Merav Opher - brasileira premiada nos EUA na área de Astrofísica
a nota é longa, mas vale MUITO a leitura.
A astrofísica brasileira Merav Opher , 38 anos e radicada nos Estados Unidos, foi uma das ganhadoras do Presidential Early Career Award for Scientists and Engineers (Pecase), um disputado prêmio concedido a jovens pesquisadores nos Estados Unidos. Ela recebeu o prêmio na Casa Branca, no dia 19 de dezembro, das mãos do presidente George W. Bush, ao lado de outros 11 pesquisadores. Merav fez doutorado em astronomia na Universidade de São Paulo (USP) entre 1993 e 1998, como bolsista da FAPESP.
Família de Astrofísicos e Físicos

A especialidade de Merav é, bem, vamos lá: o cálculo do fluxo de partículas e dos campos magnéticos nas fronteiras do Sistema Solar. Ela se dedicou nos últimos anos a estudar a heliopausa, uma espécie de uma enorme bolha que contém o Sol e os planetas do Sistema Solar e funciona como um escudo que impede a invasão de raios cósmicos galácticos. É sério, embora pareça história de Flash Gordon! A milhões de quilômetros para lá de Plutão, a heliopausa choca-se contra uma gigantesca nuvem interestelar de gás e poeira em movimento que cruza seu caminho.
A pesquisadora se interessou pela física espacial por influência do pai, o físico Reuven Opher, há pelo menos duas décadas professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da USP. Sua irmã gêmea, Michal, hoje é professora da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Suas linhas de pesquisa envolvem as áreas de fotônica e nanotecnologia.
Formação Judaica
Merav e Michal estudaram no Colégio Beit Chinuch (Iavne), em São Paulo, uma tradicional escola religiosa judaica. “Embora meus pais não sigam a religião, me colocaram numa escola religiosa para que eu aprendesse bem o hebraico”, afirma. Elas também frequentaram movimentos juvenis judaicos, como o Bnei Akiva e o Masada, ambos então no Bom Retiro. Merav Graduou-se em física na USP entre 1989 e 1992 e, logo em seguida, fez doutorado no IAG, orientada pelo próprio pai.
Bem, aí voltamos à história que é real, mas parece ficção científica. Merav foi aos EUA, ao Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e procurou a física Paulett Liewer, referência no estudo das interações dos ventos solares no meio interestelar. “Ela me contratou na hora”, recorda-se. Entre 2001 e 2004, fez pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), ao qual o laboratório da Nasa é vinculado.
Segundo Merav, "A formação dos brasileiros não deixa nada a desejar à de outros países e não entendo por que os nossos pesquisadores às vezes se sentem intimidados quando vêm trabalhar nos Estados Unidos”, afirma a astrofísica, que se diz aberta a receber novos bolsistas do país. Quem se habilita a esta viagem interestelar?
Merav e Michal foram amigas de adolescência. Havia uma turma boa, formada de jovens judeus brasileiros e filhos de israelenses. Michal, Merav, Ido, Nir, Mucky, Fred, Soni, Michel, eu e mais uns tantos. Dá prá dizer que nos divertimos muito.
É uma alegria saber que os amigos vão longe, mas ninguém imagina que alguém um dia chegaria tão longe, até uma bolha que, milhões de quilômetros prá lá de Plutão, de algum modo protege o nosso humilde sistema solar e permite a vida na Terra. É de se sentir um pó cósmico ambulante.
Merav, parabéns, kol hakavod!!
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