoou com “Quão boas são as tuas tendas, Jacob, as tuas moradas, Israel”, o Ma Tovu que cantamos quando entramos na sinagoga!
Conta-se que Rabi Meir e Rabi Natan, desgostosos com Raban Shimon ben Gamliel, tramaram derrubá-lo do cargo de presidente do Bet Midrash (casa de estudos), mas o golpe fracassou e Shimon ben Gamliel ordenou que fossem expulsos, colocados para fora. No entanto, os dois contribuíam tanto para a compreensão da Torá que Rabi Iossei protestou: “A Torá fica do lado de fora e nós do lado de dentro?!” Shimon ben Gamliel decidiu que eles poderiam retornar ao Bet Midrash, mas de agora em diante os ensinamentos de Rabi Meir seriam citados como “acherim” (os outros) e os de Rabi Natan como “iesh omrim” (há quem diga) (Talmud, Horaiot 13b). Foi o modo encontrado para que a Torá deles permanecesse dentro da sabedoria judaica.
Mas e Bilam, o que alguém como ele, pronto para nos amaldiçoar, faz dentro da Torá? Ele é um profeta à altura de Moisés, o que levou Balac a convocá-lo como a derradeira chance de derrotar Israel. Onde está a diferença? Moisés faz o que Deus ordena, às vezes concorda, outras vezes discute ou se cala, mas age com integridade: ele faz o que pensa que deve ser feito. Bilam faz o que Deus ordena, mas o que faz nem sempre é o que pensa que deveria ser feito. Moisés ama os animais; o amor por seu rebanho o leva a encontrar Deus. Bilam maltrata o burro que só faz servi-lo, a ponto do animal ter que falar “o que eu te fiz para você me bater três vezes?” para Bilam entender que este salvara a sua vida. Em outras palavras: a Torá de Moisés − a sua relação com Deus, com os seres humanos e com as criaturas – é completamente diferente da Torá de Bilam.
Mesmo assim, lemos esta semana o relato sobre Bilam. Dentro da Torá. Mesmo que o Talmud diga que Moisés escreveu a sua Torá e o relato de Bilam em separado, é fato que Moisés não deixou a “Torá de Bilam” de fora da sua Torá. Que bom. O mesmo Bilam que poderia ter sido um pesadelo para Israel foi quem nos brindou com o Ma Tovu.
Conta-se que quando Amimar, Mar Zutra e Rav Ashi estavam juntos, foi proposto que cada um dissesse aos demais algo que jamais haviam escutado antes. Um deles falou: “Quem tiver tido um sonho e não souber dizer o sonhou, levante-se e diga: “Senhor do Universo... entre os sonhos que tive, dos que precisarem de cura, que sejam curados como pelas águas amargas das mãos de Moisés... e assim como Você fez com que a maldição de Bilam se tornasse uma benção, faça com que meus sonhos venham para o bem.” (Talmud, Brachot 55b)

