quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tommy Sands, A Voz da Razão, canta pela paz em Israel
 
Nestes tempos em que se dizer pacifista muitas vezes se tornou sinônimo do seu oposto, é reconfortante ver que ainda existem vozes que nos chamam à razão. Pacifistas que agem como pacifistas, que fazem da sua música, da sua arte, uma voz pela paz. 
Tommy Sands tem muita experiência em conflitos. O cantor de Folk, de 64 anos, tornou-se conhecido como A Voz da Razão durante as sangrentas batalhas entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte.
O cantor e compositor compôs a canção “Shores of Gaza”, canção escolhida para ser o tema do navio Rachel Corrie, que partiu da Irlanda no mês passado como parte da Flotilha de Gaza. provavelmente uma boa parte de todos os que viajaram realmente eram pacifistas, no sentido original do termo, e desejavam fazer algo pela paz.
Sua canção diz assim: 
We are sailing away, with hope in our soul, Sailing to say, “You are not alone.”
Sailing today, “Salam, Shalom,”, For peace on the shores of Gaza.

[Hoje estamos navegando com esperança na alma, navegando para dizer "Vocês não estão sós". Viajando hoje, "Salam, Shalom", pela paz nas praias de Gaza.]  
Sands chegou a Israel esta semana para duas semanas de  shows por todo o país: em Jerusalém, Tel Aviv, Zichron Yaacov, Meitar e Shorashim, bem como em Belém, Ramala e Nablus. Ele explicou que sua música é de paz e que o navio que veio da Irlanda com muitos de seus amigos a bordo era de fato humanitário, ao contrário dos propósitos do Mavi Marmara, onde um grupo linchou soldados israelenses com barras de ferro, facas e canivetes e tentou sequestrar alguns deles, causando o confronto que levou à morte de nove pessoas e feridos médios e graves de ambos os lados. “A canção fala de paz e inclui as palavras 'salam' e 'shalom’ (paz, em árabe e em hebraico). Eu não tomo partido de um dos lados. Minha canção é uma canção pela paz, não apenas para os palestinos, mas também para os israelenses”, declarou Sands no dia do seu primeiro show em Belém, na segunda-feira passada.
Ele ainda afirmou: "Na Irlanda costumamos dizer que para cada problema há uma solução. Mas, agora, talvez nós tenhamos alguma experiência que poderá contribuir para pôr fim aos problemas na sua região". O cantor folk acrescentou que sofreu seguidas pressões para cancelar sua visita, mas que veio porque sua intenção é cantar pela paz. “Diziam-me que era perigoso para ativistas pacifistas ir para Israel – que ativistas estavam sendo mortos. Respondi que existem muitos ativistas pacifistas em Israel, que eles são ótimos e é com eles que queremos demonstrar solidariedade”.
Que logo possamos ter paz nas praias de Gaza, que são as mesmas do litoral de Israel. Que possamos logo ter também paz nas praias de Zikim (ao lado de Gaza), de Ashdod, de Ashkelon, de Tel Aviv, de Natania, de Haifa... praias para onde, no ano passado, foram enviados de Gaza mais de duas dezenas de pacotes cheios de bombas prestes a explodir, que poderiam ter matado dezenas de civis inocentes. Praias onde, me recordo bem, em 1990 cerca de 10 lanchas levavam dezenas de terroristas com o intuito de matarem quantas pessoas encontrassem pela frente.
Que a voz de Sands, e dos verdadeiros pacifistas, seja ouvida. Que ser 'de esquerda' volte a significar o impulso para fazer a paz sem violência, sem discursos vazios e mentirosos, em defesa, de verdade, dos direitos humanos, de poder viver sem medo, de poder se viver sem que um doido ameace dia sim, dia também, explodir o lugar onde você vive e te jogar no mar.
Se a voz de Sands for escutada, os israelenses serão os primeiros a colocar o muro que separa Israel dos territórios palestinos abaixo, muro construído com o único intuito de prevenir os ataques dos famigerados homens-bomba que tantas mortes causaram em discotecas, ônibus e restaurantes em Israel.  Sem homens-bomba, sem mísseis kassam, sem muros.
Então poderemos cantar Shalom Aleinu, Saalam Aleikum, tudo junto.
 

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