Uma comunidade ortodoxa moderna. Existe um bicho destes.
Rivka Luvitch, conselheira rabínica ortodoxa, 23/12/2009
Tradução: Uri Lam, 14/01/2010
Há 30 anos foi fundada em Jerusalém a Kehilát Iedídia, que decidiu levar ao limite a ideia da igualdade para as mulheres na sinagoga. Desde então este limite se estendeu e este espírito se espalhou por todos os cantos de Israel. Rivka Luvitch passou um Shabat lá e voltou gratificada de ver sonhos realizados. Este é o seu relato.
No último Shabat me convidaram a abrir o Aron Hacódesh. Eu educadamente recusei. “Então talvez você queira carregar a Torá na ezrat nashim (o setor das mulheres)”? Também recusei esta proposta educadamente, por razões pessoais – eu ainda vivo dentro da minha bolha tradicional – embora conheça essas coisas principalmente de livros, artigos ou palestras que eu mesma dei ou escutei nas últimas décadas. Porém admito que me inflei inteira de satisfação com a oferta. Não é todo dia que recebo uma proposta destas em uma sinagoga ortodoxa. Sentei-me mais para trás e assisti como convidada o que estava acontecendo. Foi maravilhoso. Derramei uma lágrima quando beijei a Torá que passava entre as mulheres – sorri em meu coração durante todo aquele maravilhoso serviço religioso.
Rivka Luvitch, conselheira rabínica ortodoxa, 23/12/2009
Tradução: Uri Lam, 14/01/2010
Há 30 anos foi fundada em Jerusalém a Kehilát Iedídia, que decidiu levar ao limite a ideia da igualdade para as mulheres na sinagoga. Desde então este limite se estendeu e este espírito se espalhou por todos os cantos de Israel. Rivka Luvitch passou um Shabat lá e voltou gratificada de ver sonhos realizados. Este é o seu relato.
No último Shabat me convidaram a abrir o Aron Hacódesh. Eu educadamente recusei. “Então talvez você queira carregar a Torá na ezrat nashim (o setor das mulheres)”? Também recusei esta proposta educadamente, por razões pessoais – eu ainda vivo dentro da minha bolha tradicional – embora conheça essas coisas principalmente de livros, artigos ou palestras que eu mesma dei ou escutei nas últimas décadas. Porém admito que me inflei inteira de satisfação com a oferta. Não é todo dia que recebo uma proposta destas em uma sinagoga ortodoxa. Sentei-me mais para trás e assisti como convidada o que estava acontecendo. Foi maravilhoso. Derramei uma lágrima quando beijei a Torá que passava entre as mulheres – sorri em meu coração durante todo aquele maravilhoso serviço religioso.
Certamente vocês já adivinharam. Eu rezei na Sinagoga Iedídia.
A Sinagoga Iedídia é uma comunidade ortodoxa moderna. Foi fundada há 30 anos por um grupo de pessoas, sob a liderança da doutora Dvora Vaisman, que assumiu a ideia de avançar a questão da igualdade para as mulheres na sinagoga até o limite. Bem entendido, até o limite daquela época.
Funciona Assim
A Sinagoga Iedídia é uma comunidade ortodoxa moderna. Foi fundada há 30 anos por um grupo de pessoas, sob a liderança da doutora Dvora Vaisman, que assumiu a ideia de avançar a questão da igualdade para as mulheres na sinagoga até o limite. Bem entendido, até o limite daquela época.
Funciona Assim
Naquele tempo o limite era o seguinte: a mechitsá passou para o centro da sinagoga de modo a dividir o salão em duas partes de mesmo tamanho. O chazán (cantor litúrgico) e a bimá (local de onde o serviço religioso é dirigido) ficam localizados no centro, e não do lado dos homens. O Sefer Torá passa pelo setor dos homens e depois segue adiante e vai em direção ao setor das mulheres nas mãos de uma mulher previamente convidada para isso. Uma mulher abre o Aron Hacódesh (a Arca Sagrada). Durante o serviço religioso as mulheres cantam em harmonia com os homens, e nenhuma delas precisa se preocupar que alguém sugira a ideia de nos calarmos porque “a voz da mulher é como a nudez”.
Embora os homens dirijam o serviço conforme o costume das sinagogas ortodoxas, uma vez em cada tantas semanas tem leitura das mulheres na Torá, que é realizada em outro salão e conduzido apenas por mulheres. A leitura das meguilot nas diversas festividades religiosas é feita por homens e mulheres juntos. Uma mulher se levanta diante da comunidade para rezar a Oração pela Paz do Estado de Israel e também para o Mi Sheberach, a oração em favor das pessoas enfermas. Não é preciso dizer que as mulheres assumem parte da gabaút (auxílio ao serviço religioso) e na condução dos serviços religiosos na sinagoga, bem como também fazem comentários sobre a leitura da Torá. No Kidush após o serviço, também uma mulher pode santificar o vinho, fazendo assim com que a comunidade cumpra com a sua obrigação. E como eu quase esqueci – as mulheres dizem Cadish.
