quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

14 De Dezembro de 2010
Ao Primeiro-Ministro de Israel, Binyamin Netanyahu
Gabinete do Primeiro-Ministro
Kiryat Hamemshalá
Jerusalem, Israel
Prezado Sr. Primeiro-Ministro,
Nós estamos profundamente gratos a você, como já dissemos anteriormente, por sua posição sobre o Projeto de Lei sobre conversões do parlamentar da Knesset, David Rotem, que foi apresentado no verão passado. A sua boa vontade em pedir um “congelamento” para esta legislação a fim de encontrar uma solução aceitável para todos os lados foi saudada por nós e pelos judeus em todo o mundo.
Nós também queremos expressar o nosso forte apoio aos esforços atuais do parlamentar Rotem para preservar as possibilidades de conversão para aqueles que servem na Tzahal (Exército de Defesa de Israel).
No entanto, estamos muito preocupados com relatos de que os Projetos de Lei Rotem I e II estão sendo ligados e que o apoio para o primeiro projeto de lei será uma condição para que o segundo projeto de lei seja aprovado. Continuamos a ser fortemente contrários, em quaisquer circunstâncias, ao projeto de lei Rotem original tal como está escrito no momento. A grande maioria dos judeus americanos é contra esse projeto de lei, assim como a maioria dos judeus em todo o mundo.
Em seu emocionante discurso em Nova Orleans, o senhor expressou as suas próprias preocupações sobre a legislação e a necessidade de preservar a unidade judaica. Nas suas palavras: “Qualquer judeu, de qualquer denominação, terá sempre o direito de voltar para casa, para o Estado Judeu. Pluralismo religioso e tolerância sempre orientarão a minha política”, inspirou nossas comunidades.
Natan Sharansky, ao seu comando, tem feito um trabalho excepcional em tentar encontrar uma solução justa, e estamos ansiosos para ver este trabalho seguir adiante.
Você falou eloquentemente sobre os perigos com os quais Israel se confronta. Nossos movimentos, unidos a judeus de toda parte, trabalham todos os dias para defender Israel contra as ameaças de um Irã nuclear e das campanhas de demonização deslegitimação  dirigidos contra o Estado Judeu.
Pedimos que você, Sr. Primeiro-Ministro, se oponha aos esforços legislativos que nos dividem.  Nestes tempos perigosos para o Estado de Israel e para o Povo Judeu, trabalhemos naquilo que nos une. 
União pelo Judaísmo Reformista (URJ)
Conferência Central dos Rabinos Americanos (CCAR)
Associação Reformista Sionista da América (ARZA)
União Mundial pelo Judaísmo Progressista (WUPJ)
Movimento Israelense pelo Judaísmo Progressista (IMPJ)
Federação Internacional de Sionistas Religiosos Reformistas e Progressistas (ARZENU)
Sinagoga Unida pelo Judaísmo Conservador
Assembleia Rabínica
Fundação Masorti
Movimento Masorti de Israel
MERCAZ USA
MERCAZ Olami
Conselho Mundial das Sinagogas Conservadoras/Masortis (Masorti Olami)
Evento Tarbut Sefarad - 08 de dezembro
Realizado no 8o dia de Chanucá, o evento contou com cerca de 80 pessoas ligadas à Ong Tarbut Sefarad, de Mario Saban, que atualmente vive na Espanha. O evento ocorreu no moadon do Hebrew Union College (HUC), o seminário rabínico onde estudo, que gentilmente abriu suas portas à Ong Tarbut Sefarad e aos bnei anussim.
Entre o público, muitos espanhois da cidade de Tarragona, patrimônio mundial da humanidade, com diversos resquícios da antes pulsante vida judaica na cidade até o século 14. Foi lançado também o livro "Shalom Tarragona" de Francesc Calçada, jornalista de Tarragona.
o evento contou ainda com as presenças de Mario Saban, Iossi e Denise Ben Dor (da ong Tarbut Sefarad em Israel), Iom Tob Assis, da cantora de ladino Cochava Halevi, do 5o Presidente de Israel sr. Itzhak Navon, profundo conhecedor da cultura sefardi e do ladino, e com um excelente humor do alto dos seus 89 anos de vida.
No vídeo canto "Kol Haneshamá", o fim do salmo 150, com melodia típica da tradição sefardi ladina. acompanhamento do amigo, fabricante de instrumentos e grande instrumentista Samuel Braga.
O evento contou com a presença de diversos bnei anussim espanhois. Tivemos ainda a honra de receber uma carta do prefeito de Tarragona, agradecendo pelo evento e afirmando o quanto a cidade de Tarragona tem ciência da historia de seus cidadãos judeus e do quanto a porta está aberta a todos os judeus, especialmente os descendentes de Tarragona.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Önibus Mehadrin 
"Aqui está uma descrição de um evento desagradável que me aconteceu há pouco tempo. Hoje, no final do horário de aula (em Tsur Hadassa), às seis e meia da noite mais ou menos, subi no “ônibus Mehadrin” (“Ônibus Mefagrin”) para Beitar Ilit, que fica nos territórios ocupados. Quando entrei no ônibus me dei conta de que não havia lugar para os homens se sentarem, então comecei a me preparar para ficar um bom tempo em pé. Enquanto me preparava, um dos “tsadikim” (homens “justos”) pede de algumas mulheres para que saiam de seus lugares a fim de que eu possa me sentar. Na hora recusei sua oferta. Por que as mulheres ficarão em pé e eu não? Alguns minutos depois, descobri que por milagre vagou um lugar no qual há apenas alguns minutos estava sentada uma mulher. Depois de olhar cuidadosamente para o ônibus percebi que aquelas que estavam sentadas ali passaram de algum modo mágico qualquer para outros lugares lotados de mulheres na parte de trás do ônibus. Enquanto minha consciência pesava, sentei-me no local vago. Quase comecei a chorar. Percebi imediatamente que naquela hora a mulher havia sido oprimida, que aparentemente fora reprimida desde o seu nascimento e seria reprimida até o fim de seus dias. Para descarregar a minha raiva e frustração, passei a escrever nas janelas embaçadas de vapor. Sobre as janelas escrevi pelo menos cinco vezes: “Dai ladicui hacharedi!”, “Basta da repressão charedi [ultra-ortodoxa]!”