sábado, 19 de junho de 2010

Editorial do jornal Jerusalem Post
Os Judeus Perdidos - Charedim estão abandonando os verdadeiros valores judaicos
Tradução: Uri Lam
O abandono coletivo dos autênticos valores judaicos parece ter passado dos limites na comunidade charedi. Nada mais pode explicar o fenômeno de dezenas de milhares de fanáticos religiosos, vestidos com chapéus e casacos pretos, congregados sob um escaldante sol do meio-dia para lutar pelo direito de discriminar seus irmãos judeus.
Um grupo de famílias charedis (ultraortodoxas) na cidade de Emanuel tem se recusado diligentemente há meses a acatar a decisão da Supremo Tribunal de Justiça israelense, que reflete o que a Supremo Tribunal de Justiça americano no caso Brown X Conselho de Educação decidiu legislar em 1954: a segregação é injusta. As famílias ashkenazis de Emanuel, a maioria delas membros do movimento chassídico conhecido como Slonim, recusaram-se a integrar suas filhas, alunas do ensino fundamental, a um grupo de seus pares sefardis. Em vez disso, eles insistem em manter uma “quota” de meninas safardis de “qualidade” que compõe cerca de um quarto de todos os alunos da escola, separando-se do restante das alunas. Ao mesmo tempo, eles insistem em receber o custeio financeiro integral do Estado de Israel para o seu empreendimento educacional segregado.
Os muros dentro da escola e no playground, que antes separavam as áreas “ashkenazi” e “sefardi”, foram postas abaixo por ordem do Tribunal de Justiça. Em decorrência disso, as famílias ashkenazis, em violação à lei de educação obrigatória, recusaram-se a enviar suas filhas à escola. Tentativas de se chegar a um compromisso foram refutadas por ordem do rabino Aharon Barazovsky, líder dos Chassidim Slonim. As famílias foram multadas por terem ido contra a decisão da justiça, o que não surtiu nenhum efeito. Finalmente, os juízes perderam a paciência e ordenaram que mães e pais fossem para a prisão durante as últimas duas semanas do ano escolar.
Alguém pode argumentar que o tribunal de justiça foi imprudente ao mandar prender pais e mães obstinados, mesmo por um curto período. Verdade, eles receberão condições especiais na prisão, incluindo celas separadas, mas eles não são criminosos no sentido convencional. Eles são culpados manter o parecer – generalizado na comunidade charedi – de que os sefardim são culturalmente inferiores aos ashkenazim. Até mesmo alguns sefardim partilham deste parecer, o que explica por que muitos – incluindo proeminentes parlamentares do partido (ortodoxo sefardi) Shas – optarem por enviar seus filhos para escolas ashkenazis, enquanto ao mesmo tempo lutam para garantir a manutenção de uma forte maioria ashkenazi.
Enquanto isso, durante as manifestações em massa da última quinta-feira (17/06/2010), que reuniram mais de 100 mil em Jerusalém e em Bnei Brak, os líderes charedis, em uma percepção contorcida da história, compararam a decisão do Supremo Tribunal aos incidentes de repressão perpetrado pelos gregos, pelos romanos, pela Rússia czarista e até mesmo pela Alemanha nazista.
O rabino Yosef Efrati, um protégé do rabino Yossef Shalom Elyashiv, a mais importante autoridade haláchica viva para os ashkenazis ultraortodoxos, comparou a tentativa do Supremo Tribunal de reunir estudantes de diversos backgrounds a idólatras que se esforçam para obrigar judeus a se curvar para uma estátua (acusou-os de avodá zará).
Não, rabino Efrati, concordar em estudar com colegas judeus provenientes de formações culturais diferentes como condição para receber fundos estatais não é idolatria – é agir como mentsch – como gente. Mesmo que os Chassidim Slonim não se beneficiassem da ampla generosidade do Estado sionista, eles deveriam aceitar meninas do ensino fundamental diferentes deles mesmos – mesmo aquelas com um nível mais baixo de observância religiosa – como uma expressão de respeito para com seus correligionários judeus. Esta é a maneira pela qual agem o Chabad e os sionistas religiosos, entre outros.
Chamar este tipo de acordo de avodá zará, de idolatria, é uma distorção do judaísmo. Compará-la com a situação na Rússia czarista revela uma total falta de apreço pelo papel do Estado Judeu em ajudar o judaísmo ultraortodoxo a se reconstruir depois do Holocausto. Graças à segurança fornecida pela Tzahal, as Forças de Defesa de Israel, pelos generosos fundos disponibilizados por sucessivos governos e pela isenção desfrutada pelos jovens homens charedis da obrigação para servir a Tzahal, hoje em dia há mais judeus religiosos dedicando-se ao estudo da Torá em tempo integral do que jamais houve na história. E eles têm o privilégio de fazê-lo na Terra de Israel, graças aos sionistas seculares cuja iniciativa rompeu quase 2 mil anos de exílio humilhante.
Tampouco a comunidade charedi parece apreciar a democracia de Israel. Apesar do curto prazo, a polícia resguardou com todo o cuidado o direito da comunidade ultraortodoxa de protestar contra a decisão do Supremo Tribunal. Os líderes charedis estavam livres para criticar publicamente o Tribunal e o Estado. Se um dia o ultraortodoxos se tornarem a maioria em Israel, será que eles tratariam os grupos minoritários de forma tão justa? Pergunte às meninas sefardis que foram colocadas do muro para fora em Emanuel.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

