quarta-feira, 10 de junho de 2009

Behaalotechá
(comentário para o Congregar desta semana, da CIP)
[13 de Junho de 2009/ 21 de Sivan de 5769]

O que têm a ver uma antiga arca, um candelabro de ouro e um submarino amarelo?
Era uma vez uma antiga arca. Alguns acham que sempre esteve cheia de objetos e pergaminhos, de reis e leis, de princesas e soldados, de profetas e inimigos. Homens e mulheres continuam até hoje tomando para si o que consideram importante da arca. Outros acham tudo isso uma loucura. Tem quem diga que está bem guardada em algum país da África, ou nos porões do Vaticano, ou ainda no deserto da Judéia, não, em Petra, na Jordânia. Nos séculos 19 e 20, muita gente esclarecida considerava a arca um museu abandonado e às escuras, no fundo de um oceano de ignorância.

Eis que no século 21 a antiga arca dá sinais de que ainda tem muitos tesouros a revelar. Um museu de grandes novidades. Basta acender a luz e passear pelas estantes empoeiradas, navegar pelas bibliotecas virtuais ou experimentar fortes emoções nas máquinas do tempo espalhadas por seus andares. É virar e revirar que está tudo lá, dizem.

Pois bem, a parashá desta semana vem para nos ensinar a iluminar o que há na arca. Aarão, o sacerdote, recebe de Moisés a orientação para se erguer e acender as luzes da Menorá. Nossos sábios comentam que três luminárias estavam voltadas para o oeste e três para o leste, enquanto a sétima brilhava no centro. A Menorá de ouro maciço multiplicava a luz de suas chamas e iluminava tudo ao redor.

Agora sim, com boa iluminação, podemos ler o maior tesouro da Arca, o Sefer Torá. Vamos abri-lo na parashá desta semana? Deixe-me procurar... aqui está: Behaalotechá. Estão vendo estas letras misteriosas, como se fossem dois “vav” invertidos que marcam uma conhecida passagem: Vaiehi Binsoa, “quando a Arca partia em viagem...”? (Números 10:35-36). Alguns comentaristas dizem que na verdade é um livro por si mesmo, inserido no meio do livro de Números e por isso recebeu esta marcação. Quanta coisa ainda há para conhecer, este é só o começo!

E o submarino amarelo, onde entra? Ora, ele é a nossa arca sagrada, o nosso museu de grandes novidades onde podemos estudar Torá dia e noite, independente se a maré está para peixe ou não. Quem o vê de fora o chamou de Submarino Amarelo por conta da luz dourada das chamas da Menorá que resplandece por seus vitrais. Alguns nos dão por desaparecidos, outros que o Submarino Amarelo nunca existiu, que os relatos sobre ele são parte de mitos inventados por povos muito antigos que nós, judeus, adotamos como sendo nossos e só nossos. Muitos decidem sair do submarino e nadar por conta própria, e muitos outros querem entrar. Quem sai não sabe em que águas entrará, e quem quer entrar não tem idéia de que não é fácil viver neste submarino amarelo, onde para cada dois marujos há três direções a seguir.

Há alguns anos quatro rapazes britânicos contaram ao mundo que souberam de um submarino amarelo por um viajante dos mares. Não sei de que submarino eles falavam, mas aviso aos navegantes: o nosso pequeno submarino amarelo está vivo, bem iluminado, e segue a sua rota.

Shabat shalom, de Jerusalém

Uri Lam

Nenhum comentário:

Postar um comentário