quarta-feira, 11 de novembro de 2009



Publico, em sequência de posts, a tradução do discurso do presidente de Israel, Shimon Peres para parlamentares brasileiros, na segunda feira passada.
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Discurso do Presidente de Israel, Shimon Peres, para o Parlamento brasileiro (parte 1)
2a feira, 9 de novembro de 2009
tradução: Uri Lam
Senhor José Sarney, Presidente do Senado Federal.
Senhor Michel Temer, Presidente da Câmara de Deputados.
Senhor Presidente do Senado, eu lhe agradeço do fundo do meu coração pela oportunidade de falar diante desta honrada e democrática instituição. Esta não é na primeira vez que desfrutei sua generosidade. A primeira vez foi quando eu o conheci como Presidente do Brasil. As outras vezes foram quando desfrutei seus livros espetaculares. Concordo com a sugestão de Saraminda (livro escrito por José Sarney) aos garimpeiros de ouro: “A beleza do ouro está nos homens.”
Quando eu era criança, o Brasil era um sonho. Hoje, em minha velhice, desenvolveu-se em um país dos sonhos. A terra é infinita tal como descrita por Jorge Amado: “Este não é um pequeno país qualquer; esta é uma terra com uma gente excepcional.” Uma terra grande e diversificada – das águas da Amazônia à moderna arquitetura de Brasília. Suas cores diversas produzem sensação sem destruir a harmonia. Da beleza maravilhosa do Rio de Janeiro ao alvoroço econômico de São Paulo. Sua população foi construída de um esplêndido arco-íris de etnias; diferenças que não se transformaram em animosidade. Sua música variada, do samba à tranqüilidade da Bossa Nova. Tudo expressam um entusiasmo rítmico primoroso.
E acima de tudo, um amor pela vida que não requer administração. Uma nação que sabe como sonhar. Como amar. Como estar feliz, como dançar e cantar bem. Desta nação vêm figuras inspiradoras na política, nas ciências e nas artes. Como também uma habilidade para se viver junto apesar das diferenças. Uma visão de mundo na qual as pessoas tratam as demais como convidados ou anfitriões, e certamente não como inimigos.
Eu vim para ver e aprender como um país tão enorme avança pela pista em direção ao seu vôo nos céus. Eu vim para ver como o impressionante Presidente Lula está cumprindo o seu sonho de construir um país no qual a sociedade e a economia ainda lutam contra a pobreza, a ignorância, a doença, a discriminação e a estreiteza da mente. Eu vim para ver se posso colocar os “Cem Anos de Solidão” de García Márquez de lado, e ao invés disso escutar a nova narrativa dos “Cem Anos de Amizade” de Lula. Em minha opinião, esta é uma liderança inspiradora, no Brasil e fora dele. Esta transformou o Futuro no Presente. O Presidente Lula e eu viemos da mesma base histórica socialista, que detesta disparidades e ama a igualdade.
Eu vim para ver a pobreza tombar em 40% através do programa “Bolsa Familia”. E ver a educação elevar-se e tornar-se uma prioridade nacional. Eu vejo em seus olhos o que vejo com meus próprios olhos. Porque a educação [combate] principalmente e em primeiro lugar a batalha contra a cegueira. Todos os alcances científicos e tecnológicos de nossa época também eram possíveis nos tempos do nosso patriarca Abrahão. Mas naquela época não havia microscópios nem telescópios. Era antes da invenção da internet. E também hoje não podemos enxergar a distância plena. As capacidades perceptivas do ser humano somam e modificam a História.
Eu vim para não perder o primeiro relance do novo mundo, os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A população do assim chamado Ocidente recuou para 12% da população mundial. A população nos países do BRIC cresceu em 40%.
O Brasil deu início ao seu novo rumo com base em uma excitante suposição: que com boa vontade alcançará um poder que não pode ser alcançado pela força. Isto causou uma sensação global. A decisão de receber as Olimpíadas no Brasil marca uma saudação global à abordagem brasileira.
E Israel abençoa o Brasil por isto. Em Israel nós sonhamos empatar com qualquer time de futebol do Brasil.

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