Mikets
No Shabat os pais costumam abençoar seus filhos com a seguinte expressão: “Que Deus te faça como Efraim e Menashe.” Mas quem foram estes, que servem de inspiração para o modo como hoje abençoamos nossos filhos?
Na parashá desta semana conhecemos um pouco sobre a família que José constituiu no Egito. Após decifrar os sonhos do Faraó e se tornar o segundo homem mais poderoso, o rei egípcio deu a José o nome de Tsafnat Panêach e a jovem Osnat, filha de Poti Féra, por esposa. Entre os 30 e os 37 anos, José teve dois filhos com Osnat: Menashe e Efraim.
A questão dos nomes deu trabalho aos comentaristas. Rashi via no nome dado a José uma indicação de que ele vinha do norte (Tsafon) do Egito, ou seja, da Terra de Israel. Em Kéter Ionatan, Tsafnat Panêach ganha a conotação de “o homem que explicitou o que estava oculto”, em referência ao decifrador de sonhos. Uma das teorias mais curiosas era que José, para poder assumir um cargo de tamanho poder, deveria se casar com uma egípcia e ambos deveriam ser da mesma religião. Assim, há quem diga que José teria se convertido à religião do Egito e recebido assim um nome egípcio (Tsafnat Panêach) para se casar com Osnat. O próprio comentarista (em Toldot Itschac) que levanta esta possibilidade a rechaça como impensável. Mas não me parece particularmente absurda: após sofrer tanto nas mãos de seus irmãos israelitas e receber tantas honras e poder no Egito, a possibilidade de se unir a eles soa bastante plausível, aliás.
Mas digamos que não foi isso o que ocorreu. Quais são as outras opções? Alguns comentaristas opinam que Osnat, na verdade, era filha de Shechem com Diná, irmã de José! A jovem teria sido criada pela esposa do Potifar (Poti Féra, “pai” de Osnat). Neste caso, José teria se casado com sua sobrinha. O Faraó, vejam só, foi tão bom com José que não só não o obrigou a se converter como ainda encontrou para ele uma ídishe meidale! Em outras palavras: às vezes encontramos a nossa companheira de vida em braços não tão usuais, mas não menos judaicos.
No fim das contas, durante os anos de fartura Osnat e José tiveram dois filhos. O primeiro foi Menashe, “pois Deus me fez esquecer de todo o meu sofrimento e da casa dos meus pais” (Gênesis 41:51). Depois veio Efraim, “pois Deus me fez frutificar na terra da minha aflição” (41:52). Menashe é uma bênção, pois fecha um ciclo de sofrimentos do passado. Mas Menashe ainda carrega algo não resolvido – a mágoa com a própria família. Efraim é uma bênção que aponta para o futuro: seu nascimento faz José recordar-se dos seus, primeiro passo para a reconciliação com os irmãos – o que de fato viria ocorrer alguns anos depois.
Que neste período de festas e renovação, nossos filhos sejam como Menashe e Efraim (não necessariamente nesta ordem), ajudando-nos a curar as feridas do passado e a recuperarmos a esperança no futuro.
Shabat Shalom, Chag Sameach, Chódesh Tov e... Feliz 2009!
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