Hoje é sexta feira, finalmente
(como diria um amigo, Baruch Hashen, Bendito seja o Dente)
Em uma história engraçada a posteriori, digamos, fui a uma dentista russa, a Ludmila que virou Dra Lucy, do plano de saúde que escolhi em Israel. Tudo ótimo, tudo bem organizado, e chegamos à dentista. Entre um sorriso e outro, a tensão em pessoa. "Não me mandem mais pacientes para primeiros socorros, há outros dentistas livres." "Hoje não é o meu dia, olha, vão fechar as ruas (para Yom Yerushalaim), como vou voltar prá casa? Não está certo."
E vamos em frente, pois eu estava com muita dor e, pela experiência, sabia tratar-se de tratamento de canal, mais um.
Ok, ela abriu, limpou, preparou. Pediu-me uma chapa panorâmica da boca - no prédio do outro lado da rua. Ok, fui, fiz, esperei, voltei. Então lá vem ela:
"Vou lhe mostrar direitinho e marcar tudo o que é preciso fazer.
Este não tem mais jeito, é preciso arrancar (escutei, achei que não havia entendido bem, perguntei novamente, ela fez o gesto com a mão, de arrancar. Uau, era isto mesmo que ela havia dito).
Continuou olhando, bateu em alguns dentes com um martelinho, e disse, convicta:
"Este também é preciso arrancar. E este também."
Já eram três na conta.
"E aqui tem uma cárie pequenininha, nada mal. Mas aqui tem uma cratera, precisa fechar. Quanta pedra (tártaro)! precisa limpar, vou marcar um horário prá você na fila (da limpadora de tártaro............ (espaço para pensar) pois é, eu também pensei isso.).
"E aqui você tem um pequeno derrame. acho que ficou um pedaço do dente do ciso." (!!!)
(Meu Deus, por onde é a porta de emergência?)
Pensando bem, aprendi um novo termo em hebraico: shen biná, dente do ciso.
Eu disse a ela: "Não irá arrancar nada."
"Você é obrigado a arrancar!"
"E o que você irá por no lugar?"
Pergunta já irônica minha, que só esperava o momento de sair da sala da senhora Lucy.
"Uma ponte móvel de um lado e outra de outro."
Eu me imaginei já com pontes móveis, dentaduras, corega, copo ao lado da cama. Quase comecei a rir de nervoso. No way!! Que doida!
"De jeito nenhum."
"Bom, estou lhe dizendo o que você é obrigado a fazer, precisa fazer, não tem jeito. Se você quer fazer ou não, é problema seu. se não fizer comigo, terá que fazer mais cedo ou mais tarde."
"É isso mesmo, é problema meu. Um abraço doutora, obrigado."
Ela falou em arrancar inclusive um dente que custou para o meu dentista de São Paulo ajeitar, tratar canal, fazer a coroa... acho que a dentista gostou da coroa! Falou um monte de coisas exatamente opostas ao que diz o meu dentista.
O que me fez concluir que ele é um dentista, e ela, quem sabe, uma engenheira que gosta de destruir prédios antigos, ainda que estejam inteiros (ou precisem de alguma reforma) para construir pontes. Por um instante achei que estava na Israel dos anos 50 ou na Russia da 1ª Guerra Mundial, no campo de batalha. Mas estava no centro de Jerusalém, em uma clínica super limpa e organizada, em 2009.
Enfim, estou em Israel e preciso buscar outro dentista. Pelo menos a dor ela tirou! Fica para a próxima semana - Beezrat Hashem (ubeezrat hashen)
Shabat shalom
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