Hoje em dia, obviamente, o limite está completamente em outro lugar, e aos olhos de muita gente a Comunidade Iedídia já é considerada muito tradicional. Há minianim ortodoxos nos quais as mulheres ficam na teivá (o espaço com a mesa sobre o púlpito) em boa parte das rezas, e sobem e leem na Torá em leitura compartilhada com os homens. Tudo isso sem abrir mão da mechitsá. No entanto, apesar dos meus anos de ativismo feminista, abri mão de lutar comigo mesma e com os outros, abri mão da pequenez e abri mão das amarguras.
Eu só posso ficar feliz com o fato de um sonho ter sido realizado. Talvez não eu o tenha realizado – mas outras o realizaram. Estou feliz principalmente pelo fato de que os sonhos se realizam, mesmo quando são complicados, e com certeza eu me vejo como parceira virtual da comunidade que realizou veste antigo sonho das mulheres dentro do espaço da sinagoga e do serviço religioso. Tudo o que é possível atualmente é observar o conceito de “até o limite” se espalhar por outros minianim por todos os cantos de Israel. Levará tempo – mas irá acontecer.
O meu sonho
Eis que hoje estou em outra história. Busco realizar este mesmo sonho no Bet Din (Corte Rabínica) e em tudo o que estiver ligado ao papel pessoal das mulheres no judaísmo. E isto, senhoras e senhores, é muito mais difícil. Pouquíssimos homens entendem o sonho, e pouquíssimos homens estão preparados para seguir “até o limite”. E entre os homens que debatem, entendem e estão preparados, pouquíssimos deles são rabinos ou poskê halachá (legisladores das leis judaicas). Mas eu não fico amargurada – porque já tenho experiência e já vi que os sonhos podem ser realizados.
Embora os homens dirijam o serviço conforme o costume das sinagogas ortodoxas, uma vez em cada tantas semanas tem leitura das mulheres na Torá, que é realizada em outro salão e conduzido apenas por mulheres. A leitura das meguilot nas diversas festividades religiosas é feita por homens e mulheres juntos. Uma mulher se levanta diante da comunidade para rezar a Oração pela Paz do Estado de Israel e também para o Mi Sheberach, a oração em favor das pessoas enfermas. Não é preciso dizer que as mulheres assumem parte da gabaút (auxílio ao serviço religioso) e na condução dos serviços religiosos na sinagoga, bem como também fazem comentários sobre a leitura da Torá. No Kidush após o serviço, também uma mulher pode santificar o vinho, fazendo assim com que a comunidade cumpra com a sua obrigação. E como eu quase esqueci – as mulheres dizem Cadish.
Hoje em dia, obviamente, o limite está completamente em outro lugar, e aos olhos de muita gente a Comunidade Iedídia já é considerada muito tradicional. Há minianim ortodoxos nos quais as mulheres ficam na teivá (o espaço com a mesa sobre o púlpito) em boa parte das rezas, e sobem e leem na Torá em leitura compartilhada com os homens. Tudo isso sem abrir mão da mechitsá. No entanto, apesar dos meus anos de ativismo feminista, abri mão de lutar comigo mesma e com os outros, abri mão da pequenez e abri mão das amarguras.
Eu só posso ficar feliz com o fato de um sonho ter sido realizado. Talvez não eu o tenha realizado – mas outras o realizaram. Estou feliz principalmente pelo fato de que os sonhos se realizam, mesmo quando são complicados, e com certeza eu me vejo como parceira virtual da comunidade que realizou veste antigo sonho das mulheres dentro do espaço da sinagoga e do serviço religioso. Tudo o que é possível atualmente é observar o conceito de “até o limite” se espalhar por outros minianim por todos os cantos de Israel. Levará tempo – mas irá acontecer.
O meu sonho
Eis que hoje estou em outra história. Busco realizar este mesmo sonho no Bet Din (Corte Rabínica) e em tudo o que estiver ligado ao papel pessoal das mulheres no judaísmo. E isto, senhoras e senhores, é muito mais difícil. Pouquíssimos homens entendem o sonho, e pouquíssimos homens estão preparados para seguir “até o limite”. E entre os homens que debatem, entendem e estão preparados, pouquíssimos deles são rabinos ou poskê halachá (legisladores das leis judaicas). Mas eu não fico amargurada – porque já tenho experiência e já vi que os sonhos podem ser realizados.
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