Sobre o status do Kotel e a vida religiosa e laica em Jerusalém
Nos últimos meses, na verdade desde a posse do novo prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, no ano passado, vêm se acirrando os ânimos entre grupos charedim ultra-ortodoxos de um lado, e grupos religiosos não-ortodoxos somados à população chiloni (laica), de outro.
Manifestações de charedim em pleno Shabat contra a autorização para a abertura gratuita de estacionamentos próximos à Cidade Velha ou no edifício da prefeitura, na Praça Safra, vêm se sucedendo, cada vez mais agressivas, também contra a abertura das atividades da Intel, conhecida empresa de tecnologia avançada, aos sábados em Jerusalém. Lembrando que Jerusalém é atualmente a cidade mais pobre do país em termos de renda per capita; e que ninguém é obrigado a trabalhar no Shabat - basicamente, os funcionários ou não são judeus ou são judeus não praticantes. Não há nenhum judeu praticante trabalhando na Intel sob ameaça de perda de emprego.
Ao mesmo tempo, depois de mais de 20 anos de rezas no primeiro dia do mês judaico, no Kotel, promovidas pela organização "Mulheres do Kotel", uma jovem do movimento judaico conservador/massorti foi presa por usar talit e segurar um Sefer Torá.
Depois de meses acompanhando os distúrbios de grupos ortodoxos no Shabat e da prisão da jovem estudante de medicina, foi organizada uma passeata que contou com 2 mil pessoas em Jerusalém, em nome de uma cidade livre e com direitos de expressão religiosa e civil iguais para todos os seus habitantes e visitantes.
Enquanto as manifestações de grupos charedim continuam aos sábados, diante da Intel, diante do estacionamento Karta, ao lado da Cidade Velha, novas manifestações pacíficas vêm sendo organizadas por grupos religiosos conservadores e reformistas. Além da já tradicional reza das mulheres do Cotel, na manhã do dia 1 de Tevet (18 de dezembro), em que pela primeira vez os homens também estão convidados a participar, no segundo dia de Chanucá homens e mulheres rezarão juntos a acenderão juntos as velas de Chanucá junto ao Kotel.
Diante da manifestação de que o Kotel é de todos os judeus e não apenas dos grupos charedim, surgiu uma terceira posição, defendida pelo rabino Yehoram Mazor, representando o Maram, o Conselho dos Rabinos Progressistas de Israel. Esta posição aconselha (mas não obriga) os judeus reformistas e progressistas a buscarem outros lugares na cidade para rezar. Não por pressão ortodoxa, mas por entender que o Kotel, que nada mais é do que parte do muro de contenção do Monte do Templo, não deve ser entendido como um local nem mais nem menos sagrado do que qualquer outro.
Eu não tenho uma opinião totalmente formada sobre o assunto. Particularmente hoje, defendo o direito de todos nós podermos rezar junto ao Kotel de acordo com os costumes de cada grupo e de cada movimento religioso judaico, assim como sinto em minhas orações uma conexão igual ou maior com Deus quando rezo em qualquer sinagoga da cidade ou mesmo em casa - afinal, o lugar de onde escrevo agora também é um pedaço de Jerusalém.
Abaixo está o publicada (com autorização do rabino Yehoram Mazor) a posição do Maram sobre o Cotel, o Muro Ocidental.
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