quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Rezar é diferente de rezar, que é diferente de rezar
Sempre fiquei admirado quando, ao chegar para o serviço de Shabat na CIP às 6as feiras, encontrava algumas pessoas que já haviam chegado muito antes e permaneciam sentadas já em seus lugares. Algumas em silêncio absoluto, outras folheando o sidur ou o comentário da parashá da semana.
No ano em que estive em Buenos Aires cheguei a ir algumas vezes ao Templo de La Libertad, a primeira grande sinagoga da Argentina. E lá novamente, uma hora antes do início do serviço religioso, na presença de não mais que umas 50 pessoas (a sinagoga tem lugar para centenas de pessoas) o rabino Sergio Bergman dirigia alguns exercícios de meditação, de modo que a semana, o trânsito e as preocupações ficassem do lado de fora, e do lado de dentro as pessoas se preparassem para receber o Shabat como se deve.
Em outras sinagogas em que estive havia aqueles que precisavam ocupar o tempo inteiro rezando, sem espaço para respirar, refletir, sentir, pensar. Só rezavam - prá cumprir com a obrigação.
Eis que encontro na Mishná - a obra ao redor da qual se desenvolve a tradição oral judaica, o Talmud - a seguinte passagem:
Só se levanta para rezar [a Tefilá] com grande concentração.
Os primeiros chassidim (judeus muito devotos) permaneciam uma hora [meditando]
e só então rezavam, para que dirigissem seus corações ao Deus Onipresente.
Até mesmo se um rei os saudasse, não retribuíam.
Até mesmo se uma serpente se enrolasse em seu tornozelo, não interrompiam.
(Mishná, Tratado Brachot 5,1)
Como é diferente
a) chegar, e rezar;
b) rezar, e rezar;
c) chegar uma hora antes, respirar, concentrar-se, e rezar.

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