terça-feira, 16 de agosto de 2011


Parashá da Semana: Ékev
E agora Israel, o que o Eterno, teu Deus, espera de você?
Uri Lam - originalmente para o folheto "Congregar" da CIP

Há quem diga que “se” é uma palavra que não existe. Ou as coisas são de um jeito ou de outro. Se fosse... mas não é. O “se” constrói um universo paralelo no qual, se assim fosse, o mundo seria perfeito, as pessoas se respeitariam e se amariam e o único trabalho de Deus seria contemplar a Sua bela obra coletiva de criação. O perdão seria uma prática inexistente, pois não haveria o que perdoar. O Iom Kipur não existiria, pois não haveria transgressões pelas quais pagar nem erros a se reconhecer.
Se todos cumprissem as leis e estatutos divinos, metade do nosso vocabulário jamais teria existido. Viveríamos em um mundo em que somente o bem prevaleceria, sem a contraposição do mal. Não haveria guerras nem mal-entendidos. As pessoas não falariam mal das outras por trás, filhos e pais sempre se respeitariam, casais viveriam em harmonia e sem crises conjugais. Se apenas cumpríssemos todas aquelas leis...
Conta um midrash que no início, quando Deus entregou os Dez Mandamentos a Moisés e o povo de Israel afirmou “Naassê venishmá”, “Faremos e ouviremos”, Deus acreditou em nós. No entanto, não demorou muito para que o Todo Poderoso percebesse as dificuldades daquela gente insubordinável, nas palavras Dele mesmo. O Eterno então baixou as expectativas e passou a exigir somente que cumpríssemos pelo menos a segunda parte do acordo: “Ouviremos”.
E agora, Israel, o que o Eterno teu Deus espera de nós - agora que Ele sabe que somos incapazes de cumprir tudo o que prometemos? Deus parece esperar que sejamos capazes de pelo menos escutar o que Ele tem a dizer e tentar seguir por Seus caminhos, amar e respeitar as Suas criaturas e valores, “e servir ao Eterno de todo coração e com toda a alma” (Deut. 10:12). Diferente do que nos foi ordenado no Shemá – amar a Deus de todo coração, com toda a alma e com todas as forças – agora se pede para servirmos a Deus (não necessariamente amá-Lo) de todo coração e com toda a alma, mas não com todas as forças ou posses. Por um lado Deus não espera mais que sejamos perfeitos, mas por outro passa a exigir que cada um confesse seus erros, peça perdão aos seus semelhantes e a Ele mesmo, e busque ser uma pessoa melhor a cada dia e a cada ano.
Na semana passada lemos o primeiro parágrafo do Shemá e nesta lemos o segundo parágrafo. O “plano A” de Deus era que o amássemos de todo coração, com toda a alma e com todas as forças. O “plano B” é nos dar a opção: se O escutarmos de todo coração e com toda a alma, teremos vida longa sobre a terra. Se não... temos ainda a oportunidade do arrependimento e do perdão. E agora Israel?