Iluminemos o Kotel - Chag Urim Sameach
Acendimento das velas no 3º dia de Chanuca - pelo pluralismo religioso judaico
Nos últimos anos, o Kotel (Muro das Lamentações ou Muro Ocidental) está cada vez mais charedi (ultraortodoxo): a separação entre homens e mulheres ampliou-se do espaço junto ao Kotel para entradas em separado a toda a área; grupos que cantam o hino nacional Hatikva são abordados e coagidos a parar de cantar, sob a justificativa de que, em nome da modéstia, as mulheres não devem se fazer ouvir enquanto os homens rezam; cerimônias nacionais como a que recebe tradicionalmente olim chadashim (novos imigrantes judeus) pela Agência Judaica, foram canceladas em boa parte pelo mesmo motivo. Há inúmeras tentativas de se impor uma separação total entre homens e mulheres também na área para além das grades que determinam o local de rezas.
Em resumo:
o Kotel está deixando de ser de todo o povo judeu;
o Kotel está deixando de ser de toda a população judaica israelense;
o Kotel está se tornando uma sinagoga particular ortodoxa.
Assim como há pouco menos de 2 mil anos o 2º Beit Hamikdash, o 2º Templo Sagrado, em sua imponência, um dia teve lugar para todos, mas foi destruído e reduzido a um muro de contenção - segundo a tradição, por sinat chinám, ódio gratuito - hoje ocorre o mesmo: na Cidade Velha, reconquistada em 1967 na Guerra dos 6 Dias para todo o Estado de Israel e para todo o povo de Israel, o Kotel cada vez mais se restringe a um segmento religioso, excluindo todos os demais.
O Centro de Ações Religiosas de Israel (IRAC/Mercaz Lepluralism), integrante do Movimento Judaico Reformista de Israel, luta há anos para impedir o processo de expansão da separação forçada entre homens e mulheres, seja junto ao Kotel (que nem sempre teve áreas separadas por mechitsá, um toldo de separação), seja na área de circulação comum, seja nos ônibus com lugares para os homens na frente e mulheres atrás. E também para evitar o cancelamento das cerimônias para olim chadashim no Kotel, que sem dúvida é um marco inesquecível para quem chega, o foco onde se encontram simbolicamente a tradição milenar judaica e o renascimento do moderno Estado de Israel, há quase 62 anos, apontando para um futuro em que passado, presente e futuro se mesclem em um Estado de Israel cada vez mais judaico e democrático.
Assim como as velas de Chanucá são muitas e diversificadas, hoje nos reuniremos diante do Kotel, muitos e diversificados, para acendermos juntos a terceira vela de Chanuca. Serão homens e mulheres, laicos e religiosos - ortodoxos modernos, datiim leumiim, conservadores/massortim, reformistas/progressistas e reconstrucionistas - heterossexuais e homossexuais, jovens de movimentos juvenis sionistas e jovens de partidos políticos de direita, centro e esquerda.
Acenderemos as velas de Chanuca e comemoraremos o direito conquistado pelos macabeus de não de sermos iguais, mas de podermos exercer a nossa condição judaica naquilo que nos distingue como judeus. O milagre de não sermos apenas uma luz, mas muitas, que expressam todas as nossas formas de iluminar o espírito judaico.
Estaremos juntos para afirmar que o Kotel é de todo o povo judeu e de todos os habitantes de Israel. Se quisermos que o Kotel volte a fazer parte integral do coração e da casa de todo povo judeu, devemos reinvidicar o nosso lugar e nos conectarmos a ele. Faremos isso com alegria, cantos, rezas, brachot e luzes de Chanuca.
Chag Urim Sameach, que tenhamos todos uma Feliz Festa das Luzes.
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