sábado, 13 de junho de 2009

Manifestação por uma Jerusalém de todos
Mesmo depois que o prefeito de Jerusalém Nir Barkat tenha se dobrado (manchete do Haaretz: Prefeito se dobra aos charedim"), a manifestação por uma Jerusalém pluralista, que atenda às necessidades de todos os seus habitantes, ocorreu hoje durante toda a tarde.
Tudo começou quando o prefeito decidiu abrir gratuitamente o estacionamento da prefeitura aos milhares de visitantes da cidade, e aos habitantes laicos que saem para passear no Shabat e não têm onde estacionar seus carros. Por conta de manifestações violentas na semana passada realizadas por grupos ultra-ortodoxos, o prefeito voltou atrás, por pelo menos duas semanas, e decidiu manter o estacionamento fechado para "esfriar os ânimos".

Apesar disso, imagino que cerca de 1.000 a 2.000 pessoas estiveram presentes à Kikar Safra para manifestarem seus direitos, e exigirem que o prefeito dirija a cidade a todos os seus habitantes, não apenas ao grupos charedim.

Parece que por volta do meio dia houve algum enfrentamento entre ortodoxos e laicos, mas quando cheguei, às 16:00, não havia charedim na praça, apenas grupos em sua maioria de estudantes, famílias e crianças, dançando, manifestando-se com bandeiras e cartazes.

Havia um grupo bem organizado do bairro de Kiriat Yovel, onde as famílias dizem sofrer há 3 anos as restrições a andar de carro no Shabat, por conta das famílias de charedim que vivem nos arredores. Ao contrário de algumas posições, que dizem "eu vivo num bairro com restrições e os chilonim (laicos, não religiosos) gostam muito, eles também desfrutam desta calma", não parece ser esta a posição de grande parte da população laica da cidade.

Este tipo de situação vem afugentando, aliás, esta população de Jerusalém. Embora o prefeito tenha um discurso de atrai-los com construção de apartamentos para jovens casais, etc., vem ficando difícil para quem não é ortodoxo desfrutar de Jerusalém. Além disso hoje é muito, mas muito caro viver na Cidade Santa.

Senti falta de grupos organizados de judeus religiosos não-ortodoxos na manifestação, afinal, mesmo os que não andam de carro no Shabat por motivos religiosos deveriam, a meu ver, estar ao lado daqueles que desejam viver de outra maneira, até para que os tenham ao seu lado quando defenderem suas próprias posições religiosas.

De qualquer modo, a manifestação propunha não um abandono do judaísmo, mas mostrar que há mais de um modo de vivê-lo. A "israeliut", o modo israelense de ser, estava mais do que presente, com bandeiras de Israel, danças folclóricas e religiosas, tudo de modo alegre e pacífico.

Isso que estamos falando apenas das relações entre judeus ultra-ortodoxos e judeus laicos - para não falar das relações com os habitantes árabes da cidade, principalmente no setor oriental. Ainda se espera mais do prefeito Nir Barkat, cuja agenda de campanha foi governar para todos os habitantes de Jerusalém. Afinal a cidade é bonita e significativa demais para não ser vivida em sua plenitude por todos os seus habitantes.

Agora à noite vou a um concerto de música brasileira, com uma cantora famosa por aqui em termos de MPB, Elisete. Será no Museu Bíblico (ah, Jerusalém... show de MPB em Museu Bíblico só aqui). Certamente será muito bonito!

Um abraço a todos e shavua tov

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