Rebe Nachman de Breslav, do livro Sipure Maassiot, Primeira História
tradução: Uri Lam, jan. 2011/ Shevat 5771
Respondeu e disse: No caminho contei um caso, e todo aquele que escutou, refletiu sobre se voltar a Deus. Esta é a história:
Era uma vez um rei que tinha seis filhos e uma filha – e esta filha lhe era muito importante. Ele a considerava muito querida e tinha muito prazer em estar com ela.
Certa vez, quando estava junto dela em um determinado dia, ficou irritado com ela e da sua boca escaparam estas palavras: “Der Nit Guter zal dich nemen - O Mal que lhe carregue!” À noite ela foi para o seu quarto e pela manhã ninguém sabia onde estava. Seu pai ficou muito triste e saiu para procurá-la lá e acolá.
Ao ver o quanto o rei estava entristecido, o vice-rei levantou-se e pediu para que lhe dessem um ajudante, um cavalo e dinheiro para as despesas - e partiu em sua busca. Ele a procurou muito, por muito e muito tempo, até que a encontrou (agora eu conto como ele a procurou até encontrá-la).
Ele andou de um lugar para outro por muito tempo – nos desertos, nos campos e nos bosques - e continuou a procurá-la por muito tempo mesmo. Ao caminhar pelo deserto, viu uma trilha lateral e pensou consigo mesmo: “Uma vez que eu tenho andado por tanto tempo pelo deserto e não pude encontrá-la, seguirei por esta trilha. Talvez alcance algum povoado.” E continuou andando por muito tempo.
Depois viu um castelo (que se chama Shlass) com alguns soldados em guarda permanente em torno dele.
O castelo era muito agradável, bem construído e organizado, com seus soldados. Ele temeu que estes não o permitissem entrar, mas pensou consigo mesmo: “Eu irei e tentarei.”
Deixou seu cavalo e seguiu até o castelo. Eles o deixaram entrar e nem foram ao seu encalço. O vice-rei andava de sala em sala e ninguém o seguia, até que alcançou um grande salão e observou que lá estava o rei e sua coroa, com tantos soldados lá e outros tantos cantores com instrumentos diante dele. Aquele lugar era muito agradável e bonito. Nem o rei nem ninguém o questionaram em nada.
Ali ele viu iguarias e boa comida. Levantou-se, comeu, saiu e deitou-se em um canto para ver o que aconteceria. Viu que o rei deu uma ordem para que trouxessem a rainha e eles a trouxeram. Houve muito estardalhaço e grande alegria ali. Os músicos tocavam e cantavam muito enquanto traziam a rainha. Colocaram para ela um trono e a fizeram sentar-se nele, junto ao rei. Era a princesa. E ele, o vice-rei, a viu e a reconheceu.
Depois a rainha observou e notou alguém deitado num canto e o reconheceu. Ela ergueu-se do trono, dirigiu-se até ali, tocou-o e perguntou: “Ei, você me conhece?”.
E ele respondeu: “Sim, eu lhe conheço. Você é a filha do rei que está perdida. Como você chegou até aqui?”.
“Foi quando meu pai, o rei, deixou escapar de sua boca aquelas palavras; e aqui, este lugar, é o lugar do Mal”.
Ele contou para ela que seu pai estava muito triste, que a procurava há muitos anos, e perguntou: “Como posso tirar você daqui?”.
Ela respondeu: “É impossível você me tirar daqui, a menos que escolha para si um lugar e fique lá por um ano. Durante o ano inteiro você sentirá saudades e desejará me tirar daqui. Por todo o tempo que você tiver livre, sentirá somente saudades, e pedirá, e ansiará para me tirar daqui. Você irá jejuar. No último dia deste ano você deve estar em jejum e sem dormir por nenhum instante.” Ele foi e assim o fez.
Ao passar um ano, no último dia, ele estava em jejum e não dormia. Então se levantou e foi até lá. No caminho viu uma árvore da qual cresciam maçãs belíssimas. A vista era muito tentadora e ele parou para comer uma delas. Assim que comeu a maçã, caiu em sono profundo. Ele dormiu durante muito tempo. Seu ajudante tentava acordá-lo, mas ele não acordava.
Finalmente despertou de seu sono e perguntou ao ajudante: “Onde estou eu no mundo?”
O ajudante contou ao vice-rei o que havia acontecido: “Você dormiu por muito tempo, por alguns anos, e eu me mantive com os frutos”.
O vice-rei ficou extremamente entristecido consigo mesmo. Partiu para lá e a encontrou, mas ela estava muito triste com ele: “Porque se você tivesse vindo naquele dia, teria me tirado daqui, e por causa de um único dia você fracassou! Verdade que não comer é algo muito difícil, especialmente no último dia, pois é quando o mau impulso se fortalece mais”.
A filha do rei lhe disse que agora faria uma exigência mais branda e que não mais o advertiria para não comer, porque isso é muito difícil de cumprir: “Assim sendo, volte a escolher um lugar para você, fique lá também por um ano, como antes, e no último dia você poderá comer; só não pode dormir nem beber vinho, para que não adormeça, porque o principal é o sono”. Ele foi e assim o fez.
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