quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Meu nome é Eldad, mas podem me chamar de Enéeeeeias
Nascido em 1950, Ariê Eldad é professor de Medicina e ocupa a primeira e única cadeira do partido Hatikva na Knesset, o parlamento israelense. O Hatikva, fundado em 2008, é conhecido também como Partido Sionista Nacional, parte da extrema-direita israelense - e bota extrema nisso.
Acredita no direito dos judeus se estabelecerem em todo o território da Terra de Israel - o que inclui a margem oriental do rio Jordão, ou seja, a Jordânia; obviamente a margem ocidental (Cisjordânia), Gaza, colinas do Golán. A proposta deste Enéias da política israelense com relação aos palestinos é encontrar para eles algum lugar nos países ocidentais e nos países árabes. O máximo de moderação é contentar-se com a margem ocidental e transferir os palestinos para a Jordânia.
Junte-se a esta ideologia do Hatikva-Partido Sionista Nacional - que "tão bem" faria à imagem de Israel diante de um mundo que nem precisa de partidos israelenses fascistas para nos tratarem como expansionistas, racistas, etc. - um brasileiro, filiado ao PSN, que defende a redefinição do conceito nacional israelense do que é ser judeu, de modo a satisfazer sua agenda política e incluir todo aquele que se define como ben anussim (ou anoussita, como ele chama) para que estes recebam o direito de aliá - provavelmente para fazer número nos territórios ocupados e forçar uma expulsão dos palestinos, garantindo uma "maioria judaica na Terra Bíblica de Israel".
O discurso muitas vezes é: "Se com os russos pôde, por que com a gente não?" Eu respondo rapidamente: (1) quanto aos russos foram 70 anos em que foram forçados a não viver como judeus; entre os descendentes de anussim foram 500 anos; (2) porque os russos que imigraram se encaixaram nas leis de aliá, comprovando ao menos um avô judeu - o que aqueles que são ou se consideram anussim em geral não têm como fazer, seja pelo estrago que o tempo fez, seja porque a Igreja não permitia emissão de documentos, seja porque há muitos que se dizem anussim que talvez nunca tenham sido; ou (3) há russos que falsificaram documentos (isso qq um pode fazer - e arcar com as consequências), de modo que cerca de 30% dos russos "judeus" eram cristãos, encheram as igrejas do país e são alvo predileto dos messiânicos de plantão. Certamente Israel aprendeu com os russos e não cometerá o mesmo erro.

Eu sempre digo que a democracia israelense testa os seus limites. Há desde os partidos de extrema-esquerda que falam em um estado binacional judaico-palestino - e entre estes os que pensam, mas não falam, em um estado somente palestino em todo o território; até a extrema-direita, religiosa ou laica, como esta do partido Hatikva-Partido Sionista Nacional, que prega a expulsão dos palestinos - cinicamente chamada de transfer - e sua ocupação com potenciais milhões de candidatos ao status de judeu, dentre os quais acredito haver e conheço descendentes de judeus que voltariam para casa, mas em paralelo a eles viriam junto milhões de pastores, de "roshis", de "israelitas", de Minim (Maaminê Ieshu), de mui-amigos da Torá que sonham em levar o povo judeu "a aceitar Jesus" (que Deus não permita e nos proteja). Se com os russos foram 30% de não-judeus, aqui, eu diria que o número seria muito maior. Então correríamos o risco de entregar Israel de bandeja às denominações evangélicas que, assim, acreditariam estar mais próximas do que nunca do retorno de Jesus.
Resta saber se em Israel estas coisas entram para o anedotário nacional, como ocorre no Brasil, ou se aqui há o risco de algum governo levá-los a sério.
Que Deus nos livre e guarde dos partidos fascistas entre nós, da manipulação, dos delírios de grandeza e dos pastores messiânicos que sonham nos evangelizar em nossa própria terra. Já temos inimigos de sobra.

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