domingo, 29 de março de 2009

Israel é Brasil
reflexões sobre o ser judeu e sobre o já-foi-voltar-a-ser judeu

será que ainda neva este ano? estamos nas últimas chuvas. depois só em outubro...

e o Rubinho, ganha hoje?

Estive no Kibutz Gezer no Shabat, onde há a comunidade judaica reformista Bircat Shalom. Houve um lindo serviço religioso, com mais de 100 participantes na pequena, mas bonita, sinagoga. Tem algo de sonho em uma pequena sinagoga no campo.

Havia estudantes americanos e canadenses, israelenses de cidades próximas, como Tel Aviv e Raanana, peruanos olim chadashim de Ramle (cidade a 15 km do kibutz) e, claro, membros do kibutz e a rabina Miri Gold.

O kibutz Gezer conta hoje com 130 membros e mais um tanto de habitantes, ou seja, gente que aluga casas no kibutz, mas não é membro ativo do mesmo. Embora tenha mudado muito, a sensação de kibutz permanece - entende quem já esteve em kibutz por alguns meses, pelo menos. Muito verde, casas baixas, no máximo de 2 andares, ruas semi-asfaltadas ou de terra, gente vestida à vontade, pouca concentração, aliás, de gente. Como quase todo kibutz, ninguém sabe muito o que fazer com o cheder haochel, o refeitório, desativado. Alguns querem reativá-lo, outros sonham em transformá-lo em uma grande sinagoga (seria lindo).

O kibutz não tem campo de futebol, mas... tem o mais conhecido campo de beisebol do país. Quase todos os jogadores da seleção israelense de beisebol são de Gezer - ou de Modiin, que vêm treinar em Gezer. Kibutz de colonização americana, ma laassot:-) mas os latinos do kibutz já se movimentam para construir o primeiro campo de futebol do kibutz.

Foi emocionante encontrar os israelenses peruanos. Eles são parte daqueles judeus da Amazônia Peruana que, há alguns anos, receberam a visita de diversos rabinos conservadores e reformistas - ok, ortodoxos também - em Iquitos. Daqueles tantos, muitos imigraram para Israel e, para minha alegria, não para os territórios ocupados. Destes, alguns vêm se tornando ortodoxos; outros se aproximam da comunidade judaica reformista de Gezer, e outros ainda se tornam israelenses laicos, como a maior parte da população. São figuras!!! bigodes grandes, cabelos longos com rabo de cavalo, alguns com cabelos bem negros. Vêm compor a diversidade judaica em Israel.

Aliás, isso todo membro da comunidade judaica brasileira deveria ter como obrigatório, em uma visita a Israel: reparar que há judeus de todas as etnias possíveis e imagináveis, de todas as origens, e certamente miscigenados - com populações polonesas, russas, árabes, peruanas, brasileiras, anglo-saxônicas, japonesas, indianas, africanas, tailandesas. Impressionante, mas é assim. Neste sentido, Israel é Brasil. Quando a nossa coletividade entender isso, se entender, ao nos abrirmos, nos tornaremos mais judeus, mais próximos da realidade em Israel´.

a hipótese, como diria minha morá de matemática do Renascença, é: não se trata de assimilar-se, mas de assimilar. O que? traduza, meu caro. Em Israel milhares de descendentes de judeus que, ao terem vivido na Diáspora, casaram-se com pessoas não-judias e de algum modo se assimilaram, fazem o caminho da volta, e trazem consigo pessoas que agora assimilam os costumes judaicos, e se tornam tão judeus como nós. É como se víssemos, diante de nós, os processos que formaram as populações ashkenazi, sefaradi, italiana, mizrachi... como se tivéssemos sido congelados por algum tempo e agora estivéssemos descongelando. É uma visão, pelo menos, bem mais otimista que o alarmismo assimilacionista e sua reação de congelamento, fechamento e radicalização, reduzindo o judaísmo a uma ou duas de suas representações, e a meu ver, não as mais bonitas.

bom, um pouco de reflexão apenas. Que o povo judeu possa manter a sua diversidade, dos mais ortodoxos aos mais liberais, mas dentro dos limites do judaísmo. Que possamos também trazer nova gente para o nosso meio, no caminho inverso, assimilar, não ser assimilado. descobriremos que muitos que "se assimilarem ao judaísmo" já tinham ascendência judaica, e estão simplesmente voltando para casa. Podem vir com seus rabos de cavalo, olhos puxados, tererês, cabelos loiros claros ou escuros e lisos e crespos, peles de todos os tons e cores e jeitos, altos e baixos, gordos e magros. O judeu israelense - um mix da humanidade.

O limite é: sejam judeus - não missionários, sem essa de Yeshua, de boas novas, salvação no fim dos tempos, "união da igreja com a sinagoga"... com todo respeito, deixamos esta herança para nossos irmãos cristãos.

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