sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um novo nome para  Nova Escola Judaica
Renascença e Bialik juntam forças e histórias. Há alguns minutos recebi um e-mail do site Pletz comunicando que chegou o momento de escolher um novo nome para a escola. Sem nenhuma pretensão além da reflexão, tomo a liberdade de pensar sobre os nomes finalistas, o que eles me dizem, que espírito acho que podem passar para a futura escola. Como acho que não se deve ficar neutro, faço também a minha escolha pessoal - embora, claro, eu não voto na eleição. Mas tenho orgulho de ter estudado no Renascença, assim como admiro muito o Bialik e todos os que fizeram sua historia até aqui.
Há três nomes finalistas:

Alef: a primeira letra do alfabeto hebraico. Exprime a ideia de unidade e do princípio, do homem como unidade coletiva. Sim, o Alef é sempre um novo início, tem algo literalmente de Renascença, assim como tem algo do espírito do Bialik, de abertura, experimentação, espaço. Particularmente entendo que o Rena e o Bialik têm, cada um, belas histórias, construíram parte importante de nossa comunidade, e não estão começando do Alef. Também me soa neutro demais, em uma época em que na minha opinião é preciso defender posições religiosas, politicas e ideológicas. E creio que Rena e Bialik têm muito a dizer sobre isso e a fazer a diferença no futuro da comunidade judaica paulista e brasileira.
Martin Buber: filósofo e educador, responsável pela Filosofia do Diálogo e maior expoente do Existencialismo judaico, professor de antropologia filosófica na Universidade de Jerusalém. Uma de suas obras mais conhecidas é Eu e Tu (ou melhor, Eu-Tu), um clássico da filosofia dialógica, tão universal e tão judaico. Martin Buber também coletou contos e lendas judaicas chassídicas, que conhecemos em português na obra que ganhou no Brasil o título de "Historias do Rabi" (Ed. Perspectiva). Buber coloca o particular e o universal, o judaico e o laico, pensamento judaico e filosofia, tudo em diálogo. por seu respeito à diversidade e pela celebração da alteridade - que poderíamos dizer algo parecido em hebraico veahavtá lereachá camocha (amarás o teu próximo como a ti mesmo); por transmitir um espírito judaico pluralista e sionista, em diálogo com o pensamento e as ciências - é o meu nome preferido. Ficarei muito feliz de, quando chegar o dia, poder matricular meus filhos na Escola Judaica Martin Buber.
Chaim Weizmann foi presidente da Organização Sionista Mundial, liderou a Agência Judaica, participou ativamente na criação do Estado de Israel e foi o seu 1º. Presidente, em 1948. No campo acadêmico, fundou a Universidade Hebraica de Jerusalém, estabeleceu as bases do Instituto Weizmann, um dos maiores centros de produção científica do mundo, que hoje é uma das pontas de lança de Israel em sua liderança neste campo. Nome forte, importante. Tem ao seu lado o ímpeto em direção ao sionismo, amor a Israel e à excelência no campo das ciências. No entanto, me parece que faltaria aqui algo que levasse mais em conta as tradições judaicas em toda a sua extensão e riqueza.


Seja como for, que São Paulo tenha nesta união de forças uma escola que privilegie o ensino dos diversos valores religiosos e das diversas tradições judaicas, que mantenha e dê grande valor ao hebraico, que reforce o sionismo entre nossos jovens, que se orgulhem de construir uma coletividade em que ashkenazim e sefaradim, nascidos judeus e convertidos ao judaísmo sejam um e o mesmo povo, sem distinção. Tudo isso sem deixar de lado a excelência em todos os campos do conhecimento secular. Que nossos jovens recebam os instrumentos que os façam pensar e decidir, e não manuais de conduta (judaicos e não judaicos) de como obedecer e assim serem bons meninos e meninas. Que forme homens e mulheres capazes de liderar nossas comunidades e corajosos para criar novas, e que se destaquem em todos os campos da vida secular que optarem ocupar.
Para que no futuro possam ter seus filhos e sentirem orgulho e confiança de matriculá-los na Escola Judaica em que estudaram.
Shabat shalom
Uri Lam

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