sábado, 31 de outubro de 2009

Netanyahu: contra deportação de filhos de trabalhadores estrangeiros
ou
O buraco é muito mais embaixo 
Segundo notícia publicada hoje no jornal Yediot Acharonot, o primeiro-ministro israelense deve propor neste domingo que não se efetive a deportação de filhos de trabalhadores estrangeiros que vivem em condições ilegais em Israel. No entanto, a decisão não depende só dele. Há um grupo de ministros discutindo o caso.
O anúncio da deportação ocorreu há três meses e dividiu as opiniões em Israel. Por um lado, organizações humanitárias são contra a deportação - fala-se em até 1.200 crianças. Por outro lado, a permanência delas, segundo alguns, pode estimular uma invasão ainda maior de trabalhadores estrangeiros que entram ilegalmente, principalmente pela fronteira com o Egito.
Para se ter uma idéia, calcula-se hoje em 450 mil os trabalhadores estrangeiros em Israel. Em um país com cerca de 7 milhões de habitantes, eles são hoje quase 7% da população. Assim, não está se falando aqui de uma ou outra pessoa, mas de centenas de milhares.
O temor de um maior descontrole na entrada de estrangeiros vem provocando reações ora enfurecidas como as do ministro do interior, altamente alarmistas quanto aos problemas sócio-econônicos que a situação pode gerar no país, ora realistas, ora moralistas de gente que talvez não conheça a real situação. Não se trata das crianças, portanto. O buraco está bem mais embaixo.
Tudo em Israel tem muito mais do que dois lados. Também dentro do governo as opiniões se dividem. O primeiro ministro Netanyahu deve saber que não será fácil encontrar uma solução para brecar a entrada de ainda mais trabalhadores ilegais, mas pelo menos hoje ele tende a rejeitar a deportação das crianças. Por outro lado, o ministro Ishai, do interior, se opõe frontalmente a uma política de favorecimento às crianças - na opinião dele, elas não devem ser exceção à regra. Já o ministro das minorias (sim, tem isso também) Avishay Braverman, exige que seja dada cidadania israelense imediata às crianças.
Enquanto isso, duas decisões de mais fôlego foram tomadas. A primeira é apresentar um plano para aumentar a punição entre os empregadores que mandam trazer ou contratam trabalhadores ilegais. A outra é buscar alternativas para a construção de um muro na fronteira com o Egito para dificultar a imigração ilegal.
Para quem ainda acha que Israel é um país à parte dos demais, aqui está uma evidência de que está mais do que envolvido no mundo globalizado. Para o bem, e para o mal. 

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