sexta-feira, 11 de setembro de 2009

comentário da Parashá

(folheto Congregar - CIP)

Nitsavim/ Vaielech

11/12 de Setembro de 2009/ 23 de Elul de 5769

Uri Lam


Em mais uma semana o ano 5769 chegará ao fim e entraremos em 5770, quando mais uma vez aumentará o número de judeus que virão às sinagogas para se colocarem diante de Deus. Não importa qual a origem, a condição social ou econômica, o sexo ou a idade. Todos devem estar juntos e unidos a fim de entrarem novamente para a Aliança entre Deus e Israel. Quando no mundo espiritual Deus abrir os portais do céu e nos apresentar as páginas do Livro da Vida, aqui na Terra a responsabilidade e o compromisso de entrar ou sair caberá a cada um de nós. Uma leitura alternativa pode ser entendermos que estamos falando do “Livro da Vida Judaica”.

Vamos admitir que ninguém é naturalmente judeu. A condição judaica não é dada como certa. De alguma maneira, em algum momento da vida, cada um de nós entra e sai, se afasta e se aproxima do pacto milenar. É necessário sempre afirmar a opção por ser judeu. Esta não é apenas uma experiência individual, mas sim coletiva. Não é possível ser judeu sozinho. Não é possível haver um serviço religioso público com menos de dez judeus. Não é possível ter um lar judaico em que apenas um dos membros seja judeu. Não é possível ser judeu sem viver com outros judeus.

Assim inicia, palavra por palavra, a parashá Nitsavim: “Vocês, em posição de sentido, hoje, todos vocês, estão diante do Eterno, o Deus de vocês.” Para que fique mais explícito, a Torá enfatiza que “vocês” se refere a “todos vocês”, todos nós do povo de Israel, sem distinção alguma. Quando na semana que vem nos encontrarmos com gente que não vemos há pelo menos um ano, devemos ter consciência de que estaremos abrindo as portas para que nós mesmos, nossos filhos e netos, primos e sobrinhos, amigos e filhos dos nossos amigos entrem pelos portais da Aliança entre Deus e Israel.

Há um velho ditado ídishe, imortalizado por Scholem Aleichem, que diz: Shver tsu zayn a yid, É difícil ser judeu! É difícil ser judeu diante das ameaças do antisemitismo e do proselitismo religioso missionário. É difícil ser judeu diante das ameaças do fundamentalismo religioso e da assimilação. É difícil ser judeu quando se vive longe de uma comunidade judaica. É difícil ser judeu quando se deseja desfrutar das coisas boas mas não se assume os compromissos e os deveres de ser judeu.

Mas sejamos otimistas. Para o judeu que realmente quer viver como judeu as coisas podem estar mais acessíveis do que se imagina: “o que é oculto pertence a Deus, mas o que está revelado pertence a nós e aos nossos descendentes” (Deuteronômio 29:28). Deus não diz que é preciso buscar uma condição ideal, angelical nem celestial para ser judeu. Ele deixa bem claro que as condições estão dadas no mundo, no nosso dia a dia. Nós podemos encontrá-las nas relações entre as pessoas, nos livros, nas sinagogas e comunidades, até mesmo na internet. Depende somente de cada judeu dar o passo para inscrever a sua própria história nas páginas do Livro da Vida Judaica.

Fazer parte deste livro exige comprometimento: presença, participação na vida comunitária, estudo, doação de tempo e de trabalho voluntário, boa vontade, amor ao próximo. Esta decisão é individual e ao mesmo tempo pública: “Tomo hoje os céus e a terra por testemunhas”, lemos na Torá.

A cada ano Deus nos convoca a novamente fazer parte da Aliança milenar entre Ele e o povo de Israel. Deus, que não é neutro nem imparcial, diz claramente o que espera de nós: “Escolha pela vida!” E podemos escutar Deus soprando em nossos ouvidos: “Escolha pela vida judaica!” Se fizermos o que Deus espera de nós, seremos dignos de continuarmos conhecidos como o Povo do Livro, o Povo do Livro da Vida Judaica.

Shabat Shalom, Shaná Tová, Feliz 5770