DECLARAÇÃO POR ISRAEL E PELA PAZ 
As comunidades judaicas da América Latina, representadas pelo Congresso Judaico Latino-americano, expressam seu pesar ante a violência e perda de vidas ocasionadas durante a ação do exército israelense no dia 31 de maio de 2010, através da qual teve que assumir o controle de um barco que se dirigia ilegalmente a Gaza.
Lamentamos que os organizadores desta ação política tenham se negado a utilizar os canais existentes para a entrega de ajuda humanitária na faixa de Gaza, tal como o fazem regularmente organizações como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e as Nações Unidas. Isto mostra que a operação não tinha uma finalidade "humanitária", senão que buscava apoiar a organização terrorista Hamas, que nega a paz e o direito à existência do Estado de Israel. Como ficou evidenciado, muitos dos tripulantes destes barcos não eram pacifistas, mas provocadores e extremistas.É preocupante que grande parte da cobertura mediática internacional tenha omitido o contexto geral do conflito Palestino-Israelense, que serviu de marco de repercussão para este incidente. Consideramos fundamental que as partes deste conflito reconheçam o mútuo direito à sua existência como estados soberanos, vivendo em paz e segurança, um ao lado do outro. Nos encoraja uma visão de dois estados – um judeu e outro palestino – vivendo em paz e segurança, prosperando e iluminando o mundo com a contribuição de suas culturas. Contudo, ainda há quem acredite na solução de um estado no lugar do outro, convocando à aniquilação do Estado de Israel. Esta é a posição do grupo terrorista Hamas e de países como a República Islâmica do Irã, que apóiam e financiam o terrorismo.
O povo judeu se caracteriza por seu pluralismo e diversidade. Porém, em nossas comunidades impera um denominador comum: o apoio ao Estado de Israel. É inaceitável que, com o pretexto de criticar ações de seu governo, se questione sua legitimidade e direito à existência. É igualmente preocupante que sob a fachada do anti-israelismo se mascare una nova forma do velho antissemitismo.
A história de nossa região tem provado que a convivência entre judeus e árabes é possível. Desejamos compartilhar com o mundo esta mensagem, e não importar para a nossa região um conflito que é alheio. Imploramos para que os governos de nossos países participem na criação de condições para o diálogo, repudiando a condenação automática que não contribui para o entendimento entre as partes, e só fortalece os violentos que instigam ou desenvolvem as ações como esta que hoje lamentamos.

Congreso Judío Latinoamericano | Congresso Judaico Latino Americano | Delegación de Asociaciones Israelitas Argentinas | Asociación Mutual Israelita Argentina | Círculo Israelita de La Paz – Bolivia | Confederação Israelita do Brasil | Comunidad Judía de Chile | Confederación de Comunidades Judías de Colombia | Centro Israelita Sionista de Costa Rica | Congregación B'nei Israel de Costa Rica | Comunidad Judía del Ecuador | Comunidad Israelita de El Salvador | Comunidad Judía de Guatemala | Comunidad Judía de Honduras | Comité Central de la Comunidad Judía de México | Congregación Israelita de Nicaragua | Congreso Judío Panameño | Consejo Central Comunitario Hebreo de Panamá | Comité Representativo Israelita del Paraguay | Asociación Judía del Perú | Comité Central Israelita del Uruguay | Confederación de Asociaciones Israelitas de Venezuela | Federación Sefaradí Latinoamericano | Confederación Latinoamericana Maccabi | WIZO – Latinoamérica | Na’amat | Consejo Internacional de Mujeres Judías | COSLA - Confederación Sionista Latinoamericana.
Uma simpática entrevista com Alejandro Eliahu

