quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dê-me sua mão
Talmud Bavli, tratado Brachot (Bênçãos) 5b
tradução: Uri Lam

Rabi Chiya bar Aba (discípulo de Rabi Iochanan) estava debilitado.
Rabi Iochanan veio até ele em uma visita de bicur cholim (a pessoas doentes) e lhe perguntou: “Por acaso você gosta das dores?”
Rabi Chiya respondeu: “Não gosto nem delas nem de suas recompensas”.
Rabi Iochanan lhe disse: “Dê-me sua mão”.
Rabi Chiya lhe deu a mão – e levantou-se.

Rabi Iochanan estava debilitado.
Rabi Chanina veio até ele em uma visita de bicur cholim e lhe perguntou: “Por acaso você gosta das dores?”
Rabi Iochanan respondeu: “Não gosto nem delas nem de suas recompensas”.
Rabi Chanina lhe disse: “Dê-me sua mão”.
Rabi Iochanan lhe deu a mão – e levantou-se.

Por que Rabi Iochanan precisava esperar até que Rabi Chanina viesse visitá-lo e levantá-lo?Rabi Iochanan poderia se levantar sozinho!
É que uma pessoa presa é incapaz de sair sozinha da prisão.

Rabi Elazar (discípulo de Rabi Iochanan) estava debilitado.
Rabi Iochanan veio até ele em uma visita de bicur cholim.
Encontrou-o deitado em casa, no escuro.
Rabi Iochanan desnudou o próprio braço e a casa se iluminou. Foi quando percebeu que Rabi Elazar estava chorando. Rabi Iochanan lhe perguntou: “Por que você está chorando?”
Sem dar tempo ao amigo responder, tentou consolá-lo: “Se for por causa da Torá que você não pôde estudar tanto quanto desejava – ensinamos: ‘Um aumenta, outro diminui, e o que importa apenas é que dirija o seu coração aos céus’. E se for por falta de sustento (Rabi Elazar era muito pobre), nem todo ser humano é agraciado com duas mesas. E se for pelos filhos (que Rabi Elazar perdeu), isto também me aconteceu, com meu décimo filho”.
Rabi Elazar finalmente pôde responder: “Choro pela beleza que, afinal, também será coberta pelo pó”.
Ao ver a beleza de Rabi Iochanan, Rabi Elazar pensou na morte e perturbou-se com a ideia de que toda beleza do mundo é temporária e no fim a morte vem e leva tudo.
Rabi Iochanan disse: “Realmente este é um bom motivo para se chorar” – e os dois choraram juntos. Entre um assunto e outro,
Rabi Iochanan lhe perguntou: “Por acaso você gosta das dores?”
Rabi Elazar respondeu: “Não gosto nem delas nem de suas recompensas”.
Rabi Iochanan lhe disse: “Dê-me sua mão”.
Rabi Elazar lhe deu a mão – e levantou-se.

Nenhum comentário:

Postar um comentário