A.H., 13 anos, jovem judeu israelense, descrevendo sua viagem de ônibus a partir de Beitar Ilit, ao lado de sua cidade, Tsur Hadassa, logo após uma aula sobre “os desafios dos direitos humanos e dos princípios de igualdade” na escola, ontem, segunda-feira 13/12/2010.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O coração em chamas
sobre o incêndio no Monte Carmel, o pior da história do Estado de Israel
Rabino Gaby Dagan
rabino da Kehilá “Ohel Avraham”, Haifa, Israel
rabino do Depto de Ensino Médio do Centro Educacional “Leo Baeck”, Haifa, Israel
tradução: Uri Lam
07/12/2010, 30 de Kislev 5771, 6º dia de Chanucá
“Eu clamo a ti, Eterno, porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo. Também todos os animais silvestres anseiam por ti, pois secaram as correntes de água e o fogo consumiu os pastos do deserto.”(Joel 1:19-20)
Na sexta-feira à tarde, enquanto as chamas sobem para o alto e o coração ainda não digere – telefonema do posto de comando de combate ao incêndio na universidade: “Queremos acender as velas de Chanucá para as forças dos incansáveis trabalhadores atuantes na área. Também precisamos de muitas sufganiot (sonhos, doces a base de óleo típicos de Chanucá).” Em pouco tempo, assim que os membros da comunidade reformista “Ohel Avraham”de Haifa prepararam mais de 300 sufganiot, providenciaram uma grande chanukiá e um violão, subimos ao coração em chamas  dos bosques do Monte Carmel. Entre carros da polícia, ambulâncias, pessoal da mídia e políticos, acendemos a terceira vela de Chanucá.
Era difícil, senão impossível separar a essência da festividade e o fato de lidar com o milagre do fogo e a vitória do espírito, das chamas que ardiam a poucos metros de distância enquanto o espírito do ser humano combatia os espíritos/ventos [ruchot, em hebraico] da natureza. Luta e força combatiam os ventos, o espírito do ser humano se debatia com a trilha das chamas que consumiam tudo o que encontravam pelo caminho.
Meu pai foi bombeiro por mais de 40 anos. Os odores das chamas, os uniformes e as cores negras da natureza não são estranhos para mim. Fiquei ali orgulhoso, apavorado e chorando pela perda das vidas e pela vitória do Judaísmo e de Israel. Nós recitamos bençãos, cantamos e acendemos velas diante dos feridos, dos mortos, dos combatentes.
Apenas algumas horas depois, no Shabat pela manhã, foi realizada uma cerimônia de Bar Mitsvá na sinagoga da Comunidade Reformista “Ohel Avraham”. Momentos antes do início, um dos convidados nos comunicou a morte de Elad Rivan, estudante de Haifa, um membro da família. Para a família não era óbvio que seguiríamos com a cerimônia de Bar Mitsvá. Mais uma vez somos obrigados a romper as linhas conhecidas e desconhecidas entre a alegria e a enorme tristeza.
Recitamos a benção “Shehecheiánu” (Que nos fizeste viver) para o jovem que se tornou adulto e alcançou a idade das mitsvot e no mesmo fôlego, com a mesmas lágrimas, recitamos o Kadish por aqueles que não mais festejarão. O discurso do jovem Bar Mitsvá foi modificado, de um otimismo que beirava a inocência para a dureza da realidade que queima nossos rostos. Nós comemoramos. Nós choramos.
No Shabat à tarde e no domingo pela manhã os alunos do Colégio Leo Baeck embalaram centenas de refeições para os bombeiros e para as famílias dos alunos residentes Usfiya, Daliat-al-Karmel, Chof haCarmel e Daniya. Os chuveiros da piscina do Centro Comunitário foram abertos para as forças de segurança para um momento de bem-estar. Nossas vidas giram em torno de momentos como estes, voltados às necessidades das famílias que sofreram e que vem sofrendo perdas.
Com a diminuição do incêndio, também diminuem as alegrias da festividade. As orações que pedem por chuvas abrem espaço para as orações que pedem por recuperação e cura. O termo “família” neste momento expandiu-se para toda a sociedade israelense - judeus, drusos e árabes como um só povo. Os lenços de cabeça das mulheres de Nir Etzion e de Osfiya servem como máscaras contra a fumaça tóxica, enquanto o fogo ainda queima nossas casas sem fazer distinção.
Hoje, nossas cabeças irão se curvar para o fato de que um pequeno fogo provocou grande escuridão. Nós rezamos pelo fim deste incêndio, pela recuperação e cura dos feridos e pelos heróis que deram suas vidas para salvar as vidas de outras pessoas.