Esta simpática entrevista com Alejandro foi realizada na sinagoga Birkat Shalom, no Kibutz Gezer, em Israel. Alejandro é judeu espanhol e vem de uma família de bnei anussim, do que tem muito orgulho. Até poucos meses atrás vivia em Barcelona, onde faz parte de uma comunidade judaica liberal. Ale pensa no futuro em tornar-se rabino. Que Deus (e os amigos) lhe dê forças e coragem para esta empreitada, para que possa contribuir muito com a comunidade judaica na Espanha ou onde quer que os ventos o levem. Precisamos de mais gente como Alejandro.
abraços a todos.
Tommy Sands, A Voz da Razão, canta pela paz em Israel
 
Nestes tempos em que se dizer pacifista muitas vezes se tornou sinônimo do seu oposto, é reconfortante ver que ainda existem vozes que nos chamam à razão. Pacifistas que agem como pacifistas, que fazem da sua música, da sua arte, uma voz pela paz. 
Tommy Sands tem muita experiência em conflitos. O cantor de Folk, de 64 anos, tornou-se conhecido como A Voz da Razão durante as sangrentas batalhas entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte.
O cantor e compositor compôs a canção “Shores of Gaza”, canção escolhida para ser o tema do navio Rachel Corrie, que partiu da Irlanda no mês passado como parte da Flotilha de Gaza. provavelmente uma boa parte de todos os que viajaram realmente eram pacifistas, no sentido original do termo, e desejavam fazer algo pela paz.
Sua canção diz assim: 
We are sailing away, with hope in our soul, Sailing to say, “You are not alone.”
Sailing today, “Salam, Shalom,”, For peace on the shores of Gaza.

[Hoje estamos navegando com esperança na alma, navegando para dizer "Vocês não estão sós". Viajando hoje, "Salam, Shalom", pela paz nas praias de Gaza.]  
Sands chegou a Israel esta semana para duas semanas de  shows por todo o país: em Jerusalém, Tel Aviv, Zichron Yaacov, Meitar e Shorashim, bem como em Belém, Ramala e Nablus. Ele explicou que sua música é de paz e que o navio que veio da Irlanda com muitos de seus amigos a bordo era de fato humanitário, ao contrário dos propósitos do Mavi Marmara, onde um grupo linchou soldados israelenses com barras de ferro, facas e canivetes e tentou sequestrar alguns deles, causando o confronto que levou à morte de nove pessoas e feridos médios e graves de ambos os lados. “A canção fala de paz e inclui as palavras 'salam' e 'shalom’ (paz, em árabe e em hebraico). Eu não tomo partido de um dos lados. Minha canção é uma canção pela paz, não apenas para os palestinos, mas também para os israelenses”, declarou Sands no dia do seu primeiro show em Belém, na segunda-feira passada.
Ele ainda afirmou: "Na Irlanda costumamos dizer que para cada problema há uma solução. Mas, agora, talvez nós tenhamos alguma experiência que poderá contribuir para pôr fim aos problemas na sua região". O cantor folk acrescentou que sofreu seguidas pressões para cancelar sua visita, mas que veio porque sua intenção é cantar pela paz. “Diziam-me que era perigoso para ativistas pacifistas ir para Israel – que ativistas estavam sendo mortos. Respondi que existem muitos ativistas pacifistas em Israel, que eles são ótimos e é com eles que queremos demonstrar solidariedade”.
Que logo possamos ter paz nas praias de Gaza, que são as mesmas do litoral de Israel. Que possamos logo ter também paz nas praias de Zikim (ao lado de Gaza), de Ashdod, de Ashkelon, de Tel Aviv, de Natania, de Haifa... praias para onde, no ano passado, foram enviados de Gaza mais de duas dezenas de pacotes cheios de bombas prestes a explodir, que poderiam ter matado dezenas de civis inocentes. Praias onde, me recordo bem, em 1990 cerca de 10 lanchas levavam dezenas de terroristas com o intuito de matarem quantas pessoas encontrassem pela frente.
Que a voz de Sands, e dos verdadeiros pacifistas, seja ouvida. Que ser 'de esquerda' volte a significar o impulso para fazer a paz sem violência, sem discursos vazios e mentirosos, em defesa, de verdade, dos direitos humanos, de poder viver sem medo, de poder se viver sem que um doido ameace dia sim, dia também, explodir o lugar onde você vive e te jogar no mar.
Se a voz de Sands for escutada, os israelenses serão os primeiros a colocar o muro que separa Israel dos territórios palestinos abaixo, muro construído com o único intuito de prevenir os ataques dos famigerados homens-bomba que tantas mortes causaram em discotecas, ônibus e restaurantes em Israel.  Sem homens-bomba, sem mísseis kassam, sem muros.
Então poderemos cantar Shalom Aleinu, Saalam Aleikum, tudo junto.
 

