No último dia, quando seguia para lá, viu um líquido fluindo pela terra cuja coloração era avermelhada e seu aroma era de vinho.
O ajudante lhe perguntou: “Você viu este líquido fluindo? Imagina-se que dela flua água, mas de cor vermelha e aroma de vinho?!”
Ele foi, provou da fonte e caiu imediatamente em sono profundo, por muitos anos, por setenta anos! Muitos soldados passaram por lá, com suas carroças de pertences (que se chamam obazin) logo atrás deles. O ajudante escondeu-se dos soldados. Depois veio uma carruagem e outras carroças, e lá se sentava a filha do rei. Ela parou perto dele, desceu, sentou-se ao seu lado e o reconheceu. Ela o agitou muito, mas ele nem se mexeu.
A princesa passou a se lamentar: “Por tantas tentativas e empecilhos enormes que ele teve, por tantos e tantos anos, para me tirar daqui, e por causa deste mesmo dia em que poderia ter me tirado, ele fracassou”.
Ela chorou muito por isso, “mas que pena dele e de mim, pois estou tanto tempo aqui e não posso sair.” Em seguida a princesa retirou o fátsheile (lenço) de sua cabeça, escreveu sobre ele com suas lágrimas, deixou ao lado dele, subiu e sentou-se em sua carruagem - e seguiu viagem.
Algum tempo depois o vice-rei despertou e perguntou ao ajudante: “Onde eu estou no mundo?”.
O ajudante lhe contou todo o ocorrido – que muitos soldados haviam passado por lá, que uma carruagem estivera ali, e que ela chorava muito por ele e gritava de pena por ele e por ela, e que logo depois disso ele despertou.
O vice-rei viu o fátsheile, o lenço, colocado ao seu lado, e perguntou: “De quem é isso?”.
Respondeu-lhe que ela escrevera sobre ele com suas lágrimas. Ele pegou o lenço, ergueu-o contra o sol, passou a enxergar as letras, leu o que lá estava escrito, todas as suas queixas e lamentações - e que neste momento ela já não estava lá naquele castelo. Em vez disso, que ele procurasse por uma montanha de ouro com um castelo de pérolas – “Lá você me encontrará!”.
Ele liberou o ajudante, deixou-o partir - e seguiu sozinho a procurar pela filha do rei. Andou muitos anos procurando por ela. Pensou consigo mesmo que logicamente a montanha de ouro com o castelo de pérolas não podem ser encontrados em nenhum povoado – pois ele era especialista em Mapa Mundi (que se chama Land Kart): “Por isso irei aos desertos”. E saiu a procurá-la pelos desertos por muitos e muitos anos.
Em seguida viu um homem enorme, que por definição não poderia ser humano de tão grande que era. O homem carregava uma grande árvore – em nenhum povoado havia árvore que se comparasse àquela.
O homem perguntou: “Quem é você?”.
Respondeu-lhe: “Eu sou um homem”.
O outro se surpreendeu e disse: “Porque faz tanto tempo que estou no deserto, e nunca vi um homem por aqui”. Então lhe contou todo o ocorrido anteriormente e que procurava por uma montanha de ouro com um castelo de pérolas.
Disse-lhe: “É lógico que isso não existe”, desencorajando-o. E seguiu dizendo que ele havia sido enganado por uma bobagem, pois era óbvio que uma coisa assim não existia em lugar nenhum.
O vice-rei começou a chorar muito: “Com certeza ele existe em algum lugar!”
O homem estranho que o machucou ao desencorajá-lo com suas palavras disse: “Não há dúvidas de que o que lhe disseram é uma bobagem”.
Mas o vice-rei respondeu: “Estou certo de que existe”.
O homem estranho disse para o vice-rei: “Em minha opinião isso é uma bobagem. Mas já que você é tão teimoso... Veja, eu sou o capitão de todos os animais. Por você eu convocarei a todos, pois eles se movem ao redor do mundo inteiro. Talvez um deles saiba algo desta montanha e deste castelo!” Convocou todos, do menor ao maior – todos os tipos de animais – e lhes perguntou - e todos responderam que nada viram. Então lhe disse: “Veja a bobagem que lhe contaram. Escute-me, volte de onde veio, é óbvio que você não irá encontrar, porque isso não existe no mundo”.
Mas o vice-rei insistiu muito e disse que este lugar obrigatoriamente deve existir, com certeza.
O homem estranho respondeu para o vice-rei: “Veja, lá no deserto está meu irmão. Ele é o capitão de todas as aves. Talvez elas saibam, porque elas voam alto no ar. Talvez tenham visto a montanha com o castelo. Vá e diga que eu mandei você até ele”.
O vice-rei continuou a procurá-la por muitos e muitos anos. Então outra vez encontrou um homem tão imenso quanto encontrara antes, carregando uma árvore tão enorme quanto antes. O homem lhe fez as mesmas perguntas feitas anteriormente, o vice-rei tornou a contar tudo o que ocorrera e que fora o irmão dele o enviara. Mas também este o desencorajou, porque era óbvio que este lugar não existia. Porém o vice-rei insistiu.
Então este segundo homem disse ao vice-rei: “Veja, eu sou o capitão de todas as aves. Irei chamá-las, talvez elas saibam.” Ele chamou todas as aves e perguntou a todas elas, da menor até a maior. Elas responderam que nada sabiam sobre uma montanha como um castelo, como antes.
O homem disse ao vice-rei: “Você não percebe o quanto é óbvio que este lugar não existe em canto algum do mundo? Se quiser me escutar, volte de onde veio, porque com certeza isso não existe.”
Mas o vice-rei insistiu e disse: “É claro que ele existe no mundo”.
Então este segundo homem disse para o vice-rei: “Mais adiante no deserto está meu irmão, que é o responsável por todos os ventos – e eles percorrem o mundo inteiro. Talvez eles saibam”.
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