quarta-feira, 1 de julho de 2009

Uma Carta para Estevão Klein, de Jerusalém

Jerusalém, 1º de julho de 2009

Querido Estevão,
(não escrevo "prezado Estevão" pois como já reclamei a você, não é preciso toda esta formalidade que você insiste em manter em seus e-mails, que não condiz com o modo amigo e fraternal como nos tratamos nestes anos de CIP)E

Estou bem, obrigado. Fora o calor de Jerusalém, que bateu hoje em 37 graus. Inacreditável. Já não vejo a hora de reclamar do frio de Sampa.

Hoje você acordou de volta para a vida. O coração voltou a bater sozinho, como fez por 60 anos ininterruptos. O mesmo coração que resolveu descansar por cerca de 20 minutos na última quinta feira, e que fez com que todos os corações daqueles que te querem bem, que convivem com você diariamente na CIP, parassem junto com o seu.

E antes mesmo que seu coração decidisse retornar das férias, nossos corações se uniram em orações pedindo pelo seu pleno reestabelecimento. Orações que partiram da nossa congregação, alcançaram os limites do hospital e a sua sala de tratamento intensivo, viajaram longe via telefone, e-mails, skypes, msns, twitters até os arredores de Jerusalém, onde todos nós, estudantes, professores e rabinos, rezamos por você, com uma vista maravilhosa para as montanhas de Yehudá. Foi o meu último dia do 1º ano do curso de rabinato, que só se tornou possível porque pessoas como você me deram as condições para eu estar aqui. O lugar realmente é lindo, espero que na sua próxima visita a Israel, eu possa lhe convidar a passear ali comigo e rezarmos juntos Shehecheiánu e Bircat Hagomel.

Talvez você não esteja ciente ainda, Estevão, mas desde a quinta feira passada cada um de nós, seus amigos, companheiros, colegas de trabalho, que vivemos com você todos estes anos as alegrias e as dificuldades de fazermos parte do dia a dia da CIP - além de nossas famílias e amigos, e as famílias de nossos amigos e os amigos de nossos amigos - todos entramos em choque, e pudemos ver como cada um de nós gosta muito de você e reconhece a importância do seu trabalho, a importância da sua presença conosco.

Estevão, hoje recebemos a notícia de que seu coração não precisa mais de aparelhos para continuar batendo. Hoje recebemos a notícia de que você finalmente acordou de volta para a vida.

Obrigado Estevão, afinal, com quem eu iria conversar sobre tantas coisas, quem iria cuidar das contas da CIP, como iria ficar?

Estevão, que Deus permita que não só o seu coração, mas que todo o seu corpo e a sua alma voltem rapidamente a funcionar na plenitude de sua capacidade, com saúde perfeita. Que tenha sido um enorme susto, e só isso. Que Deus te dê cura completa no mais breve tempo possível e que logo que eu retornar ao Brasil, possa lhe dar um grande abraço e dizer: Baruch Hachozer, seja bem-vindo de volta à nossa casa, à nossa CIP, às nossas vidas.

Até semana que vem, Estevão.
De seu amigo e colega,
Uri

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