domingo, 6 de junho de 2010

Ana Luiza, a médica brasileira no Exército de Israel e a Flotilha
recebi na última sexta-feira um e-mail da amiga Ana Luiza Tapia, um doce de pessoa que fez aliá há cerca de 2,5 anos e atualmente está servindo no exército, na área médica. Ela conta com suas palavras um pouco do que se passou por lá, na semana passada, quando um dos seis barcos, recebeu os soldados israelenses a cacetete, canivete, e vontade de matar um por um - algo realmente pacífico. Ana Luiza viu tudo. Ana é uma pessoa doce, dedicada aos amigos, séria em seu trabalho, e que faz o que pode para ajudar quem seja - e sou prova pessoal disso. Ana é pacifista no sentido original do termo: pessoa que deseja a paz e luta pela paz. Repasso exatamente como recebi, sem mexer em nada, e com autorização da própria Ana Luiza.
Que tenhamos todos uma semana de paz,
Uri Lam

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Oi a todos!
Primeiro quero agradecer a todos os e-mails preocupados. Eu estou bem, ótima. Eu peço desculpas por não escrever mais frequentemente, mas no exército é assim. Não temos tempo para nada. Sei que todos já estão cansados de ouvir falar do que aconteceu em Gaza nesta semana, mas como ouvi muitas asneiras por aí, resolvi contar a vocês a minha versão da história. Eu não quero que pensem que virei alguma ativista ou algo do gênero. Eu continuo a mesma Ana de sempre. Mas por ter feito parte desse episódio, não posso me abster de falar a verdade dos fatos.
EU ESTAVA LÁ! NINGUÉM ME CONTOU. NÃO LI NO JORNAL. NÃO VI FOTOS NA INTERNET OU VÍDEOS NO YOUTUBE. VI TUDO COMO FOI MESMO, AO VIVO E COM MUITAS CORES.
Como vocês sabem, eu estou servindo com médica na medicina de emergência do exército de Israel, departamento de trauma. Isso significa: medicina em campo.
4:30h da manhã de segunda-feira: meu telefone do exército começa a tocar. Possíveis conflito em Gaza? Pedido de ajuda da força médica, garantir que não faltarão médicos. Minha ordem: aprontar-me rapidamente e pegar suprimentos, o helicóptero virá me buscar na base. No caminho, me explicam a situação. Há um navio da ONU tentando furar a barreira em Gaza. Li todos os registros fornecidos pela inteligência do exército (até para entender o tamanho da situação).
O navio se aproximou da costa a caminho de Gaza. O acordo entre Israel e a ONU é que TODOS os barcos devem ser inspecionados no porto de Ashdod em Israel e todos os suprimentos devem ser transportados pelo NOSSO exército a Gaza. Isso porque AINDA HOJE, cerca de 14 mísseis tem sido lançados de Gaza contra Israel diariamente. E não podemos permitir que mais armamento e material para construção de bombas seja enviado ao Hamas, grupo terrorista que controla gaza. Dessa forma, evitamos uma nova guerra. Ao menos por agora.
O navio se recusou a parar. Disseram que eles mesmo entregariam a carga a Gaza. Assim, diante de um navio com 95% de civis inocentes (os outros 5% são ativistas de grupos terroristas aliados ao Hamas, que tramaram toda essa confusão), Israel decidiu oferecer aos comandantes do navio que parassem para inspeção em alto mar. Mandaríamos soldados para inspecionar o navio e se não houvesse armamento ele poderia seguir rumo a Gaza.
ESSA FOI UMA ATITUDE EXTREMAMENTE PACIFISTA DO NOSSO EXÉRCITO, EM RESPEITO AOS CIVIS QUE ESTAVAM NO NAVIO. E, SE NÃO HÁ ARMAMENTO NO NAVIO, QUAL É O PROBLEMA DE QUE ELE SEJA INSPECIONADO?
Os comandantes do navio concordaram com a inspeção.
