quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Comentário da Parashá Mikets
Livreto semanal Congregar, da Congregação Israelita Paulista
19 de dezembro de 2009/ 2 de Tevet de 5770
Na história de Iossef os sonhos contam muito. O primeiro sonho o levou a campos cobertos com feixes de cereais que se erguiam e se curvavam para ele em danças de roda. O segundo o lançou ao espaço, onde encontrou-se com o sol, a lua e as estrelas. Lindo, não? Bom, é um modo de ver as coisas, porque Iaacov, seu pai, sentiu-se incomodado; os irmãos, por sua vez, ficaram irados, e decidiram mandar Iossef literalmente para o espaço. As opções eram: matar com as próprias mãos; matar com a cabeça, ou seja, jogar o irmão no poço e que o “acaso” faça o seu; ou matar no coração: vender Iossef como escravo e fazer de conta que ele morreu.
Venceu a terceira opção. Iossef morre no coração dos irmãos, mas segue vivo para o Egito. Lá precisa lidar com a dura realidade da vida na corte: cumpre ordens, serve ao Potifar, seu chefe, mas sabe dizer não quando dele exigem mais do que a sua dignidade permite. Ao não realizar as fantasias da mulher do chefe, Iossef é jogado no poço das prisões egípcias. Ainda assim, o que garantiu a sua sobrevivência foram os sonhos. Pode ser que no fundo do poço Iossef teve tempo de sobra para interpretar os próprios sonhos. Agora, na prisão, transformara o “poço” em “posso”: podia interpretar os sonhos do copeiro e do padeiro, colegas de cárcere, e daí pôde lançar-se ao espaço, na companhia do sol, da lua e das estrelas – exatamente como em seu sonho, pois Iossef acabou sendo convocado para estar diante do Faraó - o filho do Deus Sol, na cultura egípcia. 
A parashá Mikets inicia no momento espinhoso em que o Faraó está perturbado por seus próprios sonhos. Imaginemos a cena: “Alteza, há um judeu na prisão que pode decifrar os seus sonhos. Ele se especializou em interpretação e análise.” O Faraó olha desconfiado: “Como se chama, Freud?” “Não senhor, o nome dele é Iossef.”
A leitura que Iossef faz dos sonhos do Faraó resulta na reorganização da economia egípcia, redistribuição de terras, reforma na área de impostos e estímulo à poupança. Foi assim que os sete anos de vacas gordas garantiram o Egito durante os sete anos de vacas magras.
É verdade: todo mundo sonha. Então que importância tem em Iossef também sonhar? É que Iossef presta atenção aos sonhos, aos seus e aos dos outros. Ele nos conta os seus sonhos, reflete, avalia e os coloca em prática. Para Iossef, sonhar é coisa séria.
Em Chanucá nossas casas estão mais coloridas e felizes. Assim também a CIP e o Beth El. Neste ano festejamos um sonho: estamos juntos, respeitamos nossas diferenças e unimos as luzes dos nossos costumes e tradições. Nesta festa adoçamos a vida com outro tipo de sonhos: as sufganiot, recheados de creme ou de geléia. Sonhos recheados de sonhos [somos recheados de sonhos - Uri].
Prestemos atenção aos nossos sonhos. Vale à pena.
Shabat shalom e chag sameach
Uri Lam, de Jerusalém

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