Tu b’Shevat, o Ano Novo das Árvores
Uri Lam
“Porque o homem é como uma árvore no campo. Assim como o homem, a árvore também floresce” (Natan Zach, poeta israelense)
Tu b’Shevat, cujo nome se refere simplesmente ao dia 15 do mês judaico de Shevat (no próximo dia 20 de janeiro de 2011), é o Festival das Árvores. Em Israel, a data ocorre no meio da estação de inverno, época das chuvas. É por volta deste dia também que florescem as primeiras flores das amendoeiras, o que leva boa parte da população aos parques e bosques somente para admirar estas pequenas e delicadas flores brancas, que anunciam o despertar da natureza em pleno inverno e o início da preparação para a primavera.
O dia de Tu b’Shevat é conhecido também como o Ano Novo das Árvores, dedicado ao plantio de mudas, a saborear os mais diversos tipos de frutos das mais diversas árvores, e nos tempos atuais nos leva à reflexão sobre os desafios com os quais a sociedade moderna precisa se confrontar quanto à sua atitude em relação à natureza como um todo.
A origem de Tu b’Shevat situa-se no sistema de tributação dos hebreus antigos, que baseava-se principalmente no dízimo a ser pago pelo agricultor: o primeiro dízimo era para os levitas, homens dedicados à vida religiosa e aos estudos; o segundo dízimo era usado para proteger os peregrinos em suas jornadas e reforçar a solidariedade nacional; e uma terceira taxa servia para manter o sistema de apoio social voltado para os mais pobres.
Com a desintegração do antigo sistema de tributação na Terra de Israel, durante os primeiros séculos da era cristã, Tu b’Shevat tornou-se o dia em que os judeus passaram a se voltar para a plantação de árvores, na esperança de que estas pudessem fornecer o suficiente para satisfazer as necessidades do homem.
Na era moderna, o movimento sionista adicionou um novo significado para a data, pois o plantio de árvores se tornou um objetivo fundamental para tornar férteis e agradáveis extensas áreas desérticas de Israel. A árvore plantada foi convertida em símbolo do despertar de uma nação.
Assim como outros feriados judaicos, Tu b’Shevat sofreu alterações ao longo dos séculos. Nos últimos anos, as pessoas da nossa geração começaram a pensar em novos significados para o Festival das Árvores. Aprendemos que as relações entre o ser humano e a natureza atingiram uma crise que compromete a existência do Homem juntamente com a existência de seus outros parceiros da Criação.
Em Tu b’Shevat as pessoas também reforçam o valor do lugar da natureza para garantir o bem-estar do ser humano, a importância da natureza no fortalecimento da raízes de um povo à sua terra, e principalmente a importância da natureza por si mesma, por ser, assim como o ser humano, uma obra da Criação.
Vivemos tempos em que é chegado o momento, mais do que nunca, de marcar na agenda judaica e na agenda de todos os povos da Terra que temos a obrigação de tratar a natureza com humildade, sabedoria e respeito, no espírito do Décimo Mandamento: “Não cobiçarás”, sempre lido no Shabat após Tu b’Shevat como parte da parashát Itró, a porção semanal de leitura da Torá. Com toda a força que a natureza está demonstrando nas últimas semanas no Brasil e no mundo inteiro, Tu b’Shevat nos estimula decididamente a refletir sobre nossas crenças e tradições, e principalmente a agir de modo a estabelecer novas relações de parceria e respeito pelo ambiente natural que nos cerca e que faz parte integrante de nossas vidas. Que ao plantarmos árvores, façamos de Tu b’Shevat um festival de amor pela natureza.
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