5:00h - Minha chegada em Gaza. Exatamente no momento em que os soldados estavam entrando nos barcos. E FORAM GRATUITAMENTE ATACADOS: tiveram suas armas roubadas, foram espancados e esfaqueados. Mais soldados foram enviados, desta vez para controlar o conflito. Cerca de 50 pessoas se envolveram no conflito, 9 morreram. Morreram aqueles que tentaram matar nossos soldados, aqueles que não eram civis pacifistas da ONU, mas sim militantes terroristas que comandavam o grupo. Todos os demais 22 feridos entre os tripulantes do navio, foram ATENDIDOS E RESGATADOS POR NÓS, EU E MINHA EQUIPE E ENVIADOS PARA OS MELHORES HOSPITAIS EM ISRAEL.
Entre nós, 9 feridos. Tiros, facadas e espancamento. Um deles ainda está em estado gravíssimo após concussão e 6 tiros no tronco. Meninos entre 18 e 22 anos, que tinham ordem para inspecionar um navio da ONU e não ferir ninguém. E não o fizeram. Israel não disparou nem o primeiro, nem o segundo tiro. Fomos punidos por confiar no suposto pacifismo da ONU. Se soubéssemos a intenção do grupo, jamais teríamos enviados nossos jovens praticamente desarmados para dentro do navio. Ele teria sim sido atacado pelo mar. E agora todos os que ainda levantam a voz contra Israel estariam no fundo mar.
Depois de atender os nossos soldados, me juntei a outra parte da nossa equipe que já cuidava dos tripulantes. Mesmo com braceletes dizendo MÉDICO em quatro línguas (inglês, turco, árabe e hebraico) e estetoscópios no pescoço, também a nós eles tentaram agredir. Um deles cuspiu no nosso cirurgião. Um outro deu um soco na enfermeira que tentava medicá-lo. ALÉM DE AGRESSORES, SÃO TAMBÉM INGRATOS.
Eu trabalhei por 6 horas seguidas atendendo somente tripulantes do navio. Todo o suprimento médico e ajuda foram oferecidos por Israel. Depois do final da confusão o navio foi finalmente inspecionado. LOTADO DE ARMAS BRANCAS E MATERIAL PARA CONFECÇÃO DE BOMBAS CASEIRAS. ONDE É QUE ESTÁ O PACIFISMO DA ONU???
Na terça-feira, fui visitar não só os nossos soldados, mas também os feridos do navio. Essa é a política que Israel tenta manter: nós não matamos civis como os terroristas árabes. Nós não nos recusamos a enviar ajuda a Gaza. Nós não queremos mais guerra. MAS JAMAIS VAMOS PERMITIR QUE MATEM OS NOSSOS SOLDADOS.
Só milionário idiota que acha lindo ser missionário da ONU não entende que guerra não é lugar para civis se meterem. Havia um bebê no barco (que saiu ileso, obviamente): alguém pode explicar por que uma mãe coloca um bebê em um navio a caminho de uma zona de guerra? Onde eles querem chegar com isso? ELES NÃO ENTENDEM QUE FORAM USADOS COMO FERRAMENTA CONTRA ISRAEL, E QUE A INTENÇÃO NUNCA FOI ENVIAR AJUDA A GAZA E SIM GERAR POLÊMICA E CRIAR AINDA MAIS OPOSIÇÃO INTERNACIONAL.
E CONTINUAM SEM ENTENDER QUE DAR FORÇA AO TERRORISMO DO HAMAS, DO HEZBOLLAH OU DO IRÃ SÓ SIGNIFICA MAIS PERIGO. NÃO SÓ A ISRAEL, MAS AO MUNDO TODO.
E o presidente Lula precisa também entender que desta guerra ele não entende. E QUE O BRASIL JÁ TEM PROBLEMAS DEMAIS SEM RESOLVER. TEM MAIS GENTE PASSANDO FOME QUE GAZA. TEM MUITO MAIS GENTE MORRENDO VÍTIMA DA VIOLÊNCIA URBANA NO RIO DO QUE MORTOS NAS GUERRAS DAQUI. E PASSAR A CUIDAR DOS PROBLEMAS DAÍ. DOS DAQUI, CUIDAMOS NÓS.
Eu sempre me orgulho de ser também brasileira. Mas nesta semana chorei. De raiva, de raiva de ver que especialmente no Brasil, muito mais do que em qualquer outro lugar, as notícias são absolutamente destorcidas. E isso é lamentável. Não me entendam mal. Eu não acho que todos os árabes são terroristas. MAS SEI QUE QUEM OS CONTROLA HOJE É. E que esta guerra não é só contra Israel. O Islamismo prega o EXTERMÍNIO de TODO o mundo não árabe. Nós só somos os primeiros da lista negra. Por favor encaminhem este e-mail aos que ainda não entendem que guerra é guerra e que os terroristas não são coitadinhos. Eu prometo escrever da próxima vez com melhores notícias e melhor humor. Tenho algumas boas aventuras pra contar.
Um beijo a todos
Shabat Shalom
Ana

