Começou a passagem do Papa Bento 16 por Israel - e começou estranha
Ontem senti diretamente a presença do Papa: o HUC fica próximo às avenidas que levam à cidade antiga. Na saída da aula, ficamos parados por 40 minutos, diante do hotel David Citadel, esperando passar a caravana do Papa. Assim que a banda passou, a vida pareceu ressurgir, e todo mundo retomou o caminho de casa.
Enquanto isso, o Papa frustrou muitos em seu discurso no Museu Yad Vashem, dedicado à preservação da memória do que ocorreu no Holocausto. Ele criticou o óbvio: a negação da Shoá, do Holocausto, é condenável. Mas não citou em nenhum momento a culpa nazista, não falou que foram 6 milhões de judeus assassinados e segundo alguns, não pediu desculpas pela omissão da Igreja na época. Ele disse lamentou "que muitos morreram no Holocausto hitlerista". Morreram de que, acidente de carro? não foram chacinados, assassinados? onde está a Shoá, os nazistas, os alemães no discurso do papa? Ele foi muito pouco empático, distante, frio e burocrático. Em resumo, uma decepção. Qualquer pé atrás da comunidade judaica e uma certa nostalgia das relações com João Paulo II não são mera coincidência. Ah, Dan Brown... acabei de ler seus Anjos e Demônios.
Na segunda polêmica, um líder religioso palestino deu uma de Ahmadinejad e aproveitou uma situação para falar em se acabar com Israel, em reunião com líderes religiosos cristãos, judeus e muçulmanos com o Papa. Assim que o líder máximo católico recebeu a tradução, alguns minutos depois, cancelou o encontro e a festa em homenagem a ele que aconteceria em seguida. Ele não veio para discursos de ódio, deixou-se entendido. Desta vez Bento 16 teve atitude muito mais digna que o presidente da ONU quando do evento similar do tirano do Irã: o líder religioso católico demonstrou sua insatisfação e constrangimento, e não se dispos a servir de massa de manobra de meia dúzia de radicais.
Enfim, hoje é outro dia confuso em Jerusalém, pelo menos em parte do dia. Depois o Papa vai para outros cantos do país.
No resto, a vida segue: Lag Baómer e suas "fogueiras de Shimon Bar Yochai", no seminário rabínico um dia dedicado a estudos sobre judaísmo e feminismo, as contas confusas, a cabeça já nos trabalhos que tem que ser feitos ao longo da semana, e são 6:45h de um belo dia de sol amanhecendo em Jerusalém, capital de Israel.
Ah, ontem encontrei (perdoem-me se errar os nomes) Luis e Paula Fisz, pais da Ana, uma das madrichot do campo de estudos da CIP. Coincidência total, acabamos por algumas horas batendo papo em um simpático café perto de casa. E eu pude saber que a visão judaica liberal tem seus admiradores, e que a CIP tem jovens extremamente dedicados, apaixonados e talentosos, que abrem mão de quase tudo em nome da vida comunitária - como me disse o pai, não temos o direito de perder este patrimônio da comunidade - já perdemos jovens de outras gerações, não percamos os desta.
é isso aí, um bom dia a todos.
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