domingo, 28 de junho de 2009

A oportunidade de se reinventar

Em consonância com o último comentário do rabino conservador Michel Schlesinger, da CIP, para o semanário Congregar (no post abaixo), o Jerusalem Post publicou uma interessante entrevista com a rabina conservadora Joanna Samuels. Professora, escritora e mãe de dois filhos, Joanna Samuels foi ordenada pelo JTS, seminário rabínico conservador nos EUA. Compartilho com vocês parte da entrevista concedida a Shmuel Rosner, do Jerusalem Post, quando do lançamento do livro da rabina Samuels, “Judaísmo Conservador: A Próxima Geração” (em inglês). A entrevista completa em inglês pode ser lida no link http://cgis.jpost.com/Blogs/rosner/entry/rabbi_joanna_samuels_on_the
boa leitura e boa reflexão.
e boa semana!
Uri

(...) 6. Eis uma pergunta provocativa: você está tentando salvar o Judaísmo Conservador porque vale à pena salvá-lo ou só porque velhos hábitos, e velhas organizações são duras na queda? Não é hora de simplesmente deixar prá lá, admitir a derrota e deixar nas mãos dos movimentos Reformista e Ortodoxo Moderno?
Eu estou investida dos valores do Movimento Conservador: compromisso sério com a vida judaica, igualitarismo e inclusividade, e uma convicção de que os indivíduos devem ser judaicamente desafiados. Se o Jewish Theological Seminary (JTS), a United Synagogue (organização das sinagogas conservadoras nos EUA) ou sinagogas individuais tiverem que ser reinventadas para reviver estes valores de modo mais claro e efetivo, isso não é mau. Todas as instituições bem-sucedidas se reinventam de acordo com a época em que vivem.


Sim, o Movimento Conservador tem problemas, mas também os outros movimentos têm problemas. Por que nós damos para a Ortodoxia Moderna um passe livre em sua falta de compromisso com a inclusão das mulheres? Certo, há três ou quatro sinagogas ortodoxas com líderes espirituais mulheres, mas isto representa uma fração mais do que minúscula de sinagogas. Na maioria das sinagogas ortodoxas as mulheres não podem nem mesmo tocar o Sefer Torá!

O Movimento Reformista também tem sido lento em enfatizar ritual e tefilá mais significativos. Eu penso que as instituições ortodoxas modernas e reformistas foram mais sábias e mais inteligentes em se reinventar, e agora está claro para todo mundo que o Movimento Conservador deve empreender algumas mudanças sérias no modo como se comunica com o público.

Uma das coisas, por exemplo, que nós vemos na estagnação do Movimento Conservador é que as instituições estiveram preocupadas com a inclusividade às custas de uma ideologia coerente. Como você pode ordenar rabinas e ainda pode patrocinar a existência de sinagogas conservadoras onde as mulheres não contam em um minián? Têm havido uma ênfase muito grande em ficar no caminho do meio, em contratar líderes que são sejam “polêmicos”, e em articular uma plataforma que está por todo lado.

Eu não sou nenhuma bandeira defensora dos movimentos. Mas eu sou realista, eu sei que o mundo judaico precisa de instituições que façam casamentos, ensinem, inspirem, e desafiem o povo judeu. Eu sinto fortemente que pelo menos algumas dessas instituições deveriam fazer isso inspiradas por uma ideologia de devoção séria à tradição, ao igualitarismo, à inclusividade e à integridade intelectual e acadêmica.

Se as instituições do Judaísmo Conservador deixassem de existir, confie em mim, nós seríamos movidos a reinventá-las. Portanto, por que não fazer isso com aquilo que temos?

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