sexta-feira, 4 de junho de 2010

We are the World 2: Cale a boca e volte para Auschwitz

"Esta é a Marinha Israelense, vocês estão se aproximando de um área sob bloqueio naval."
"Cale a boca e volte para Auschwitz".
"Nós temos permissão da Autoridade do Porto de Gaza para entrar."
"Estamos ajudando os árabes a irem contra os Estados Unidos, não se esqueçam do 11 de setembro, caras".
We are the World: para um mundo sem noção, pacifistas de faca na mão
hay que endurecer, pero sin perder la ternura Hamas... 
Presidente "Lola" em programa de humor israelense
E o humor continua sendo o melhor antídoto e a melhor explicação para algumas montagens do absurdo. Tudo bem, somos um país muito retsinítchi (muitcho sério...)
Shabatchi Shalomi :-)) 

terça-feira, 1 de junho de 2010

Viagem de ajuda humanitária, pacífica... pacífica?

O comandante da flotila (as seis embarcações que pretendiam chegar a Gaza) afirmou na 6a feira passada, na TV palestina:
"Não permitiremos que os sionistas se aproximem de nós, e usaremos de resistência diante deles."
"Como eles empreenderão a resistência?"
"Eles resistirão com as unhas das mãos, eles são gente que busca o martírio por Alá, tanto quanto querem chegar a Gaza, mas o primeiro [o martírio] é mais desejável."
Senhores ou Escravos da Crise? 
Congregar CIP Parashá da semana: Shelach Lechá, Sivan 5770
Uri Lam 
Muitos anos haviam se passado desde o episódio em que o povo de Israel, prestes a receber as Tábuas da Lei, perdeu a paciência, não esperou Moisés descer do Sinai e passou a adorar o Bezerro de Ouro. Moisés, por outro lado, vinha de quarenta dias de isolamento, ele e Deus, no alto do Sinai, talvez no auge da realização de sua missão diante daquela multidão. Missão cumprida, poderia estar pensando. Sob o comando de Deus, aquele velho ex-pastor de cabras os retirou do Egito, das mãos do Faraó, da vida de escravos, e estava prestes a lhes entregar leis que estabeleciam direitos e deveres. Eles eram agora todos iguais, livres! Moisés estava pleno, seus olhos brilhavam, ele conseguira. Mas não. Ao olhar para baixo, lá estavam todos adorando a divindade egípcia. Uma onda de fúria tomou conta de Moisés. E lá se foram as tábuas, as leis, os direitos e deveres ao chão, estilhaçados. Enfurecer-se é mais do que ficar nervoso. É perder as estribeiras, descontrolar-se totalmente. Em vez de compartilhar da fúria de Moisés, Deus, que vê o que se passa de outro ângulo, chama à realidade, ordena que faça um novo par de tábuas e proclama: “O Eterno é um Deus piedoso e misericordioso, demora para se enfurecer...” (Êxodo 34:6)
