Hagadá Lazman Hazé – Uma Hagadá para os nossos tempos
Em notícia publicada no jornal Yediot Acharonot sobre diversas novas hagadot publicadas em Israel, a nova hagadá dos rabinos do Judaísmo Progressista (Reformista) de Israel recebeu a nota mais alta: nota 9.
Trata-se de uma hagadá com texto tradicional completo nas páginas à direita, e do lado esquerdo, ao lado, textos complementares desde a tradição clássica, da Mishná, Midrashim, medievais, até textos modernos, do século 19 até autores contemporâneos. As ilustrações também foram pensadas com caráter pedagógico e, segundo seus autores, são midrashim gráficos, que ajudam a formar a vivência de Pessach.
O único comentário infeliz da articulista Meirav Cristal está no final: ao criticar que Miriam recebe um copo de água e não de vinho, como Eliahu, ela mostra desconhecer que Miriam tinha uma relação forte com a água no deserto. Ela era quem sabia onde havia água. Com sua morte, o povo passou a reclamar da falta de água.
Enfim, aí vai o artigo e a esperança que logo possamos ter esta hagadá traduzida para o português. Alguém se dispõe a investir nisso? Vamos lá!
Chag sameach,
Uri
Uma Hagadá para os Nossos Tempos
Meirav Kristal (Yediot Achronot)
Tradução: Uri Lam
Se a sua alma ansiava por oferecer uma taça festiva de vinho não apenas para Eliahu, mas também para Miriam, a Hagadá Reformista, que destaca as figuras não apenas de Miriam mas de diversas outras figuras e produções femininas, é a Hagadá para vocês.
Ao lado do texto tradicional completo da Hagadá, presente de forma que pode se dizer “não tocamos nele”, os rabinos do movimento reformista, professor Yehoyadá (Yoki) Amir, Yehoram Mazor, Dra Dalia Marxs e Alona Lisitsa,(obs:meus professores de estudos rabínicos no Hebrew Union College - HUC - de Jerusalém) que prepararam esta hagadá tão rica e extensa, pesquisaram e coletaram a relação das mulheres com as fontes tradicionais, e este é o motivo pelo qual são apresentados na Hagadá não apenas os quatro filhos, mas também as quatro filhas. Ainda na seção de "Mussaf" (acréscimos), há orações alternativas, midrashim e textos contemporâneos.
E se vocês pensam que esta hagadá foi projetada por uma minoria feminina e com aspecto apenas feminino – pensem de novo. Um dos costumes mais antigos são as iluminuras que acompanham todas as páginas da hagadá. Os reformistas vêm e colocam um fim no nosso sofrimento: no espírito da festa antiga descrita na Mishná, no tratado Pessachim, nossos sábios são favoráveis a comer matsá e maror no início do seder.
Os autores da “Hagadá Lazman Hazé” não se detêm em manter a tradição ao lado da renovação. Eles enfatizam o sentido comunitário de Chag Hapessach: a solidariedade social, que nos transforma em filhos da liberdade de fato.
E nesta hagadá não se esquece nem mesmo da relação entre a escravidão e a memória da Shoá (Holocausto), e de outra conexão ainda mais aguardada do “anseio pela redenção entre a luta pela igualdade, liberdade e justiça social e a criação do Estado de Israel”, conforme escrito na própria hagadá.
Vê-se porém que, na busca de libertar as mulheres, também eles ficam ainda presos às amarras da tradição, uma vez que o copo deixado para a profetisa Miriam não é preenchido com vinho, mas com água. Álcool é apenas para os profetas.
Preço da Hagadá Lazman Hazé (em Israel): 40 shekels, algo como R$ 22,00.
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