Ministro do interior israelense, ortodoxo, toma uma sonora vaia de judeus reformistas
Nesta semana houve em Jerusalém uma importante conferência, liderada pelo Presidente de Israel, Shimon Peres. Quem teve o privilégio de fazer parte do seleto time de convidados foi a presidente da Congregação Israelita Paulista (CIP), Dora Lucia Brenner. Realmente não sei dizer, mas até agora parece ter sido a única representante de alguma comunidade judaica presente ao encontro.
Houve muita conversa importante neste encontro, mas como sempre, algumas coisas menos importantes, mas mais provocativas, colocaram um pouco de pimenta no molho. Eis uma delas:
Durante a conferência Facing Tomorrow (Olhando para o Futuro), entre o presidente Shimon Peres e inúmeras lideranças políticas, empresariais e judaicas comunitárias do mundo inteiro, o Ministro do Interior Eli Yishai (do partido ultraortodoxo Shas) não se esforçou muito para despertar a ira dos judeus não-ortodoxos presentes: "Olhem o que acontece com a Reforma por causa da asssimilação. Eles estão desaparecendo ", disse Yishai em seu discurso. A audiência, que consistia na maior parte de judeus americanos, a maioria reformistas e conservadores, respondeu com uma sonora vaia. "Estes são dados que recebi, eu não os criei", retrucou Yishai.
Conhecemos este discurso: estatísticas espalhadas a torto e a direito, ora sem fonte citada, ora atribuídas a algum demógrafo famoso para dar legitimidade, sobre os índices de casamentos mistos e do número de filhos nos EUA entre ortodoxos, conservadores e reformistas. Como se esta, caso fidedigna, fosse a única variável importante: ter muitos filhos e assim manter o povo judeu, a qualquer custo - mesmo ao custo da consciência. Deveríamos ser, segundo este critério, todos como em Mea Shearim, com média de 8 ou 9 filhos por casal. Ninguém fala de ser esta uma das regióes mais pobres de Jerusalém (talvez nao seja pior graças aos subsídios do governo), com maior desemprego (voluntário e involuntário), violência doméstica (quando há dados), e por aí vai. Ninguém fala sobre a inviabilidade de um país caso Israel inteira fosse uma imensa Mea Shearim. Não se pensa aí sobre o eventual crescimento das famigeradas "polícias do pudor" - como já há em certos bairros ou cidadezinhas de maioria ortodoxa.
O ministro Yishai destacou em seu discurso que todos os judeus da Diáspora deveriam imigrar para Israel a fim de impedir a assimilação. Questionado se um dia seria nomeado em Israel um rabino-chefe reformista ou conservador, Yishai respondeu: "O que ouço aqui é uma provocação." Realmente deve ter sido, porque a pergunta é retórica. O que se espera e para isso se luta há anos, é por uma Israel judaicamente pluralista, com o pleno reconhecimento de rabinos e rabinas de todas as linhas (inclusive ortodoxa, mas este é outro tema), com todas as implicações: conversões, escolas, casamentos, enterros, etc. Ops, voltando ao tema do minitro provocado, vale a pena perguntar: Mas quem iniciou a provocação mesmo?
O rabino Gilad Kariv, diretor geral do movimento judaico reformista em Israel, afirmou que as vaias ao ministro foram uma resposta adequada a palavras sem fundamento. "As palavras do ministro Yishai continuarão sendo palavras de incitamento e de provocação, que são a marca registrada do seu partido (Shas, leia-se rabino Ovadia Yossef e suas pérolas, motivo de irritação e indignação na imprensa israelense semana sim, outra também). Enquanto isso o Judaísmo Reformista continuará a atender fielmente a milhões de judeus na Diáspora e em Israel, pois está comprometido com o futuro do povo judeu ", disse ele.
Um abraço a todos, Shabat Shalom
Nenhum comentário:
Postar um comentário