Agora é chegado o momento de Deus sentir-se realizado. Ele retirou o povo do Egito, das mãos do Faraó, da vida de escravos, entregou-lhes leis e deveres, e agora estava prestes a lhes entregar a Terra de Canaã, que viria a ser a Terra de Israel. Antes ordena que sejam enviados dez dos maiores líderes do povo para irem à frente, a fim de conhecerem a nova terra. Assim como Moisés levara quarenta dias para descer do Sinai, eles levaram quarenta dias para retornarem de Canaã, e com eles cachos de uvas, romãs e figos. “A terra é fértil”, dizem eles a todos, “dela emana leite e mel, porém...” – e sempre tem um porém – “seus habitantes são fortes, suas cidades são muradas, e há filhos de gigantes”. E de uma hora para outra não havia mais leite nem mel. O povo só via gigantes e muros à sua frente e se desesperou. O desespero é outro lado da fúria. “Oxalá tivéssemos morrido no Egito ou no deserto!”
Furioso, Deus se volta para Moisés: “Até quando este povo me irritará, quando acreditará em mim? Vou feri-lo de morte e o exterminarei.” Esta é a vez de Moisés, vendo a situação de fora, chamar Deus à realidade e puxar por Sua memória: “Deus, faça como me disse: o Eterno demora para se enfurecer e é grande em misericórdia”. E Deus respondeu: “Salachti kidevarêcha, perdoarei, conforme tuas palavras”.
Vejamos agora a cena em um diálogo imaginado pelos sábios do Midrash.
Deus: Vou consumi-los na minha frente!
Moisés: Soberano do Universo, Você está furioso. Um escravo − se suas ações fossem boas e escutasse o seu senhor, e este o tratasse com bondade e serenidade − não respeitaria o seu senhor. Porém um escravo de cultura deficiente, ao agir mal, respeitaria o seu senhor quando este o tratasse com bondade e serenidade, conforme está escrito: “Não ligue para a teimosia deste povo, para a sua maldade” (Deut. 9:27).
Deus: Eu os perdoarei graças a você, Moisés.
Há momentos de crise que tiram até Deus do sério. Mas a fúria é como o fogo: descontrolada, não vê nada à sua frente. Consome e acaba com tudo, o que é bom junto com o que não é. A fúria não é a melhor resposta para os momentos de crise, ao contrário, só aprofunda as dificuldades.
A Torá nos ensina que antes de “quebrar as tábuas” ou de botar fogo em tudo, é aconselhável escutar um parceiro de confiança que esteja vendo a situação de fora. A uma certa distância do calor da crise, muitas vezes é possível enxergar onde há água para apagar o fogo, encontrar uma alternativa melhor e perdoar. E o que é perdoar: esquecer? Não. Perdoar é ser capaz de buscar uma solução justa para a crise. É agir como senhor da situação, não como seu escravo, com bondade e serenidade.