segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sétimo dia de Pessach – dia de nos alegramos com nossa salvação, não com a derrota dos inimigos
Uri Lam, baseado no estudo do Rabino Shlomo Fox, HUC  
O que vem nos ensinar a evidência de que o mandamento de considerar o sétimo dia de Pessach como Chag foi dado antes do Êxodo do Egito?
Êxodo 12:14-17
E este dia vos será por memória, e vocês o celebrarão como Chag para o Eterno por suas gerações, celebrarão por estatuto perpétuo. Vocês comerão matsot por sete dias. Assim, no primeiro dia vocês removerão o fermento das suas casas, porque todo aquele que comer chamets, esta alma (pessoa) será cortada de Israel do primeiro ao sétimo dia. E no primeiro dia haverá mikrá kódesh (convocação sagrada); e no sétimo dia haverá mikrá kódesh; nenhuma obra se fará neles, apenas o que for consumido por cada alma, somente isso farão para vocês. Preservem (Chag) Hamatsot, porque basicamente neste dia tirei seus exércitos da terra do Egito; então vocês preservarão este dia por suas gerações por estatuto perpétuo.
  
Por que nos foram ordenados dois dias de chag antes do Êxodo?
Segundo o Midrash, sabemos que no sétimo dia de Pessach iniciou a abertura do Mar Vermelho e, assim sendo, somente depois de ocorrido o evento é que poderíamos nos referir a ele – mas nos versículos acima fica claro que o mandamento ocorreu antes do evento.
E eis que os egípcios foram afogados no Mar Vermelho no sétimo dia de Pessach (Talmud Bavli, Sotá 12). Porém como foi dito que também o sétimo dia é mikrá kódesh, poderia se imaginar que Deus ordenou que nos alegrássemos com a derrota dos inimigos.
Vejamos a interpretação que consta no Talmud (Meguilá 10b): “E não lutarão uns contra os outros”, pois O Sagrado bendito Seja não fica feliz com a queda dos malvados.
Portanto, foi dito na terra do Egito que se faria Chag no sétimo dia para ensinar que a festividade, que lhes foi ordenada antes que os egípcios se afogassem no mar, não comemora a queda dos egípcios.
Essa explicação é coerente com a prática de mergulhar o dedo em um copo de vinho enquanto se pronunciam as dez pragas do Egito e de retirar gotas de vinho com o dedo ao escutá-las, para que o copo não esteja cheio e se reconheça a dor das outras pessoas.

Talmud Bavli, Meguilá 10b
Rabi Iehoshua ben Levi fez uma introdução à seguinte passagem da Torá (Deut. 28:63): “E será que, assim como o Eterno tinha prazer com vocês para lhes fazer o bem e os multiplicar, do mesmo modo o Eterno terá prazer em os perder e destruir; e vocês serão arrancados da terra na qual vocês vêm para possuí-la”.
Será unilateral a alegria do Sagrado Bendito Seja com a queda dos malvados? Eis que está escrito (2 Crônicas 20:21): “...no êxodo diante do exército, e dizerem: Hodu L’Adonai ki leolam chasdô (Agradeçam ao Eterno, porque sua benignidade é para sempre)”.
Rashi explica esta passagem do livro de Crônicas, que foi ao sairem para lutar com os povos de Amon e Guivon que vieram contra.
Rabi Yochanan perguntou: “Por que não foi dito [Agradeçam ao Eterno] que é bom [porque sua benignidade é para sempre]”?
Rashi acrescenta: “Em outras palavras: é bom que não fizeram ironias sobre isso” – quer dizer, o Sagrado Bendito Seja não poderia se alegrar com a queda dos inimigos.
Rabi Yochanan disse: “Onde está escrito? (Êxodo 14:20): "ולא קרב זה אל זה כל הלילה"
 “e não lutou um contra o outro durante toda a noite”.
Aos anjos é proibido cantar – os seres humanos não podem ajudar, mas cabe a nós recordar que a alegria deve ser sobre o nosso resgate e jamais seja sobre aqueles que pagam o preço pelos erros de seus líderes.

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